sábado, 5 de dezembro de 2009

Ambiguidades como um meio de se contemplar a verdade.

Lembro-me de como fiquei impressionado ao ver minha professora de Psicologia da Educação começou a explicar os processos de aprendizado de uma criança através de hipótese, analise da hipótese e reelaboração da hipótese.

Para quem não entendeu patavinas, é o como as crianças elaboram sua compreensão de mundo. Ela encontra por observação ou por dogma alguma máxima e a aplica na realidade e quando confrontada se inicia um conflito interno para se responder a dificuldade encontrada em sua máxima.

Por exemplo, um aluno é indagado como é que o alimento se transforma em energia. A criança responde que depois de mastigarmos, os pedacinhos que engolimos são distribuidos para o resto do corpo. A professora, para tentar entender exatamente o que a criança quis dizer com aquilo, ela pergunta em forma de afirmação que então se ela cortasse com uma faca (Deus me livre) o braço e olhassemos dentro veriamos os pedacinhos de comida. A criança para e começa a pensar e refletir sobre aquilo, pensando em possibilidades de se entender melhor aquele conceito ou de até descartá-lo.

O conflito é totalmente necessário a educação. Para aprendermos temos que por em debate continuamente o que tomamos como verdade. Isto é o que a ciência propõe e, por mais que impressione, a Bíblia também.

Não é raro se ver ambiguidades no texto Bíblico. Ambiguidades estas que forçam-nos a repensar dogmas e doutrinas aprendidas em nossas casas de oração. A Bíblia tem partes dogmáticas, mas mesmo estas partes entrão em debate (nela mesmo) a todo o tempo.

O convívio com a ambiguidade é totalmente natural ao meio acadêmico, mas mal visto por muitos (não todos) religiosos por acreditarem que o canône sagrado não pode se contradizer.

O próprio Jesus apontava contradições na Bíblia, mas não de forma a diminuí-la, pelo contrário, de forma a levar os leitores e ouvintes a refletir na complexidade dos ensinamentos divinos.

Que possamos ser melhores aprendizes e que tomemos os conflitos e ambiguidades como formas de aprendermos da sabedoria expressa nesse livro maravilhos.

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