sexta-feira, 8 de outubro de 2010

4- Carta de Divórcio: A Discussão é levada a Jesus

Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de desquite.
Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.

Mateus 5:31 e 32
Já no Sermão da Montanha Jesus falou do tema do divórcio e foi categórico em sua afirmação. Tão categórico que talvez isto tivesse inspirado os inimigos a um novo embate.

São quatro os textos que tratam do divórcio nos evangelhos: Mateus 5:31 e 32, como visto acima; Mateus 19:1-12; Marcos 10:1-12; e Lucas 16:18.

O texto acima afirma, assim como em Deuteronômio 24:1-4 (veja aqui), que o homem que repudia sua mulher a expõe ao adultério (verifique na ARA). Neste sentido, a tradução da NTLH é muito esclarecedora:
Mas eu lhes digo: todo homem que mandar a sua esposa embora, a não ser em caso de adultério, será culpado de fazer com que ela se torne adúltera, se ela casar de novo.
Essa declaração com certeza mexia com o coração de muitas pessoas, assim como mexe até hoje.

Sabendo do posicionamento de Jesus, os fariseus foram até Jesus com um plano em mãos. Este relato está tanto em Mateus 19 quanto em Marcos 10. Estudaremos mais a fundo o texto de Mateus:
Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?
v. 3
Vejam que a pergunta dos fariseus já nos propõe saber qual é o posicionamento deles a respeito do assunto. Eles acreditavam no posicionamento ensinado pela escola de Hillel (veja mais aqui), ou seja, pode-se dar a carta até para a esposa que queimasse a comida.
Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, E disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne?Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. v. 4-6
A resposta de Jesus, remetida a Gênesis, como já estudamos aqui,  confirma o plano divino para a sexualidade humana.

Nessa resposta, Jesus está claramente dizendo aos fariseus e a plateia presente: Não, não é lícito. Divorciar-se não é a vontade de Deus. Isto era tão claro e nítido, que o era esperado pelos fariseus, por isso eles atacaram com a seguinte pergunta:
Então, por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? v. 7
Ui! Eles jogaram a isca e Jesus mordeu. Como a autoridade de Jesus poderia se suster perante a própria palavra de Deus? Agora suas palavras teriam que ser desfeitas ou Ele deveria se mostrar contrário a palavra de Deus. Veja agora a resposta do Mestre judeu:
Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim.
Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.

v. 8 e 9
Não foi uma ordem orquestrada por Deus, mas uma solução em meio a dureza do coração do homem. E do homem, não no sentido de humanidade, mas do macho da espécie mesmo, pois só o homem podia escolher se separar ou não. Mas Jesus estava agora esclarecendo que queria o ideal divino, e não o remendo.

O verso 9 nos traz novamente que o novo casamento é um ato de adultério. Sim, não é um novo mandamento de Jesus, como se ouve por aí, mas uma exegese profunda do texto de Deuteronômio, sem esquecer os demais textos da Bíblia.

Isto realmente foi impressionante! Ao invés de mostrar que sua autoridade vinha dEle mesmo, Ele mostrou que suas palavras, que pareciam novas a uma plateia que nunca tinha ouvido, estavam totalmente de acordo com o texto bíblico.

A conhecida cláusula de exceção, a "fornicação", vem da palavra grega porneia, que quer dizer "relações sexuais ilícitas", não deve ser vista como um bom motivo para o divórcio e novo casamento por não haver adultério, afinal, quando nos casamos de novo, mesmo que fomos traídos no casamento anterior, ainda estamos entrando em adultério, mas não nos é atribuído culpa por isso.

Uma união com uma nova pessoa enquanto outra que nós copulamos é adultério. Inclusive, se uma pessoa é virgem e se une a uma que já se uniu a outra também, a virgem também comete adultério (Marcos 10:11 e 12 e Lucas 16:18). Destes textos, pode-se concluir que poligamia também se enquadra em adultério.

Mas, assim como vimos em Deuteronômio 24:1-4, Deus permite que a parte que foi exposta ao adultério não se sinta culpada.

Veja que Jesus não discute punição, mas interpretação bíblica e culpa, pois ele não está dizendo que o adultero deve ser morto, pelo contrário, há perdão para o mesmo como veremos na parte 6 desta série de estudos.
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