segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Imparcialidade testemunhando a favor da Bíblia

"A Inspiração registra fielmente as faltas de homens bons, daqueles que se distinguiram pelo favor de Deus; efetivamente, suas faltas são apresentadas de modo mais completo do que as virtudes. Isto tem sido objeto para a admiração de muitos e tem dado aos incrédulos ocasião para escarnecerem da Bíblia. É, porém, uma das mais fortes provas da verdade das Escrituras, não serem os fatos explicados de maneira que os favoreça, nem suprimidos os pecados de seus principais personagens. A mente dos homens é tão sujeita ao preconceito que não é possível serem as histórias humanas absolutamente imparciais. Houvesse a Bíblia sido escrita por pessoas não inspiradas, e teria sem dúvida apresentado o caráter de seus homens honrados sob uma luz mais lisonjeira. Mas, assim como é, temos um registro exato de suas experiências."

WHITE, E. G. Patriarcas e Profetas. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2003, p. 238.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ressurreição

Infelizmente há muita má compreensão a respeito da doutrina que nos traz a maior esperança que temos: a ressureição. Claro que as distorções são  muitas vezes causadas por um desejo de conforto em relação a pontos de vista pré-concebidos e uma esperança a muito aguardada. Mas acredito que a esperança bíblica é mais saudável para nossos corações.

A ressurreição é confundida por muitos com a reencarnação ou até mesmo com uma vida num corpo fantasmagórico. Mas vamos a exegese bíblica para entendermos melhor o que ela diz sobre o assunto. Sua polêmica não é atual, mas remete aos tempos de Jesus. Os saduceus, por exemplo, não criam na doutrina da ressurreição. Jesus teve que mostrá-los que ela era confirmada nas escrituras (veja mais aqui). Muitos ouvintes de Paulo não quiseram mais ouví-lo quando ele começou a falar na ressurreição de Cristo. Na igreja de Coríntios tinha uma grupo que não acreditava na ressurreição (1 Coríntios 15). Ou seja, a incredulidade e distorções dadas a essa doutrina não são de hoje, mas milenares.

A palavra ressureição vem do latim ressurectio que é o ato de ressurgir, voltar à vida, reanimar-se. Está foi a palavra latina escolhida para traduzir o grego anástasis e égersis, que significa levantar, erguer, surgir, sair de um local ou situação para outro (Dicionário da Bíblia de John D. Davis). Já está é a palavra usada para o termo hebraico heaiah (ou hechaiah), voltar a viver ou voltar dos mortos. (2 Reis 8:1 e 5, Isaías 26:19, Oséias 6:2). Também temos o verbo hebraico heqi ou heqits (Isaías 26:14; Daniel 12:2, Oséias 6:2), acordar, levantar-se.

Se o estudo semântico da palavra ainda não deixou claro sua significação, o estudo do contexto bíblico o fará.

Tanto Eliseu quanto Elias foram utilizados para Deus reviver a vida de crianças mortas (1 Reis 17:17-24 e 2 Reis 4:8-37; 5:1-5). Num caso um morto tocou nos ossos de Eliseu e voltou a viver instantaneamente (2 Reis 13:21). Já os textos de Isaías 26:14 e 19, Daniel 12:2 e Oséias 6:2 mostram claramente que há uma esperança de os mortos ressurgirem.

No Novo Testamento esta esperança fica ainda mais clara. Graças a Jesus, ela ficou ainda mais esclarecida. Em sua discussão com os fariseus e saduceus (veja aqui), Ele confirma que os justos viverão. Paulo também diz que sem a ressurreição nossa esperança é vã (1 Coríntios 15:11-20).

Fora a confirmação doutrinária, o próprio Cristo e outros apóstolos realizaram ressurreições. Há mais que cem citações sobre ressurreição no Novo Testamento. E das várias ressurreições, duas eu gostaria de me ater em especial: de Lázaro e de Jesus.

Lázaro não só claramente morreu (João 11:14) como ficou morto e enterrado em seu sepulcro por 4 dias, indo além da crença de que só se podia ressuscitar uma pessoa até em 3 dias. O poder manifesto em Jesus neste momento foi tão impressionante que tocou todos os presentes e os que ouviram falar do ocorrido de tal forma ou decidiram coroá-lo rei ou matá-lo (João 11:45-48).

Já a ressurreição de Jesus deixa ainda mais claro o que é ressuscitar. O ressurreto em um corpo físico que pode ser tocado e alimentado (Lucas 24:39-43; João 20:27). E como ele foi ressurreto, nós também o seremos, pois em sua ressurreição nós nos tornamos merecedores da nossa (1 Coríntios 6:14, 15:23).

E isso não acaba aqui. Haverá duas ressurreições (João 5:28 e 29; Atos 24:15). Os justos ressuscitarão no retorno de Cristo (1 Coríntios 15:23; 1 Tessalonicenses 4:16; Apocalipse 20:6). Já os ímpios só reviveram depois de Satanás ficar aprisionado por mil anos, sendo este o mesmo período que os santos viverão com seus corpos imortais no Céu (Apocalipse 20:1-5; I Coríntios 15:42).

Em suma: ressuscitar é voltar a viver. E viver literalmente, respirando, com corpo físico e se alimentando. Que nossas mentes possam se desanuviar das doutrinas errôneas existentes por aí.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O cristão pode comer de tudo?

Na Bíblia Hebraica, Deus deixou para seu povo um regime dietético próprio para eles seguirem. Atualmente, os cristãos acreditam que este regime durou só até Jesus. Eles utilizam textos como esse para justificarem sua alimentação liberal:
E ele disse-lhes: Assim também vós estais sem entendimento? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar,
Porque não entra no seu coração, mas no ventre, e é lançado fora, ficando puras todas as comidas?
E dizia: O que sai do homem isso contamina o homem.

Marcos 7:18-20
O texto do verso 19 na Nova Tradução da Linguagem de Hoje (NTLH), Almeida Revista e Atualizada (ARA) e Nova Versão Internacional acrescentam algo similar a "Com isso Jesus quis dizer que todos os tipos de alimento podem ser comidos" [NTLH]. Já a Bíblia de Jerusalém traz em sua nota h) da página 1769:
h) Lit.: "purificando todos os alimentos"; parte de frase obscura (talvez glosa) e interpretada de diferentes maneiras.
Mesmo se não for glosa, o erro de interpretação desse texto está no fato de considerar tudo alimento. Será que entraria nisso as drogas, os venenos? Animais que claramente fazem mal a saúde? Plantas indigestas para nosso organismo?

Mas não gostaria de responder a interpretação que o cristão pode comer de tudo agora simplesmente com linhas argumentativas, mas diretamente com a exegese bíblica sobre o assunto.

Desde a criação Deus deixou claro o que seria de alimento tanto para o ser humano quanto para o animal:
E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, servos-á para mantimento.
E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi.

Gênesis 1:29 e 30
Depois do pecado, Deus abrangiu o que seria alimento para a erva do campo como um castigo da desobediência (Gênesis 3:18 e 19). Depois da primeira destruição da Terra no dilúvio, Deus permitiu ao homem comer dos animais da terra (Gênesis 9:3 e 4) mas note que antes de permitir isto, ele já tinha declarado quais animais eram limpos e imundos (Gênesis 7:2 e 3).

Em Levítico 11 ele deixa clara as regras para saber qual animal iria ser alimento ou não:
Fala aos filhos de Israel, dizendo: Estes são os animais, que comereis dentre todos os animais que há sobre a terra.
Levítico 11:2
 O que quero que você veja nos textos acima, que Deus não considera tudo como alimento. Veja que ele deixa claro o que é alimento e o que não é. Pensando nisto, fica fácil entender que não devemos aumentar a lista de permissão, sem ele mesmo não o ter feito.

As carnes proibidas não são alimento. Drogas não são alimento. Muito menos veneno, ou capim, ou qualquer outra coisa que não seja digerível por nosso organismo. No texto de Marcos, Jesus deixa claro que é para se preocupar menos com a questão do lavar ou não as mãos ao ingerir os alimentos (veja que são alimentos, e não qualquer coisa) e se importar mais com o reino de Deus.

Outro texto utilizado nessa discussão é o da visão de Pedro sobre os animais impuros, os quais, na visão, são purificados por Deus e se é ordenado que se coma (Atos 10). Pedro ficou tão abismado com a visão (ou seja, não deveria ficar se Jesus já os havia purificado em Marcos 7:19, não é?) que fora necessário repetir-se 3 vezes a visão, tendo sempre o mesmo resultado em seu ser. Mas ao chegar na casa de Cornélio ele descobriu a mensagem de Deus. O verso 28 do mesmo capítulo mostra claramente que não se está falando de alimentos, mas sim de homens que Deus não considerava imundo, como os judeus os consideravam.

Outro texto mal interpretado sobre o assunto é o de I Coríntios 14, onde muitos cristãos atuais acusam os vegetarianos de serem fracos. Na verdade, Paulo estava tentando desfazer brigas que eram causadas possivelmente pela discussão de Daniel 1, onde se declara que Daniel e seus amigos se absteram das iguarias babilônicas e comeram legumes, se tornando mais saudáveis dos que não fizeram tal regime. Paulo queria que eles simplesmente não brigassem por isso, valorizando uns aos outros por estarem fazendo seja o que for para honra e glória de Deus.

Infelizmente, esta permissividade pregada em nossos púlpitos acaba levando-nos a ter uma vida não tão saudável quanto Deus gostaria. Sei que depois de nos acostumarmos com um regime é difícil gostarmos dos alimentos deixados por Deus. Mas sei que ao nos esforçarmos para seguirmos as orientações divinas, Deus transformará gradativamente nosso paladar para as coisas que realmente fazem bem.

Isto é tanto verdade que até os animais teram seus hábitos alimentares restaurados em semelhança a criação, voltando ao seu alimento original (Isaías 11:6 e 7).

Línguas estranhas

O dom de línguas foi o primeiro Dom manifesto na descida do Espírito Santo prometida por Jesus (Atos 2). Os gentios que estavam na casa do centurião Cornélio receberam o dom também, sem nem terem sido batizados ainda (Atos 10:44-48). Ao impor a mão sobre 12 homens judeus em Éfeso, Paulo auxiliou-os a receber de Deus o dom de línguas e profecia.

Esses textos isolados são usados para mostrar que o poder do Espírito Santo é manifesto pelo dom de línguas, e os que não o recebem não receberam o que muitos chamam de "o batismo do Espírito Santo". Mas o próprio texto que introduz o dom de línguas também mostra o que ele é efetivamente:
E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente reunidos no mesmo lugar;
E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.
E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando?
Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?

Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,
E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
11 Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.
12 E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?
13 E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.

Atos 2:1-13
Acho que fica esclarecido com estes destaques no texto que o dom de línguas é falar em línguas não conhecidas pelas pessoas que os estão falando. Paulo também confirma isto em I Coríntios 14:10-11. É como se eu, que não tenho a mínima noção de como se falar chinês ou mandarim começasse a falar normalmente essa língua, sem nunca ter me instruído a respeito. Este é o dom de língua e, sim, ele é de concepção sobrenatural.

Como este dom ganhou esta conotação de ser uma prova de ter o Espírito Santo, além de assombrar grandemente os espectadores (Veja logo acima Atos 2:12 e 13), muitas pessoas procuram mimetizar este dom. Este problema não é só atual, mas também existia na época de Paulo.

I Coríntios 12 à 14 é uma resposta a Paulo exatamente a este problema na igreja de Corinto. Paulo inicialmente tentou mostrar que o Espírito Santo não tem só um dom, e que ele não dá o mesmo dom a todos (capítulo 12). Comparou como um corpo que precisa de todas as suas partes para funcionar em sua plenitude.

Já no capítulo 13 ele mostrou o dom soberano do Espírito: o amor. Já no 14, ele chega ao seus fins mostrando o problema da igreja de corinto: a utilização feita pelo dom de línguas. Ele deu toda esta volta para mostrá-los que este dom estava sendo mal compreendido.

No capítulo 13 ele cita a língua dos anjos, para mostrar que ela não tem valor nenhum se a pessoa que a utiliza não tiver amor. É uma hipérbole para mostrar que o dom de línguas, sejam elas terrestres ou celestiais, não tem nenhum sentido se não forem movidos pelo amor. E o que Paulo vem trazendo no 14? O dom de línguas é para edificação própria, e não da igreja (verso 4).

Isso até poderia não ter grande importância, pois crescer é bom, não é? Este capítulo veio logo após o capítulo do amor mais sublime, aquele amor que só pensa no outro, e não em si (I Coríntios 13:4-7). No fim Paulo dispara:
Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos.
Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida.
[...]
E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete.
Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus.

I Coríntios 14: 18, 19, 27, 28

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Por que Jesus teve que morrer na cruz?

Se me perguntassem sobre o que a Bíblia trata eu responderia que ela trata de reconciliação e perdão. Estas são as chaves do amor incondicional de Deus. São por estes ensinos que os cristãos são inspirados e até cobrados ao redor de todo o mundo.

Aprendemos que o perdão é deixar para traz as ofensas que foram cometidas contra nós, tendo como próprio exemplo nosso Deus que lança nas profundezas do mar os nossos pecados (Miquéias 7:19).

Sabemos também que o processo interior da conversão é reconhecer seu pecado, arrepender-se e mudar de vida (Jeremias 3:13; Oséias 5:15; Atos 3:19; 8:22; II Coríntios 7:11). Se este é o necessário, por que foi necessária a cruz? Por que Jesus teria que ter passado pela morte? Deus não poderia ter mudado a lei? Salvado a raça caída sem usar seu amado filho? Não poderia ter sido tudo mais fácil?

Com certeza estas perguntas são instigantes, aparentando serem até mesmo blasfemas. Mas acredito que elas sejam necessárias para entendermos melhor o porquê da cruz.

O relativismo moral não é algo criado depois da teoria da relatividade de Einstein, como alguns podem chegar a pensar. Ele já existia a muito tempo. O exemplo mais claro que me vem a mente é o de Pilatos com sua famosa pergunta "que é a verdade?" (João 18:38).

Até hoje lembro-me das dificuldades que tive para explicar os problemas causados por um certo tipo de comportamento para um adolescente, tentando mostrar pacientemente a ele todas as dores e dificuldades que seu comportamento causaria. Sua resposta para mim foi um simples "e daí?". Um erro que era tão claro para mim não era visto como erro para ele. Simplesmente não o incomodava machucar outras pessoas. Talvez ele pensasse que simplesmente fazia parte da vida, e não valia a pena nenhum esforço para mudar esta situação.

E a lei existe exatamente para isto. Para proteger-nos da dor, pois ela nos diz o que é errado e o que é certo. Mas nem todos compreenderão ou se importaram com essa proteção. Isto não faz com que a lei seja má, mas faz com que os que não se importam com ela continuem a se machucar e machucar a outros.

Mas todos nós erramos (Romanos 3:9-20). Beleza, nós reconhecemos isto e paramos de errar, certo? Quem dera fosse tão simples. Nossos processos mentais sempre vão em busca de desculpas para voltarmos a cometermos erros, principalmente os que mais gostamos. Fora que em pouco tempo esqueceríamos por completo a importância daquela lei que nos mantinha fazendo o que é certo, pois não visualizaríamos a importância dessa lei.

E para nós é importante visualizar, pois é a contemplação que nos transforma (Números 21:8; João 3:14; II Coríntios 3:18), pois não lemos os corações. Ver pessoas que cometeram os mesmos pecados terem condenações diferentes mostraria a todos que seja lá qual for o critério adotado para salvar uns e condenar outros a lei não importa, pois a condenação não chegou a eles apesar deles terem quebrado-a por inteiro.

Se a lei perder seu significado, obedecê-la também perderá. Se as pessoas não enxergarem as grotescas consequências do pecado ela nem perceberá que ele existe e está nos destruindo. Deus tinha que deixar clara as consequências da quebra de suas ordens. Por isso veio Jesus:
Se eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado, mas agora não têm desculpa do seu pecado.
João 15:22
Foi em Jesus que o pecado ficou claro. Ele morreu porque a lei é importante. Mostrou isso obedecendo-a (Mateus 5:17) e morrendo para mostrar que ela não é relativa. O pecado exige morte do pecador (Romanos 6:23; Hebreus 9:22). O perdão só pode ser concedido através da substituição, pois se não houver pagamento, a lei não importa. Poderíamos transgredí-la e continuar dizendo "não pega nada".

Este é o valor da lei: a morte do filho de Deus. Desta forma Jesus exalta a lei, mostrando sua real importância. E ele fez isso por nós. Ficou estendido na cruz para que todos vissem que o pecado existe e causa dor. Com a cruz, o relativismo morre.

O perdão e a reconciliação foram alcançados e chegam até nós gratuitamente, mas isto não foi barato para quem pagou a fiança (Deus).

Mas... ele tinha que sofrer tanto?

Bem, Jesus se entregou a morte (João 10:17 e 18), e Satanás aproveitou este momento para impugir o máximo de dor ao filho de Deus. Deus sabia disso, e mesmo assim não recuou.

Bendito seja o nome de Deus.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Oposição de católicos a infabilidade da Igreja quanto à Inquisição

"A "Santa" Inquisição na Espanha e em Portugal apoiou-se no mito que divulgou sobre sua própria infabilidade. Os teólogos e membros da Igreja católica que se opuseram à sua mensagem, a seus dogmas foram banidos da sociedade, mas os seus processos ficaram e nos servem como testemunhos. Um exemplo de coragem na defesa de ideias que diferiam das impostas pela Igreja foi a do brasileiro padre Manoel Lopes de Carvalho, nascido na Bahia e queimado pela Inquisição de Lisboa em 1726, aos 45 anos de idade. De certa forma podemos dizer que o Brasil teve nele o seu Giordano Bruno. Até o último momento antes de sua execução, o padre Lopes de Carvalho não colaborou com os inquisidores, que ardorosamente queriam convencê-lo de seus erros. E antes de ser queimado, depois de passar anos na prisão e sofrer a tortura nos cárceres do Santo Ofício, expressou nas suas últimas palavras, seu desengano com a Igreja católica: "Quando aqui entrei eu tinha dúvidas, hoje tenho certezas"."

NOVINSKY, Anita. A inquisição. São Paulo: Brasiliense, 2007
(coleção tudo é história; 49).

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Para haver harmonia entre o estudo da Bíblia e o estudo da natureza, não se pode ouvir apenas uma delas (Galileu)

"[...] Não é, pois, meu pensamento lançar mãos a uma empresa tão superior a minhas forças, se bem que não se deva também deixar de confiar a Benignidade divina às vezes se digne inspirar algum raio de sua imensa sabedoria em intelectos humildes e notadamente quando, ao menos, estão adornados de sincero e santo zelo. Além do que, quando se harmonizar passagens sagradas com doutrinas novas e nada comuns sobre a Natureza, é necessário ter inteiro conhecimento de tais doutrinas, não se podendo harmonizar duas cordas conjuntamente, ouvindo apenas uma delas. Se eu soubesse que poderia prometer alguma coisa da debilidade do meu engenho, me permitiria ousar dizer que encontro entre algumas passagens das Sagradas Letras e desta  constituição do mundo muitas harmonias que não me parece que sejam tão bem consonantes na filosofia comumente admitida."
Carta a Monsenhor Piero Dini IN: GALILEU Galilei. Ciência e fé: Cartas de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. São Paulo: Editora UNESP, 2009.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Pedro foi o primeiro papa?

Pedro é, sem dúvida, o discípulo que mais chama a atenção dos leitores dos evangelhos canônicos. Suas ações emotivas e impetuosas causaram tanto elogios quanto críticas dos lábios de nosso doce Mestre.

Mas para a maior igreja cristã do planeta Pedro foi muito mais que um líder cristão. Ele foi o maior líder cristão. O pontífice. O substituto do filho de Deus, conhecido mais pelo título supremo da hierarquia católica como papa.

Apesar de atualmente a igreja católica não depender da Bíblia para estabelecer seus dogmas, a crença num pontífice da igreja, abaixo apenas de Cristo, é inspirada em um verso bíblico. Isso, mesmo, um verso bíblico.
Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela;
E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.

Mateus 16:18
 Sim, sim. É desse verso que saiu o imaginário de São Pedro no portão do Céu aceitando ou recusando as pessoas de lá. Mas deixando isto de lado, é fácil de entender o porquê dos católicos dizem que Pedro foi o primeiro papa.

Veja que Pedro significa rocha/pedra em Grego, uma forma do aramaico cefas (João 1:42). Mas, será que Pedro seria a pedra fundamental da igreja cristã? Vejamos o que o restante da Bíblia tem a nos dizer:
Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina.
Efésios 2:20
Esse texto não só põe Jesus Cristo como a pedra principal mas iguala a função dos demais apóstolos e profetas como pedras de fundamento. Veja que o próprio Pedro declara que Cristo é a pedra viva e principal de esquina (I Pedro 2:6), mas mostra que não é somente ele que é considerado como pedra, mas todo o corpo de crentes são pedras vivas (v. 5) do edifício que é a igreja de Deus.

Até a declaração das ligações/uniões que fossem feitas na Terra seriam reconhecidas no Céu não são exclusivas para este discípulo (veja Mateus 18:18). Além de não ser exclusiva, não é uma declaração de autoridade, mas de responsabilidade. Se fizermos algo que desligue alguém da comunhão cristã, isto terá consequências eternas.

Apesar da clara liderança demonstrada por esse discípulo, Deus não dá nenhuma responsabilidade exclusiva para ele que não o passe para seus outros discípulos, incluindo os cristãos de hoje. A pedra principal é só uma, e os apóstolos e profetas, ou seja, a Bíblia, são nossos fundamentos para uma vida em Cristo. Este fundamento, juntamente com as demais pedras, que são os servos de Deus espalhados pelo mundo, formam a igreja de Deus aqui na Terra.

E se ainda resta alguma dúvida, medite nesta última declaração de Pedro que posto aqui, a qual foi feita num discurso inspirado que converteu cerca de 3.000 pessoas:
Ele [Jesus] é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.
E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.

Atos 4:11 e 12

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Duas verdades não podem se contradizer (Galileu)

"[...] a Sagrada Escritura não pode nunca mentir ou errar, mas serem os seus decretos de absoluta e inviolável verdade. Só teria acrescentado que, se bem a Escritura não pode errar, não menos poderia às vezes errar algum dos seus intérpretes e expositores, de vários modos. Entre estes, um seria muitíssimo grave e frequentemente; quando quisesse deter-se sempre no puro significado das palavras; porque, assim, apareceriam aí não apenas diversas contradições, mas graves heresias e mesmo blasfêmias. Posto que seria necessário dar a Deus pés, mãos e olhos e não menos afecções corporais e humanas como ira, de arrependimento, de ódio e mesmo, às vezes, de esquecimento das coisas passadas e de ignorância das futuras. Donde, assim como na Escritura encontram-se muitas proposições, as quais, quanto ao sentido nu das palavras, têm aparência diversa do verdadeiro, mas foram apresentadas deste modo para acomodar-se à incapacidade do vulgo, assim, para aqueles poucos que merecem ser separados da plebe, é necessário que os sábios expositores mostrem os sentidos verdadeiros e acrescentem-lhes as razões particulares por que foram proferidos sob tais palavras.
[...]
"Assentado isto e sendo ademais manifesto que duas verdades não podem nunca contradizer-se, é ofício dos sábios expositores afadigar-se para encontrar os sentidos verdadeiros das passagens sagradas concordantes com aquelas conclusões naturais, das quais, primeiro o sentido manifesto ou as demonstrações necessárias nos tiver tornado certos e seguros".

Carta a Dom Benedetto Castelli IN: GALILEU Galilei. Ciência e fé: Cartas de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. São Paulo: Editora UNESP, 2009, p. 18 e 20.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A morte de crianças

Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos.
I Samuel 15:3
 A morte de crianças sempre comove o coração humano. A própria Bíblia deixa claro isto ao mostrar que as crianças israelitas masculinas eram lançadas no rio para que sua população não crescesse mais (Êxodo 1:22). Ninguém se esquece do assassinato das crianças no nascimento de Jesus, ordenado por Herodes, para que o recém-nascido rei dos judeus fosse eliminado ainda bebê (Mateus 2:16).

Quantas mães não ficam com o coração apertado quando ouvem a declaração de Salomão "Dividi em duas partes o menino vivo; e dai metade a uma, e metade a outra"? Com certeza muitas. Quantos pais não ficam revoltados com a tolice de Jefté (Juízes 11:30-31 e 34-35) ao oferecer um sacrifício que Deus não exigia, sendo obrigado por sua consciência a sacrificar a própria filha? Quantas pessoas ainda não compreendem como Abraão pode entregar seu filho ao sacrifício (veja mais em Isaque)?

Apesar desses textos serem dolorosos e usados por muitos descrentes para desmerecerem a Palavra de Deus, todos são bem explicados ao se contextualizá-los.

Casos mais difíceis de se explicar são os extermínios divinos, aonde tanto adultos como crianças eram exterminados. Casos clássicos sobre isso são o do dilúvio e a destruição de Sodoma e Gomorra. Mas por que crianças inocentes eram destruídas juntamente com seus pais ímpios?

A Bíblia declara claramente que o justo não cairá na mesma condenação que o ímpio (Gênesis 18:23-33; Êxodo 23:7; Deuteronômio 24:16), todos morreram pelo seu próprio pecado. Mas teria uma criança de colo algum pecado? Infelizmente sim. Salmos 51:5, Davi declara que "Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe". Também vemos em Romanos 3:10 e 11 que "não há um justo, nem um sequer".

Nós nascemos pecadores. Nascer não nos torna dignos da eternidade. Mas Deus é conhecido como Deus da misericórdia, então, por que Ele não agiu misericordiosamente com essas crianças? A misericórdia é aplicada referente ao arrependimento. Mas que arrependimento uma criança pode ter? Claro que ela não tem a mesma noção de arrependimento que os adultos, mas ela pode aprender e aceitar o amor de Deus através do amor dos pais e desde o ventre.

Isto mesmo, o amor dos pais já ensina as crianças desde pequenas sobre o amor de Deus para conosco. Infelizmente, quando não há quem pregue este amor, ou seja, os pais só ensinam o mal, não há como a criança aprender sobre o amor de Deus, que é o maior mandamento que temos a obdecer:
Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?
Romanos 10:14
Desta forma, o destino dos filhos está vinculado com o dos pais assim como o da Terra estava vinculado com o do homem. É um vínculo genético e de ensinamento. Se os dois falharem, claramente a salvação estará longe da criança.

Para que Deus enviasse um castigo tão grande que tivesse que destruir o mundo, cidades e nações inteiras, incluindo crianças de colo e ainda em gestação, era porque a iniquidade no local atingira tais níveis que não haveria salvação nem para essas crianças.
E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.
Gênesis 6:5
A verdade é que este julgamento só pertence a Deus, e eu creio em sua justiça. Tais aplicações só pertencem a Ele, o qual sabe o fim desde o início. Repito, só a Ele. Veja o texto abaixo:
Tu, pois, levanta-te, e vai para tua casa; entrando os teus pés na cidade, o menino morrerá.
E todo o Israel o pranteará, e o sepultará; porque de Jeroboão só este entrará em sepultura, porquanto se achou nele coisa boa para com o SENHOR Deus de Israel em casa de Jeroboão.

I Reis 14:12 e 13
Veja que uma criança, e apenas uma, não todas, Deus encontrou algo de bom. Ela teve um tratamento diferenciado por isso. Outra lição importante que aprendemos desse texto é que Deus não trata a morte como nós tratamos. Até em meio a morte a respeito e os tipos de morte contam. Motivos para se morrer também. Mas isto é assunto para outra postagem.

Por agora fiquemos com a pergunta: será que encontraremos o filho de Jeroboão, um rei infiel de Israel, quando Jesus vier nos buscar?

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Os animais vão para o Céu?

Eita, questão difícil, não é mesmo? Há muita discussão entre os teólogos sobre o que acontece com os animais depois que eles morrem, mas esta questão, em particular, é fácil de responder:
Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade.
Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó.
Eclesiastes 3:19 e 20
A Bíblia é clara em declarar que o que acontece com o homem também acontecerá com os animais, e vice-versa (veja mais em alma, espírito e espírito do homem e espírito de Deus). Mas só saber que os animais vão para o pó assim como o homem não satisfaz nossas inquietações.

As perguntas que ainda restam seriam: Haverá animais no Céu? Os nossos mascotes participarão da ressurreição? Teria algum tipo de redenção para os animais? Essas são perguntas que perturbam os amantes dos animais.

A Bíblia não declara em nenhum momento que os animais estarão na atual morada de Deus, mas claramente demonstra que os mesmos estarão na Terra restaurada e Novo Céu, mas com o comportamento completamente melhorado (Leia Isaías 11:6-9).

Apesar de termos a certeza de termos animais na Nova Terra e Novo Céu (isto porque a Terra será renovada e agora será o trono de Deus, ou seja, Nova Terra e Novo Céu são o mesmo lugar) não sabemos se serão os mesmos animais que nos fizeram companhia um dia. Mas uma certeza temos, Deus ama cada ser de sua criação muito mais do que nós os amamos.

Lembrem-se dos animais da arca, os quais Deus guardou da destruição eminente. A obediente jumenta de Balaão, a qual recebeu de Deus o dom de falar para que se defendesse de seu amo. Lembrem-se também das palavras de Jesus, ao falar que o Pai do Céu alimenta as aves (Mateus 6:26). Deus ama todas as suas criaturas, inclusive a Terra:
E iraram-se as nações, e veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra.
Apocalipse 11:18
A terra foi amaldiçoada por causa do pecado humano (Gênesis 3:17). Ela tem sofrido, juntamente com os animais, os efeitos da maldade humana. Se a mesma irá ser renovada, é bem possível que os animais que sofreram inocentemente também voltem a viver. Melhor ainda, se a Terra irá ser exaltada como Novo Céu, e nós, tristes pecadores, reinaremos juntos com Cristo, os animais que deram sua vida por causa da maldade humana também podem ser renovados e melhorados, não é mesmo?

Acredito que isso seja possível. Acredito que a Bíblia não fala mais claramente sobre isto pois seu maior objetivo é nossa salvação. Talvez Jesus fale para nós quando tratamos desse assunto assim como ele falou com Pedro a respeito de João:
Por que te importa o que farei com estes animais? Segue-me tu. Não confias em mim? Não são eles minhas criaturas? Será que você daria melhor destino a eles do que Eu posso dar? Segue-me tu.
João 21:22 [parafraseado para a situação]

terça-feira, 12 de outubro de 2010

As parábolas do rico insensato, do administrador infiel e do rico e de Lázaro

Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?
Lucas 12:20
 Desde a Torá, passando pelos profetas e chegando a boca de Jesus a Bíblia vem anunciando o erro dos filhos de Deus referentes a cobiça e acomulo de dinheiro. Não foi a toa que a igreja católica por tanto tempo foi contra o capitalismo.

Vemos que o apego ao dinheiro não é um mal que ocorre só aos que são apegados ao mundo secular, mas também entre os que crêem em Cristo. A história do jovem rico, registrada em todos os evangelhos sinóticos (Mateus 19:16-30; Marcos 10:17-31 e Lucas 18:18-30), mostra muito bem como um homem que acredita guardar todas as leis está falhando no amor para com o próximo, deixando-o em falta.

Em Lucas 12:13 à 21, Jesus conta a parábola do administrador insensato para um homem que lhe pede para convencer seu irmão a dividir a herança com ele. Jesus deixa claro para ele que lutar por mais e mais bens não é o fundamento desta vida, principalmente quando isto lhe tira as riquezas celestes.
Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.
v. 15

Já em Lucas 16 encontramos uma estrutura argumentativa semelhante a de Lucas 15, mas com um novo tema. Enquanto Lucas 15 ( veja mais aqui) trata da importância do homem para Deus, Lucas 16 mostra como o homem falta em amor para com seus semalhantes e como isso deveria mudar.

A parábola do administrador infiel, também nomeada "do administrador astuto" [NVI], choca a primeira vista, pois parece um elógio as práticas infiéis do administrador. Longe disso, a intenção clara do texto é mostrar como um homem comum, sabendo das suas limitações e dificuldades de sobrevivência (veja o v. 3), encontra, na utilização dos recursos que ainda tem em mãos, um meio de conquistar amigos para o consolarem no tempo de miséria.

Esse tipo de pensamento tão comum é posto em contraste com o sentimento de acúmulo tão presente na plateia de Jesus.
E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
v. 9
 Agora Jesus fala claramente a seu público que eles que receberam a luz deveriam ser mais sábios e já que consquistaram tantas riquezas em cima de injustiças, eles deveriam gastar as mesmas para conquistarem amigos para que quando chegarem aos seus eles tenham quem os recebe em suas casas.

Perceberam que estas pessoas parecem não terem abrigos no Céu. Tabernáculos, notem o plural, aqui se refere as tendas, habitações, não ao santo templo que inicialmente era em tenda. Esses homens não conseguirão sequer uma posse material no Céu, pois não acumulam tesouros valiosos a Deus.

Na continuação do capítulo 16, vemos que Jesus deixa claro que não dá para se viver para as riquezas e para Deus ao mesmo tempo. Ou vive-se com o acumulo egoísta ou se pratica a misericórdia para com os mais necessitados.

Nos versos 14 e 15 é mostrado a fúria dos fariseus ao se referir daquela forma a eles e a suas riquezas. Jesus respondeu a eles mostrando que a forma que eles pensavam era oposta a que Deus desejava para os homens. Dos versos 16 à 18, Jesus demonstra que até João fora pregado os ensinamentos do Antigo Testamento e que o reino de Deus chegou, ou seja, Jesus, o Messias, prometido como rei, havia chegado, para começar a reinar em nossos corações até ser entronizado. Também deixou claro que isto não tira o valor de tudo que foi escrito, pois nada seria mudado. No último verso ainda dá uma cutucada no mal costume do homem de se divórciar, mostrando tanto a mulher quanto o homem estariam em adultério caso contraíssem um novo casamento, contrariando a prática do momento.

Ao citar a Lei e os profetas, Jesus também remetiu-se ao que fora pregado até então sobre o amor ao próximo demonstrado na Torá (Levítico 19:18) e os diversos apelos para a ajuda de pobres e viúvas (Isaías 58:7).

Jesus conclui o discurso com a parábola do rico e do Lázaro. Infelizmente, algumas pessoas vêem este conto de Jesus como uma história real e não uma parábola, forma citada claramente por algumas traduções (NTLH, ARA e Bíblia de Jerusalém). A Bíblia de Jerusalém chega a citar em sua nota:
História-parábola, sem qualquer nexo histórico.
p. 1818, nota e)
E está é a verdade, pois a parábola não se encaixa nem com a doutrina bíblica da morte, ressureição e vinda de Cristo, nem com a crença do inferno grego-latino, mas demonstra ser um misto dos dois. Não tem valor doutrinário, mas a criação desta quimera nos ensina grandes lições sobre a Bíblia e o dinheiro.

O rico, acomodado com a situação do pobre Lázaro, não contribui para aliviar a dor do mesmo, tendo sua sorte trocada quando morrera. Ao invocar sua descencia abraamica para o próprio profeta ele mostra claramente que é impossível se fazer qualquer coisa para que sua situação atual mude. Isto nos ensina que o nosso destino celeste se define nesta vida.

Ao ver a dureza de seu castigo e a chance de seus irmãos serem avisados para que eles não viessem para este lugar de sofrimento, ele pede para ir avisá-los ou que outra pessoa o vá. Em sua mente, Deus não fora claro o suficiente com ele e, se o fosse, ele não estaria onde ele está no momento.

Mas Abraão demonstra que isto não é verdade. A Bíblia sempre mostrou que devemos cuidar dos mais necessitados e que Deus não teria piedade dos que ignorassem seus filhos menos abastados. Ainda mostrou que nenhum milagre, inclusive a ressurreição de mortos, poderia converter alguém que ouve os apelos do Espírito Santo ao ler a Bíblia.

A parábola conclui a ideia que estava sendo discutida por todo o capítulo. Nós não temos amado como Jesus vem nos amando. O pior de tudo isto é que os apelos de Jesus não foram doces, como esperado da pessoa dele, mas ríspidos, pois suas histórias apelavam para o egoísmo humana para que este ajudasse o próximo. Ele quis mostrar que mesmo se seguisse a lógica egoísta da vida deles eles deveriam parar de acumular riquezas e ajudar o próximo.

Eu só desejo que eu e você não precisemos de receber um apelo ao nosso próprio egoísmo para fazermos o bem, mas o façamos guiado pelo Espírito bondoso de Deus.

domingo, 10 de outubro de 2010

6- Conclusões, como aplicar estes estudos na igreja hoje?

Você já ficou preocupado com se divorciar e nunca mais poder casar?

Descobriu que Jesus não gosta de divórcio e largou a esposa atual para voltar a primeira?

Está tristemente só porque não pode se casar porque foi abandonado e o cônjuge fugiu de casa?

Teme estar num pecado eterno porque se casou novamente e está constantemente em pecado?

Já viu alguém se separar e ficar esperando o cônjuge se relacionar para que este tenha o nome removido dos membros ativos da igreja? Ou teve um namoro secreto pelos mesmos motivos?

Já foi proibido de se rebatizar por estar no segundo casamento?

As tentativas de manter o entendimento tradicional das palavras de Jesus preocupam as religiões cristãs, fazendo com que elas criem regras para cumprir as palavras de seu salvador, acrescentando, infelizmente por muitas vezes, mais sofrimento ao que por si só já é doloroso.

Desde a primeira vez que me deparei com os versos de Jesus sobre o divórcio senti muita dor pelo que o texto a primeira vista me dizia .

Algumas igrejas proíbem terminantemente o divórcio com novo casamento, mesmo em caso de adultério. Outras permitem que a parte inocente se casa de novo, mas excomunga a parte culpada para sempre do rol de membros.

A dificuldade é tanta ao lidar com esses versos que alguns chegam a crer que este adultério praticado com o segundo casamento é um pecado pior que o assassinato, já que a única maneira de parar de pecar é se separando do novo (a) esposo (a).

Acredito que o estudo de Deuteronômio 24:1-4 (veja aqui) já deixou claro que o adultério praticado ao se casar novamente depois do divórcio não tem o mesmo peso que nos demais casos de adultério.

Ao vermos todo o contexto bíblico, também notamos que Deus sempre age com misericórdia, inclusive, só há salvação por haver misericórdia. Por isso que acredito que deveríamos ser mais compassivos e misericordiosos ao julgarmos esses casos.

Jesus queria que nós vivêssemos segundo seus mandamentos, mas o amor sempre foi sua maior pregação. O perdão é a maior pregação do evangelho. Perdão pelos pecados é o que a cruz significa. Perdão pelo pecador é o que temos que pregar e viver.

Davi pecou com a mulher de Urias e Deus o perdoou. A mulher adúltera também fora perdoada tanto por seus acusadores, ao pensarem em seus próprios pecados, quanto por Jesus, o qual nunca pecou.

A samaritana no poço de Jacó já tinha sido repudiada (divorciada) cinco vezes, fazendo com que nem se importasse mais em realizar novo casamento para se entregar ao sexto homem. Foi essa mulher que Jesus lhe deu as novas e a mesma tornou-se a maior evangelista samaritana que temos notícia.

Observe o texto de Oseias, o qual havia se casado com uma prostituta (talvez o casamento seja só simbólico) por ordem de Deus, para mimetizar a relação de Deus com Israel. Mesmo depois de casados, sua mulher o abandona para prostituir-se novamente. Oseias, mesmo sendo a parte inocente da história, vai atrás de sua amada, dizendo:
Eu te desposarei a mim para sempre,
Eu te desposarei a mim na justiça e no direito,
no amor e na ternura.

Oseias 2:21
Por toda a Bíblia, este verso só é expresso ao se referir a uma virgem que iria ser desposada, e é aplicado a uma prostituta que já tivera dois filhos. O que podemos aprender disto? Que o amor nos purifica novamente. Não o corpo (por enquanto), mas a dignidade.

Dessa forma, gostaria que os líderes religiosos pensassem em tudo que foi dito nos seguintes termos:

a) ensinar as pessoas o ideal divino, desde a infância para inspirá-las a terem uma vida mais próxima de Deus e menos danosa a si mesmo e ao próximo;

b) estabelecer normas segundo o princípio demonstrado na Bíblia a respeito do divórcio e segundo casamento, lembrando que o princípio divino do perdão não permite remover para sempre nenhum membro, não importa o nível do pecado praticado.

Desafio grande, mas necessário para diminuirmos um pouco o excesso de sofrimento que vemos em nossas igrejas.
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5- Se é assim, é melhor não casar!

Até aqui, em nossa exegese, vimos que o adultério é mais abrangente do que muitos religiosos pensam. Vai desde o ato mais sórdido, passando para a pluralidade de companheiros até o pensamento das pessoas.

Dentro dessa gama de impurezas sexuais, segundo a Bíblia, o segundo casamento entra no mesmo.

Jesus, em suas declarações encontradas em Mateus 19 (veja aqui), esclarece que o divórcio expõe ambos ao adultério, quando o mesmo já não foi cometido.

Como só o homem poderia dar carta de divórcio até então, era dele a responsabilidade da mulher se contaminar com outro parceiro depois do divórcio.

Essa declaração era tão contrária aos costumes da época (mas não dos de Deus, como já visto) que os discípulos soltaram a seguinte pérola:
Se assim é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.
Mateus 19:10
Incrível, né? A sociedade da época estava tão acostumada com a desigualdade de direitos entre homens e mulheres que quando Jesus iguala um pouco o placar, eles gritam: Maldição! Não vale a pena casar.

Esta frase dita pelas pessoas mais próximas de Jesus só vem confirmar o que o próprio Jesus disse a respeito da carta de divórcio: que ela foi dada pela "dureza dos corações".

Assim é hoje! Não queremos aprender a amar e a perdoar. Queremos que as coisas saiam do jeito que queremos, senão cada um pro seu lado. Nem nos esforçarmos mais para mantermos nossos relacionamentos, principalmente o casamento, pois "se não der certo separa", não é mesmo?

A dureza do coração humano está fazendo com que a maioria da sociedade se torne intolerante e, infelizmente, infelizmente mesmo, entre os discípulos de Cristo, hoje chamado cristãos, não é nada diferente, quando não é pior do que entre os descrentes.

Além da dureza, havia uma lógica nas palavras dos discípulos que eu ouvi muito em minha vida: "Aquele que ainda não começou uma vida sexual consegue viver sem mulher, mas aquele que já se casou, não consegue viver sem". Por isso não devemos casar. Veja a resposta do Mestre:
Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido.
Porque há eunucos que assim nasceram do ventre da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.
(Mateus 19:11 e 12)
Apesar da revolta demonstrada pela resposta dos discípulos, Jesus tentou acordá-los com a realidade. Tem pessoas que poderiam seguir as palavras dos discípulos, já outras não. Jesus reconhece aqui que há pessoas que não conseguiriam ter uma vida equilibrada sem uma esposa, outros sim. Cada caso é um caso.
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sexta-feira, 8 de outubro de 2010

4- Carta de Divórcio: A Discussão é levada a Jesus

Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de desquite.
Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.

Mateus 5:31 e 32
Já no Sermão da Montanha Jesus falou do tema do divórcio e foi categórico em sua afirmação. Tão categórico que talvez isto tivesse inspirado os inimigos a um novo embate.

São quatro os textos que tratam do divórcio nos evangelhos: Mateus 5:31 e 32, como visto acima; Mateus 19:1-12; Marcos 10:1-12; e Lucas 16:18.

O texto acima afirma, assim como em Deuteronômio 24:1-4 (veja aqui), que o homem que repudia sua mulher a expõe ao adultério (verifique na ARA). Neste sentido, a tradução da NTLH é muito esclarecedora:
Mas eu lhes digo: todo homem que mandar a sua esposa embora, a não ser em caso de adultério, será culpado de fazer com que ela se torne adúltera, se ela casar de novo.
Essa declaração com certeza mexia com o coração de muitas pessoas, assim como mexe até hoje.

Sabendo do posicionamento de Jesus, os fariseus foram até Jesus com um plano em mãos. Este relato está tanto em Mateus 19 quanto em Marcos 10. Estudaremos mais a fundo o texto de Mateus:
Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?
v. 3
Vejam que a pergunta dos fariseus já nos propõe saber qual é o posicionamento deles a respeito do assunto. Eles acreditavam no posicionamento ensinado pela escola de Hillel (veja mais aqui), ou seja, pode-se dar a carta até para a esposa que queimasse a comida.
Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. v. 4-6
A resposta de Jesus, remetida a Gênesis, como já estudamos aqui,  confirma o plano divino para a sexualidade humana.

Nessa resposta, Jesus está claramente dizendo aos fariseus e a plateia presente: Não, não é lícito. Divorciar-se não é a vontade de Deus. Isto era tão claro e nítido, que o era esperado pelos fariseus, por isso eles atacaram com a seguinte pergunta:
Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? v. 7
Ui! Eles jogaram a isca e Jesus mordeu. Como a autoridade de Jesus poderia se suster perante a própria palavra de Deus? Agora suas palavras teriam que ser desfeitas ou Ele deveria se mostrar contrário a palavra de Deus. Veja agora a resposta do Mestre judeu:
Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim.
Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.

v. 8 e 9
Não foi uma ordem orquestrada por Deus, mas uma solução em meio a dureza do coração do homem. E do homem, não no sentido de humanidade, mas do macho da espécie mesmo, pois só o homem podia escolher se separar ou não. Mas Jesus estava agora esclarecendo que queria o ideal divino, e não o remendo.

O verso 9 nos traz novamente que o novo casamento é um ato de adultério. Sim, não é um novo mandamento de Jesus, como se ouve por aí, mas uma exegese profunda do texto de Deuteronômio, sem esquecer os demais textos da Bíblia.

Isto realmente foi impressionante! Ao invés de mostrar que sua autoridade vinha dEle mesmo, Ele mostrou que suas palavras, que pareciam novas a uma plateia que nunca tinha ouvido, estavam totalmente de acordo com o texto bíblico.

A conhecida cláusula de exceção, a "fornicação", vem da palavra grega porneia, que quer dizer "relações sexuais ilícitas", não deve ser vista como um bom motivo para o divórcio e novo casamento por não haver adultério, afinal, quando nos casamos de novo, mesmo que fomos traídos no casamento anterior, ainda estamos entrando em adultério, mas não nos é atribuído culpa por isso.

Uma união com uma nova pessoa enquanto outra que nós copulamos é adultério. Inclusive, se uma pessoa é virgem e se une a uma que já se uniu a outra também, a virgem também comete adultério (Marcos 10:11 e 12 e Lucas 16:18). Destes textos, pode-se concluir que poligamia também se enquadra em adultério.

Mas, assim como vimos em Deuteronômio 24:1-4, Deus permite que a parte que foi exposta ao adultério não se sinta culpada.

Veja que Jesus não discute punição, mas interpretação bíblica e culpa, pois ele não está dizendo que o adultero deve ser morto, pelo contrário, há perdão para o mesmo como veremos na parte 6 desta série de estudos.
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3- A Lei do Divórcio, um estudo de Deuteronômio 24:1-4

Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então será que, se não achar graça em seus olhos, por nela encontrar coisa indecente, far-lhe-á uma carta de repúdio, e lha dará na sua mão, e a despedirá da sua casa.
Se ela, pois, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem,
E este também a desprezar, e lhe fizer carta de repúdio, e lha der na sua mão, e a despedir da sua casa, ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer,
Então seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a tomá-la, para que seja sua mulher, depois que foi contaminada; pois é abominação perante o SENHOR; assim não farás pecar a terra que o SENHOR teu Deus te dá por herança.

Deuteronômio 24:1-4
No tempo de Jesus, havia duas tradições judaicas provindas de escolas com pensamento diferentes sobre o texto de Deuteronômio citado. Elas são Shammai e Hillel.

A disputa interpretativa dessas duas escolas era baseada na expressão "encontrar coisa indecente". Vejam o verso em outras versões:
Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela...
ARA
Pode acontecer que um homem case, mas depois de algum tempo não goste mais da esposa porque há nela alguma coisa que não agrada a ele.
NTLH
Se um homem casar-se com uma mulher e depois não a quiser mais por encontrar nela algo que ele reprova...
NVI
Quando um homem tiver tomado uma mulher e consumado o matrimônio, mas esta, logo depois, não encontra mais graça a seus olhos...
Bíblia de Jerusalém
A escola de Hillel acreditava que o homem podia se divorciar por qualquer motivo, seja ele de natureza sexual ou não. Já a corrente de Shammai acreditava que o divórcio só era permitido por ato sexual ou exposição sexual indecente.

Analisando o termo hebraico ʿerwat dabar (coisa indecente), podemos entender melhor as especificações do termo. A palavra ʿerwat tem o significado de nudez, nudismo, genitália. Muitas vezes ela foi usada como eufemismo do relacionamento sexual, mas no caso o termo usado seria "descobrir a nudez" e não "ver... a nudez" como temos acima.

Ao verificar a significação desta palavra e seu uso em outros versos bíblicos (Êxodo 20:26, Lv 20:18 e 19, por exemplo), deixa-nos claro que a escola de Shammai tinha a interpretação mais acertada do verso bíblico, apesar de ainda falhar em um ponto: a relação sexual adultera era punida com a morte, não com o divórcio. Por isso, não era um relacionamento sexual com outro que traria o divórcio.

Ou seja, o texto sobre o divórcio não trata do sexo extraconjugal, mas de situações em que a exposição de partes íntimas da esposa fizessem com que o marido a rejeitasse.

Mas nossa análise não termina aqui. Apesar da análise descartar o liberalismo da escola de Hillel, o qual permitia que uma mulher fosse repudiada por queimar uma refeição, a análise leva a uma conclusão muito mais liberal se comparada a da maioria dos estudiosos modernos. Afinal, divorciar só é aceito, e em só algumas religiões, por traição. Aqui vemos que traição não pedia divórcio, mas morte.

Os demais versos, tratam do segundo casamento da mulher repudiada. Veja que com a carta de divórcio ela tinha o direito legal de contrair novo casamento. Mas caso este novo marido morra ou a repudie também, o primeiro marido não pode voltar para ela.

Vejam que esta lei de divórcio não é uma concessão para o homem rejeitar sua esposa, mas uma proteção contra essa rejeição, pois era uma maneira da a mulher não ficar abandonada. A carta daria direito a mulher para se casar com outro, não sendo forçada a ficar solteira, que na época era sinônimo de desamparo. Deus ama e se preocupa com todos, não é mesmo?

Note que quem é punido, caso o divórcio ocorra, é o rejeitador, pois ele não pode voltar atrás caso ela se case novamente. Mas qual é o motivo dessa punição? A resposta do verso é "pois é abominação perante o Senhor".

Segundo o verso 4, a esposa foi contaminada. Mas o que isso significa. Se vocês leram a publicação anterior, sempre que há sexo com uma pessoa você se torna uma só carne com ela e com as demais pessoas que ela se deitou.

Mesmo o divórcio não quebra o elo criado pelo sexo. Com isso, percebe-se a importância da virgindade no contexto bíblico.

Se isso não foi suficientemente convincente, note que a construção do verso hebraico está no hithpael, uma forma verbal passiva. Por isso, uma melhor tradução para a expressão seria "ela foi levada/induzida a contaminar-se".

Fica claro que o texto bíblico está jogando a culpa deste adultério no primeiro marido. Por isso que esse tipo de adultério não era punido com a morte, afinal, a mulher não tinha culpa de sua impureza.

Mas, o segundo casamento seria algum tipo de adultério? O termo "contaminação" é claramente ligado a Levítico 18:20-24 e 30, onde vemos diversos tipos de relações sexuais ilícitas (adultério). Veja que estas práticas também contaminavam a terra:
Por isso a terra está contaminada; e eu visito a sua iniquidade, e a terra vomita os seus moradores.
Levítico 18:25
Números também confirma que a relação sexual extra conjugal deixa a mulher contaminada (5:13, 14 e 20). Paulo deixa ainda mais claro declarando:
De sorte que, vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro marido; mas, morto o marido, livre está da lei, e assim não será adúltera, se for de outro marido.
Romanos 7:3
Veja que o ideal de Deus para o homem sempre permaneceu, e que a multiplicidade de parceiros sexuais é adultério, independente de haver uma cerimônia de casamento ou não. O que cortaria esse estado adúltero seria a morte do parceiro sexual.

Mas, creio eu, que a lição mais importante que podemos tirar dessa lei é que a misericórdia de Deus agiu para proteger a mulher, não se esquecendo dela em meio a uma sociedade onde os homens detinham o poder absoluto.
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2- Adultério


Não adulterarás. (Êxodo 20:14)

Hoje em dia temos dificuldade de aceitar a visão de adultério que a Bíblia apresenta. Sexo antes do casamento, relacionamentos abertos, sexo fácil e outros costumes atuais dificultam a aceitação da visão bíblica.

A palavra traduzida como adultério vem da raiz hebraica naʿap. Todos os estudos que pesquisei mostram que o melhor entendimento para o que chamamos de adultério é de "relação sexual ilícita", ou seja, contrário às leis ou a moral.

Sendo assim, todo o tipo de relação sexual condenada na Bíblia é uma relação adúltera. Deste modo, o incesto (veja o post sobre sexo que eu publiquei há algum tempo aqui), o homossexualismo, o sexo extraconjugal, e o bestialismo (sexo com animais) são todos transgressões do sétimo mandamento.

Infelizmente, na Bíblia o adultério é sempre visto como uma ofensa ao esposo, pois a poligamia estava impregnada no mundo antigo, e a proteção da geração do patriarca deveria ser mantida. No estudo anterior (veja aqui) confirmamos que ter várias esposas não era o plano original de Deus, mas é claro que era suportado.

Paulo deixa claro que os homens mais consagrados deveriam seguir o ideal de Deus e ter apenas uma única esposa (I Timóteo 3:12). Graças a Deus o concubinato e a poligamia não são bem aceitas no ocidente. A própria Bíblia mostra as complicações que são causadas pelo convívio de várias esposas.

Outra coisa importante para sabermos é que o adultério era punido na sociedade israelita com a morte dos adúlteros (Levítico 20:10). O estupro de uma virgem poderia ter outro fim (Deuteronômio 22:28 e 29).

Veja que segundo Paulo (I Coríntios 6:16) o sexo faz com que as pessoas se tornem uma carne, além de aludir que torna-se uma carne com os demais que ela se deitou também. Aí está o escândalo da declaração.

Preste atenção que se tornar uma só carne só é permitido depois da junção de dois primeiros ideais: deixar pai e mãe e unir-se ao cônjuge. Veja que em Êxodo 22:16 mostra que fazer sexo com alguém não os torna casados, mas assumir o casamento sim. Portanto, mesmo quando um casal solteiro torna-se uma só carne, o casamento não está composto.

Vemos também que em Levítico 21:13 e 14 a virgindade é valorizada, pois os sacerdotes só poderiam se casar com mulheres virgens. Lembrando que tudo que participava do santuário precisava ser o mais puro possível, sendo assim, a virgindade um símbolo da pureza sexual, no sentido de que ela não foi um só com mais ninguém.

Apesar de quase completamente ignorado, a pureza sexual é o símbolo do vestido branco das noivas modernas. A respeito da virgindade, você pode refletir mais estudando os versos de Deuteronômio 22:13-29.

Se você, apesar de tudo que foi dito nesta postagem, ainda acredita que não cometeu tal pecado, Jesus ligou este pecado até ao ato de cobiçar (desejar) uma mulher comprometida (Mateus 5:27 e 28). Quebra de dois mandamentos em um.

Mas porque tudo isto? Este mandamento esta tentando nos afastar da impureza. Não, não é ao sexo que me refiro quando digo impureza, mas aos sentimentos dúbios, aos desejos desenfreados,a os ciúmes, aos desprezos, à falta de amor, à frieza no viver, à vida fútil, e a todos os impactos psicológicos, sociais e espirituais que essas práticas condenadas na Bíblia trazem ao mundo.

Sim, ao mundo, e não só ao mundo de pessoas, anjos e demais seres celestes, mas ao mundo físico. Exatamente, o planeta Terra. A Bíblia declara:
maldita é a terra por causa de ti (Gênesis 3:17)
E depois, em Deuteronômio 24:4, se confirma novamente, agora dizendo sobre um relacionamento sexual proibido:
assim não farás pecar a terra que o SENHOR teu Deus te dá por herança.
Quando ler a Bíblia, atenha-se que tudo o que é considerado pecado, destrói e adoece tudo que toca, e o erro não faz apenas com que quem peque sofra as consequências, mas toda a Terra.
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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

1- O Casamento Ideal

Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez,
E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?
Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.

Mateus 19:4-6
A citação de Jesus, mostrada acima, é de Gênesis 1:27 e 2:24. Além de Mateus, o evangelista Marcos também repete estes versos (Marcos 10:6-9).

Acredito que mais claro do que já foi dito por Jesus não poderia ficar, mas vocês já devem ter encontrado diversos argumentos a respeito deste "Deus ajuntou" para justificarem a desenlace matrimonial. O famoso: "nós não sabemos se foi Deus quem ajuntou".

A fórmula é simples, complica-a quem quer:

1) Deixar pai e mãe;
+
2) Unir-se a sua mulher
=
3) Uma só carne

Essa é a fórmula do casamento. A primeira parte consiste em assumir a responsabilidade de um para com o outro, retirando, assim, os deveres de sustento que os pais tinham até então. É uma forma de reconhecimento social, dando ao casal o status de família. Casamentos ocultos vão contra esse princípio.

A segunda refere-se a entrega total de seu ser ao outro. Interessante que este "tornar-se um" é a mesma palavra original hebraica (echad ou eḥad) para designar o único Deus (Deuteronômio 6:4). Mas Paulo também dá um exemplo como um grupo de pessoas é um em Efésios 4:3-6, mostrando que os que seguem os mesmo princípios, que pensam guiados pelo mesmo Espírito se tornam um.

Acredito que isto esclareça o que significa se tornar um. Não é a união sexual, mas uma união que antecede a sexual, pois esta é o resultado da união desses dois princípios dado. Tornar-se uma só carne é o último estágio da união.

Isto fica ainda mais claro quando vemos que o noivado de José e Maria já era considerado casamento antes mesmo de ocorrer relação sexual entre os dois. Tanto que só através do divórcio que os dois poderiam se separar, mesmo sem terem tido o contato sexual (Mateus 1:18). A nota deste verso na Nova Tradução da Linguagem de Hoje confirma isto. Em suma: O unir-se psíquico antecede a união sexual.

Por mais simples que seja, infelizmente, nossa geração conhece poucos casamentos que alcançaram o ideal dado por Deus.

O ideal de Deus era para que o primeiro casamento fosse eterno, o que infelizmente não aconteceu, pois a morte separou o primeiro casal e como sabemos, não haverá casamento na ressurreição (Mateus 22:30).

Mas seu plano continua em outro nível: "o que Deus ajuntou, não separe o homem", ou seja, só a morte (Romanos 7:3), ou o retorno de Cristo, poderá separar o enlace idealizado por Deus, mesmo nesse mundo decaído.
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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Divórcio, o tema proibido

A muito tempo sinto um silêncio nos púlpitos cristãos a respeito do tema do divórcio e o novo casamento. Não é para menos, pois é a respeito deste tema que Jesus proferiu uma das mais duras palavras para os que se divorciam, e não só para estes, mas para qualquer um que se apaixone por um divorciado.

E a mais pura verdade é que todos nós conhecemos pessoas que passaram por este triste evento, e não são poucas, infelizmente.

O divórcio costuma ser tão doloroso para os que o acompanham que parece em si um castigo, sem precisar de nenhuma outra punição além das dores que causam em todos os conhecidos e familiares do casal.

Mas o problema parece aumentar quando os divorciados começam a se encontrar com outras pessoas, trazendo a questão do novo casamento ser uma ato de adultério ou não.

Toda a complexidade emocional e teológica envolvendo o divórcio acaba fazendo com que este tema, tão mal definido na maioria das religiões cristãs, se torna-se um tabu tanto no púlpito quanto nas conversas entre as pessoas, principalmente entre as que passaram por essa situação.

Já a mim, desde que me deparei pela primeira vez com as frases de Jesus em Mateus 5:31 e 32, as quais tocaram o âmago de meu ser, eu reflito sobre o assunto.

Para compartilhar minhas reflexões e estudos resolvi dividí-lo em várias postagens, que serão:

1- O Casamento Ideal

2- Adultério

3- A Lei do Divórcio, um estudo de Deuteronômio 24:1-4

4- Carta de Divórcio: A Discussão é levada a Jesus

5- Se é assim, é melhor não casar!

6- Conclusões, como aplicar estes estudos na igreja hoje?

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A parábola do juiz iníquo e da viúva persistente

E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer,
Dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava o homem.
Havia também, naquela mesma cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário.
E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,
Todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me importune muito.
E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz.
E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?
Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?
Lucas 18:1-8
Gostaria que vocês notassem, logo de início, as primeiras palavras da parábola. Exatamente! Elas já trazem a lição para ser aprendida. Mas por que Lucas decidiu mostrar a lição da parábola antes mesmo de contá-la? Eu acredito por causa do perigo que há de interpretarmos ela de outra forma.

Perigo? Sim, veja a tendência que eu tinha ao ler essa parábola, tendência que talvez você ou alguma outra pessoa possa sentir também. Acompanhem raciocínio abaixo:

Se o juiz iníquo atendeu o pedido da mulher por lhe importunar, então, com Deus, que é justo e sabe todas as coisas, não precisamos ficar amolando-o a todo momento para nos responder, não é mesmo?
Caso você tenha visto lógica no pensamento acima, saiba que você está certo. Existe lógica. Mas não é isso que Jesus quer ensinar. Veja que o que ele quer ensinar é que devemos orar sempre, sem nunca esmorecer, desistir, desfalecer, etc.

É claro que Deus não gosta de repetições (Mateus 6:7), mas ele almeja que você sempre abra seu coração a Ele (Salmos 62:8) e que ore sem cessar (I Tessalonicenses 5:17). As repetições que ele não quer ouvir são as palavras sem significado que nós proferimos, por mais belas que elas pareçam.

A verdadeira lição que Jesus queria nos ensinar é de que nós devemos insistir na oração sempre, por mais que pareça que Deus se atrase em responder ou não se importa, o que não é verdade. Ele faz tudo no tempo certo, no momento mais propício para o bem maior. A lógica correta da parábola então seria:

Se eu insisto em clamar a um juiz mau, que me maltrata, desdenha de meu caso e me faz sempre me sentir mal em sua presença, então como não terei prazer em clamar a um juiz bom, que sempre me ouve, e me ama, me faz bem, traz-me paz e consolo, além de insistir para que eu o procure?

Sempre orar, sem nunca esmorecer. Abra sempre seu coração a Deus e diga todas as suas alegrias e frustrações a Ele. Você não pode cansar Seus ouvidos.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

[Dn 9] Conclusões

O estudo que vocês acompanharam foi da profecia mais espetacular de todos os tempos. Sua precisão é incrível, fácil de entender e historicamente comprovada. Mas há grandiosas lições que não podem passar em branco em Daniel 9.

Daniel fora um homem diferente. Apesar de ver seu povo perder a autonomia em sua terra natal, ser levado cativo e feito servo do homem mais poderoso daquele lugar, ele não ficou contra Deus. Pelo contrário, se apegou ainda mais a Ele.

Poderia ter se lastimado por si próprio, mas estava preocupado com seu povo. Poderia ter se colocado como inocente perante Deus, mas assumiu sua culpa e a de todo o povo. Fora humilde, tanto para com o rei quanto para com Deus. Sua oração é um exemplo de amor para com Deus e com o próximo.

A resposta do anjo também não pode ser ignorada. O anjo revelou algo que talvez Daniel pudesse ter desconfiado em algum momento de sofrimento: que Deus o ama, e muito. Deus enviou Gabriel para mostrar que sua oração seria atendida, e que seu povo continuaria sendo único para com ele por mais cinco séculos.

Mas, e depois disto? Deus mostrou que viria muitos sofrimentos para o povo de Daniel, mas também mostrou que no fim deste tempo viria o prometido messias, o qual daria cabo dos pecados.

Infelizmente, muitos de nós pensam que esta profecia está mostrando que os judeus teriam seu tempo para se acertar com Deus e depois teriam sua eleição expirada. Muitos vêem como se Deus estivesse rejeitando os judeus, mas Paulo mostra uma visão diferente sobre o que aconteceu depois da cruz:
Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.
Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra Israel, dizendo:
Senhor, mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma?
Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal.
Assim, pois, também agora neste tempo ficou um remanescente, segundo a eleição da graça.
Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.
Pois quê? O que Israel buscava não o alcançou; mas os eleitos o alcançaram, e os outros foram endurecidos. [...]
E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira,
Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti.
Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado.
Está bem; pela sua incredulidade foram quebrados, e tu estás em pé pela fé. Então não te ensoberbeças, mas teme.
Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não te poupe a ti também.
Considera, pois, a bondade e a severidade de Deus: para com os que caíram, severidade; mas para contigo, benignidade, se permaneceres na sua benignidade; de outra maneira também tu serás cortado.
E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar.
Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!
Romanos 11:1-7, 17-24
Paulo deixa claro que nenhum judeu fora rejeitado, mas os desobedientes foram rejeitados. Mas Deus sempre deixou um resto. Um povo que manteve seu nome. Deste resto, nós, gentios, que cremos em Cristo fomos enxertados. Ou seja, a eleição de Israel ainda continua, só que agora todo o mundo pode fazer parte dela.

Deus não diminuiu o status dos judeus, mas sim elevou os demais a seu status. Deus acrescentou a seu povo "todo aquele que crê" (João 3:16).

Uma coisa tem que ficar clara para todos, os patriarcas marcaram a história do mundo para sempre. Sua vida nos toca até hoje e sua tradição veio a ser preservada e chegou até nós pelo resto de Deus, sendo o nome mais notório deste resto nas escrituras o dos judeus, principalmente no Novo Testamento.

Resumo e links:

A profecia mais impressionante de todos os tempos

A oração de Daniel

Gabriel

A Profecia: Parte 1, Parte 2, Parte 3, Parte 4, Parte 5 e Parte 6.

Você pode ver tudo também no marcador Daniel 9.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

God on Trial [O julgamento de Deus]

God on Trial é um filme da BBC que dá vida a uma lenda sobre um julgamento feito por prisioneiros judeus em Auschwitz.

Ótimo filme, com argumentos incríveis e conclusão espantosa. Deus é posto no banco dos réus pelos prisioneiros acusado de ter abandonado a aliança com seu povo. No fim, ele é condenado culpado. Veja mais aqui (em inglês) e aqui caso queira ver traduzido.

A angústia do momento é real. Os argumentos são pesados. A visão da Bíblia dura e seca. A esperança e bondade dos remanescentes clara. A vontade de se agarrar a Deus, mesmo não o compreendendo é firme. O ódio voltado para um Deus que se cala é fervente. Há muitas provocações para com Deus para ver se Ele se manifesta. No fim todos os condenados a câmara de gás oram.

Apesar de não me acrescentar nada de novo, este filme é muito bom, apesar de pesado. Nele é debatido diversos argumentos tanto em defesa quanto em ataque a Deus. Mas o que me veio a escrever esta postagem, além de deixar o conselho do filme (é um filme feito para TV), foi comentar sobre a importância da Doutrina correta para o nosso ser.

Quantos de nós não nos importamos com a verdade a respeito do universo que a Bíblia tenta nos apresentar. Quantos não pensam sobre as complexidades da vida antes de que elas venham. Quantos desconhecemos a morte, a dor, as injustiças até que elas nos batam na cara. Vemos um mundo mágico e irreal, até que o verdadeiro mundo nos encare.

Não refletimos sobre a vida, as justiças. Só repetimos discursos, frases feitas e desconexas que trazem um conforto temporário mas não uma verdadeira esperança.

Apossar-se da verdadeira doutrina bíblica é aprofundar-se nela como um todo. Não em um ou dois versos, mas vê-la em toda sua complexidade, ou entre sua aparentes contradições.

Por exemplo, a questão do papel de Deus para no universo estava confusa entre os prisioneiros. A morte era tão temida como fim da existência que os argumentos contra Deus eram baseados no fato de crianças morrerem. Crianças sempre morrem. Seja meus, seus, ou de nossos inimigos. Seja por doença, falta de zelo ou maldade.

O argumento mais forte e definitivo contra Deus fora a respeito de sua crueldade. Crueldade nos castigos e mortes que Ele provocara. Definiram Deus como poderoso, mas mal. Elevaram nosso patamar e rebaixaram Deus como um Deus mal e cruel.

Claro que não pretendo rebater todos os argumentos do filme neste post. Acredito que só paulatinamente uma pessoa pode conseguir ter satisfeitas as perguntas mais duras tiradas daquelas almas sofridas. Aqui gostaria só de mostrar quão importante é para nosso viver a sã doutrina, pois essa nos dá esperança. Nos dá firmeza e leva amparo.

Gostaria de concluir refletindo sobre o final. Mesmo os mais rebeldes no julgamento oraram no caminho da câmara. Muitos se enstristeceram com o resultado do julgamento. Todos ficaram sem argumentos para defenderem a Deus. Mas via-se em seus rostos que não lhes agradara a condenação. Que mesmo não entendendo Deus, eles ainda precisavam dEle.

Nós somos assim. E é o Espírito Santo que continua apelando aos nossos corações, mesmo que a mente não consiga defender a Deus. Afinal, O Espírito Santo é muito mais poderoso que qualquer raciocínio humano.

Em suma: apelo a cada um que persista no estudo da Bíblia e indague a Deus a respeito de cada dúvida, cada questão que você tiver, e siga as palavras que o bom Espírito lhe por no coração.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

[Dn 9] A profecia (parte 6)

E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações.
E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.
Daniel 9:26 e 27
Você deve estar estranhado está diferenciação de cores dadas no texto acima. Fiz isso para que você pudesse ver mais claramente o paralelismo literário desta profecia. Veja que enquanto a palavra "semana" liga informações sobre o messias, as palavras "assolar" (destruir), e "determinar" ligam este príncipe com suas obras e sua merecida retribuição.

O porquê disto? Alguns estudiosos vêem nesta passagem um bloco único, começando do "povo do princípe" até o fim do capítulo. Mas nos textos bíblicos é comum este paralelismo apresentado acima. Continue o estudo e tire suas próprias conclusões.

Como vemos, a parte em vermelho representa o sacríficio do Messias na semana (7 anos) que lhe foram dadas junto ao povo de Daniel. Seria cordado como os antigos sacrifícios eram. A informação seguinte é que na metade dessa semana ele cessaria todos os sacríficos e oblações. Veja que segundo Hebreus 9:12 e principalmente em 10:8-18, que coloquei a seguir, vemos a confirmação que Cristo fora quem realmente cessou a necessidade de tais sacríficos:
Como acima diz: Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei).
Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo.
Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez.
E assim todo o sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados;
Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus,
Daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés.
Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados.
E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito:
Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, E as escreverei em seus entendimentos; acrescenta:
E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades.
Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado.
Ou seja, Cristo, com seu sacrifício, destruiu o antigo sistema, estabelecendo um novo e não mais significativo, mas sim real.

Mas o texto também nos dá a data da crucifixão de Cristo, ou seja, sua morte. Na metade da semana. Se a última semana vai do ano 27 d.C. até o ano 34 d.C., a morte de Jesus tinha que se dar entre os anos de 30 e 31 d.C., não? Isto mesmo, e é está data, mais especificamente na páscoa do ano 30, que Jesus veio a ser crucificado segundo os maiores estudiosos.

Incrível, não? Todas as datas batem incrivelmente.

Continuando com a análise do final deste capítulo, vemos que o povo do príncipe que destruiria a cidade de Daniel ainda viria. Neste ponto, muitos estudiosos vêem Antíoco Epífanes como o príncipe referido, por causa de suas intervenções em Jerusalém no segundo século a.C.. Mas tenho que discordar por causa das próprias declarações de Jesus em Mateus 24:15:
Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo; quem lê, atenda;
Aqui vemos claramente que segundo o Mestre, está profecia não teria se cumprido.

Veja que esta profecia de Daniel trata da destruição do templo, sua reconstrução em tempos angustiosos e uma nova destruição. No ano 70 d.C., o comandante romano Tito destruiu Jerusalém, confirmando o aviso dado por Jesus e a recebida por Daniel a séculos atrás.

Outra coisa que se pode deduzir é que Roma é o assolador que duraria até o fim. Seria está a única parte da profecia não se cumprira ou errei em alguma parte da interpretação?