quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A parábola do juiz iníquo e da viúva persistente

E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer,
Dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava o homem.
Havia também, naquela mesma cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário.
E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,
Todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me importune muito.
E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz.
E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?
Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?
Lucas 18:1-8
Gostaria que vocês notassem, logo de início, as primeiras palavras da parábola. Exatamente! Elas já trazem a lição para ser aprendida. Mas por que Lucas decidiu mostrar a lição da parábola antes mesmo de contá-la? Eu acredito por causa do perigo que há de interpretarmos ela de outra forma.

Perigo? Sim, veja a tendência que eu tinha ao ler essa parábola, tendência que talvez você ou alguma outra pessoa possa sentir também. Acompanhem raciocínio abaixo:

Se o juiz iníquo atendeu o pedido da mulher por lhe importunar, então, com Deus, que é justo e sabe todas as coisas, não precisamos ficar amolando-o a todo momento para nos responder, não é mesmo?
Caso você tenha visto lógica no pensamento acima, saiba que você está certo. Existe lógica. Mas não é isso que Jesus quer ensinar. Veja que o que ele quer ensinar é que devemos orar sempre, sem nunca esmorecer, desistir, desfalecer, etc.

É claro que Deus não gosta de repetições (Mateus 6:7), mas ele almeja que você sempre abra seu coração a Ele (Salmos 62:8) e que ore sem cessar (I Tessalonicenses 5:17). As repetições que ele não quer ouvir são as palavras sem significado que nós proferimos, por mais belas que elas pareçam.

A verdadeira lição que Jesus queria nos ensinar é de que nós devemos insistir na oração sempre, por mais que pareça que Deus se atrase em responder ou não se importa, o que não é verdade. Ele faz tudo no tempo certo, no momento mais propício para o bem maior. A lógica correta da parábola então seria:

Se eu insisto em clamar a um juiz mau, que me maltrata, desdenha de meu caso e me faz sempre me sentir mal em sua presença, então como não terei prazer em clamar a um juiz bom, que sempre me ouve, e me ama, me faz bem, traz-me paz e consolo, além de insistir para que eu o procure?

Sempre orar, sem nunca esmorecer. Abra sempre seu coração a Deus e diga todas as suas alegrias e frustrações a Ele. Você não pode cansar Seus ouvidos.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

[Dn 9] Conclusões

O estudo que vocês acompanharam foi da profecia mais espetacular de todos os tempos. Sua precisão é incrível, fácil de entender e historicamente comprovada. Mas há grandiosas lições que não podem passar em branco em Daniel 9.

Daniel fora um homem diferente. Apesar de ver seu povo perder a autonomia em sua terra natal, ser levado cativo e feito servo do homem mais poderoso daquele lugar, ele não ficou contra Deus. Pelo contrário, se apegou ainda mais a Ele.

Poderia ter se lastimado por si próprio, mas estava preocupado com seu povo. Poderia ter se colocado como inocente perante Deus, mas assumiu sua culpa e a de todo o povo. Fora humilde, tanto para com o rei quanto para com Deus. Sua oração é um exemplo de amor para com Deus e com o próximo.

A resposta do anjo também não pode ser ignorada. O anjo revelou algo que talvez Daniel pudesse ter desconfiado em algum momento de sofrimento: que Deus o ama, e muito. Deus enviou Gabriel para mostrar que sua oração seria atendida, e que seu povo continuaria sendo único para com ele por mais cinco séculos.

Mas, e depois disto? Deus mostrou que viria muitos sofrimentos para o povo de Daniel, mas também mostrou que no fim deste tempo viria o prometido messias, o qual daria cabo dos pecados.

Infelizmente, muitos de nós pensam que esta profecia está mostrando que os judeus teriam seu tempo para se acertar com Deus e depois teriam sua eleição expirada. Muitos vêem como se Deus estivesse rejeitando os judeus, mas Paulo mostra uma visão diferente sobre o que aconteceu depois da cruz:
Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.
Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra Israel, dizendo:
Senhor, mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma?
Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal.
Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça.
Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.
Pois quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos. [...]
E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira,
Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.
Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado.
Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme.
Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também.
Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado.
E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar.
Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!
Romanos 11:1-7, 17-24
Paulo deixa claro que nenhum judeu fora rejeitado, mas os desobedientes foram rejeitados. Mas Deus sempre deixou um resto. Um povo que manteve seu nome. Deste resto, nós, gentios, que cremos em Cristo fomos enxertados. Ou seja, a eleição de Israel ainda continua, só que agora todo o mundo pode fazer parte dela.

Deus não diminuiu o status dos judeus, mas sim elevou os demais a seu status. Deus acrescentou a seu povo "todo aquele que crê" (João 3:16).

Uma coisa tem que ficar clara para todos, os patriarcas marcaram a história do mundo para sempre. Sua vida nos toca até hoje e sua tradição veio a ser preservada e chegou até nós pelo resto de Deus, sendo o nome mais notório deste resto nas escrituras o dos judeus, principalmente no Novo Testamento.

Resumo e links:

A profecia mais impressionante de todos os tempos

A oração de Daniel

Gabriel

A Profecia: Parte 1, Parte 2, Parte 3, Parte 4, Parte 5 e Parte 6.

Você pode ver tudo também no marcador Daniel 9.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

God on Trial [O julgamento de Deus]

God on Trial é um filme da BBC que dá vida a uma lenda sobre um julgamento feito por prisioneiros judeus em Auschwitz.

Ótimo filme, com argumentos incríveis e conclusão espantosa. Deus é posto no banco dos réus pelos prisioneiros acusado de ter abandonado a aliança com seu povo. No fim, ele é condenado culpado. Veja mais aqui (em inglês) e aqui caso queira ver traduzido.

A angústia do momento é real. Os argumentos são pesados. A visão da Bíblia dura e seca. A esperança e bondade dos remanescentes clara. A vontade de se agarrar a Deus, mesmo não o compreendendo é firme. O ódio voltado para um Deus que se cala é fervente. Há muitas provocações para com Deus para ver se Ele se manifesta. No fim todos os condenados a câmara de gás oram.

Apesar de não me acrescentar nada de novo, este filme é muito bom, apesar de pesado. Nele é debatido diversos argumentos tanto em defesa quanto em ataque a Deus. Mas o que me veio a escrever esta postagem, além de deixar o conselho do filme (é um filme feito para TV), foi comentar sobre a importância da Doutrina correta para o nosso ser.

Quantos de nós não nos importamos com a verdade a respeito do universo que a Bíblia tenta nos apresentar. Quantos não pensam sobre as complexidades da vida antes de que elas venham. Quantos desconhecemos a morte, a dor, as injustiças até que elas nos batam na cara. Vemos um mundo mágico e irreal, até que o verdadeiro mundo nos encare.

Não refletimos sobre a vida, as justiças. Só repetimos discursos, frases feitas e desconexas que trazem um conforto temporário mas não uma verdadeira esperança.

Apossar-se da verdadeira doutrina bíblica é aprofundar-se nela como um todo. Não em um ou dois versos, mas vê-la em toda sua complexidade, ou entre sua aparentes contradições.

Por exemplo, a questão do papel de Deus para no universo estava confusa entre os prisioneiros. A morte era tão temida como fim da existência que os argumentos contra Deus eram baseados no fato de crianças morrerem. Crianças sempre morrem. Seja meus, seus, ou de nossos inimigos. Seja por doença, falta de zelo ou maldade.

O argumento mais forte e definitivo contra Deus fora a respeito de sua crueldade. Crueldade nos castigos e mortes que Ele provocara. Definiram Deus como poderoso, mas mal. Elevaram nosso patamar e rebaixaram Deus como um Deus mal e cruel.

Claro que não pretendo rebater todos os argumentos do filme neste post. Acredito que só paulatinamente uma pessoa pode conseguir ter satisfeitas as perguntas mais duras tiradas daquelas almas sofridas. Aqui gostaria só de mostrar quão importante é para nosso viver a sã doutrina, pois essa nos dá esperança. Nos dá firmeza e leva amparo.

Gostaria de concluir refletindo sobre o final. Mesmo os mais rebeldes no julgamento oraram no caminho da câmara. Muitos se enstristeceram com o resultado do julgamento. Todos ficaram sem argumentos para defenderem a Deus. Mas via-se em seus rostos que não lhes agradara a condenação. Que mesmo não entendendo Deus, eles ainda precisavam dEle.

Nós somos assim. E é o Espírito Santo que continua apelando aos nossos corações, mesmo que a mente não consiga defender a Deus. Afinal, O Espírito Santo é muito mais poderoso que qualquer raciocínio humano.

Em suma: apelo a cada um que persista no estudo da Bíblia e indague a Deus a respeito de cada dúvida, cada questão que você tiver, e siga as palavras que o bom Espírito lhe por no coração.