quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Provérbios

Há uma visão errada do que são os provérbios. Visão que era a minha e que foi desfeita ao estudar livros como Entendes o que lês? de Gordon Fee e Douglas Stuart, Hermenêutica Avançada de Henry Virkler e A interpretação Bíblica de Roy Zuck. Nesses textos, eu me dei conta dos erros de interpretação de provérbios tanto populares quanto bíblicos.

Mas em que se consistia os erros? Achava que "máxima' significava "verdade absoluta" ou "indiscutível" e (acho que é aqui que se consistia o grande erro) "sem contradições". Vamos analisar dois provérbios para entendermos melhor o que é não é um provérbio.
Dois bicudos não se beijam.

A ilustração mostra perfeitamente a grande verdade expressa pelo dito popular: duas pessoas brigadas não vão se reconciliar se mantiverem a mesma posição. É uma verdade óbvia, clara e que deve ser aplicada a esse tipo de situação. Entretanto, isso não quer literalmente dizer que duas pessoas exatamente iguais (que tem bicos, por exemplo) não podem se beijar (dar certo) como vemos na foto a seguir.

Os provérbios são diretos, curtos. São aplicados para situações específicas. São usados para mostrar claramente o que você pensa sobre o assunto. Usá-los é dizer, nesta situação, eu fico com as palavras desse ditado.

Eles economizam tempo para se explicar sua opinião sobre o que se discuti. Por exemplo, o que normalmente se fala querer evitar uma briga ou discussão que parece ser eminente? "Quem avisa amigo é".

Partindo dessa compreensão, podemos entender melhor os provérbios bíblicos, os quais, pelo seu caráter sagrado, acabam sendo mal interpretados. O exemplo que gostaria de dar é Provérbios 22:6, o qual já vi diversos pastores e irmãos de igreja tentarem mudar seu texto por interpretarem o texto como repreensão aos maus pais.

Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.
O texto não pretende acusar os pais por que seus filhos estão fora da igreja, pois se assim o fosse até o Pai eterno ficaria em maus lençóis ao lembrar que seus filhos se desviaram de seus ensinamentos.

Mas não é isso que o provérbio diz. O provérbio acima só quer ensinar que vale a pena ensinar boas coisas aos filhos. Não quer dizer que nossos filhos perderam o direito de escolher entre o caminho bom e o mau. Se assim fosse, não existiria liberdade de escolha e sim apenas condicionamento. Mas a liberdade de escolha está clara em diversos outros textos bíblicos de outra natureza [Deuteronômio 30:19; Josué 24:15; Isaías 7:15; Hebreus 11:24 e 25].

Em suma: tente entender a máxima que o provérbio quer aconselhar e use sem medo em seu sentido óbvio. Mas não se feche a força de sua palavra, pois a linguagem humana é falha. Entretanto, Deus a usa para cumprir seu papel [Isaías 55:11], pois a letra mata e o espírito vivifica [2 Coríntios 3:6].

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A parábola das dez virgens

Essa é uma parábola contada por Jesus no contexto de sua segunda vinda. está claro que a parábola trata do povo cristão do tempo do fim, ou seja, que viverá próximo a sua vinda.

No passado tive muitas dúvidas sobre essa parábola, como o egoísmo das virgens com óleo para as lâmpadas e a ideia poligâmica do noivo ter dez virgens para se casar.

Por isso que para entender melhor a parábola é necessário saber como ocorria o noivado e casamento naquela época, o qual explicarei resumidamente. Veja mais em A vida diária nos tempos de Jesus de Henri Daniel-Rops ou demais textos sérios sobre o tema, como comentários, dicionários e enciclopédias bíblicas de renome.

Tudo começava com o noivado que era normalmente de um ano. No dia das bodas [casamento], que normalmente ocorria no período da noite, o noivo seguia a procissão preparada pelo seu melhor amigo [o best man dos casamentos americanos]. Esse formava uma procissão até a casa da noiva gritando por todo o percurso: Aí vem o noivo!

É nesse momento que as virgens, jovens donzelas que tinham o objetivo de iluminar os noivos durante a noite, se unem a procissão em direção a casa da noiva. Depois das bênçãos do pai dela, o cortejo vai para casa do pai do noivo, onde continuaria a cerimônia.

Chegando lá, os homens e mulheres se separam. Os homens ficam festejando e brincando, enquanto a noiva e as virgens se retiram até o momento da bênção do pai do noivo e a consumação do casamento.

A festa das bodas aconteceria depois do noivo consumar o casamento e durava de 7 a 14 dias (sim, estamos falando de um casamento de um homem rico, o qual encantava toda a cidade). Não é pra menos que o vinho tinha acabado no casamento que Jesus presenciou [João 2:1-11].

Interpretando:

Como já dito, as virgens são os cristãos dos últimos dias.

Mas por que Jesus falou que as cinco que não tinha óleo [azeite] extra eram tidas como néscias ou tolas? Uma lâmpada costumava ter a duração de 6 horas. Para que as virgens pudessem iluminar durante toda a noite elas precisariam levar o óleo para o restante da noite em uma vasilha extra, o que as prudentes, precavidas em cumprir seu papel, fizeram. Caso elas dividissem com as néscias, ninguém teria luz até o raiar do dia. Agora entendemos como as demais foram negligentes em seu papel.

O óleo é um claro símbolo do Espírito Santo de Deus [Zacarias 4:1-6, 12, 14; Lucas 4:18].

O que seria a lâmpada no imaginário hebreu? A resposta é claramente a palavra de Deus [Salmo 119:105]. A união dos dois, óleo e lâmpada, produzem luz, seja ela provindo da própria Bíblia, com o Espírito Divino atuando no leitor ou ouvinte, seja pelo instrumento humano [Mateus 5:14-16] quando esse vive a palavra ou a anuncia, sendo em ambos os casos usado pelo Espírito Santo.

O que Jesus quis nos dizer com essa parábola? Que próximo de seu retorno haveria pessoas estudariam a Bíblia com o Espírito Santo para lhes explicar seu significado por um tempo, mas, infelizmente, depois de um tempo, insensatamente não procurariam mais o Espírito Santo para interpretá-la, e sim sua própria sabedoria.

Veja que esse grupo, ao notar que não produziam luz, não irão recebê-la de outra fonte que não seja o próprio Deus. Outro aviso importante é que Deus não ficará "aberto" [para usar a expressão da própria parábola] para vender "sem preço" [Isaías 55:1] esse precioso óleo para sempre, pois a porta iria se fechar [Mateus 25:10].

Mais absurda do que é essa situação é o que ando vendo pelas igrejas onde passo. Há pessoas que procuram o Espírito Santo sim, mas deixam de lado o guia que o mesmo inspirou: a Bíblia Sagrada.

Vocês devem ter visto ou estudado sobre pessoas que dão primazia ao que chamam de Espírito divino, primazia essa que ignora o que o próprio Espírito ensinou nas escrituras, ignorando mandamentos diretos como adultério, roubo, adoração e diversos outros.

Enxergam o Espírito Santo como sinônimo de sentimento e poder, sendo tomados, na verdade, pelo poder de suas próprias emoções.

O objetivo dessa parábola é incentivar os cristãos a agirem como as virgens prudentes, as quais cumprem seu papel de iluminar/anunciar ao mundo a chegada do noivo e sair ao seu encontro prontos, independente de quão atrasado julguem que Ele esteja.
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veja também As parábolas de Mateus 25 e Quem é a noiva?