terça-feira, 22 de setembro de 2009

A necessidade de fortalecer a vontade

"...o pensamento não explica a ação, o pensamento é parte da ação, mas não é toda a ação; A idéia de que apenas pensamos quando agimos é uma característica do racionalismo ocidental, do cientificismo e do positivismo científico. Mas o pensamento não se reduz à ação. Os professores, por mais que pareça estranho, são pessoas que sentem e querem... não só pensam. Esta é uma verdade muito elementar que tem uma profunda tradição filosófica ocidental. Recordamos que, na Odisséia de Homero, Ulisses quis ser atado à vela de seu barco para não sucumbir ao canto das sereias, apesar de ele saber que não devia fazer caso de que as sereias cantassem. O apóstolo São Paulo, na epístola aos romanos [capítulo 7:15 em diante], dizia: "sei o que devo fazer, faço o mal, conheço o mal e o faço". A Filosofia da Ação e a Psicologia Profunda têm mostrado, ao longo do século XX, que fazemos coisas que não queremos, como fazemos coisas sem saber por que as fazemos. Foi Hannah Arendt, entre outros autores, que sintetizou essa idéia de que a vontade é a grande faculdade esquecida da filosofia ocidental, vítima do racionalismo estreito, parcial. Isso quer dizer que devemos dar bastante importância aos motivos de ação do professorado, pois temos educado a mente, mas não o desejo, não educamos a vontade. Damos conhecimentos, mas não educamos os motivos. Para educar é preciso que se tenha um motivo, um projeto, uma ideologia. Isso não é ciência, isso é vontade, é querer fazer, querer transformar. E querer transformar implica ser modelado por um projeto ideológico, por um projeto de emancipação social, pessoal etc. Os motivos, as motivações do professorado têm sido um capítulo ausente da formação de professores e da investigação de professores."
______________
*SACRISTAN, José Girmeno. Tendências investigativas na formação de professores. IN: PIMENTA, Selma G. Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Cortez, 2002, p.85 e 86.

“A religião pura tem que ver com a vontade. A vontade é o poder que governa a natureza do homem, pondo todas as outras faculdades sob sua direção. A vontade não é o gosto nem a inclinação, mas o poder que decide, o qual opera nos filhos dos homens para obediência a Deus, ou para a desobediência”.**
______________
**WHITE, Ellen G. Mensagem aos Jovens. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1996, p. 151.

Nenhum comentário:

Postar um comentário