terça-feira, 10 de novembro de 2009

A História de Jó

A história de Jó sempre me facinou. Claro que não só a mim, mas a meu pai, meus amigos e até os que amam a boa literatura.

Para os que não conhecem alguns pormenores de sua história, Jó foi um homem tão integro que Deus chegou a perguntar a Satã se ao caminhar pela terra ele teria visto o Seu servo Jó.

Satanás, usando de uma lógica nada estranha para nós, indica que sua lealdade a Deus é por puro interesse, e clama a Deus que vá contra ele. Deus não o faz, mas permiti que o seu adversário o faça.

Jó perde seus filhos e bens e, como para Satanás não era pouco, o mesmo toca sua saúde. Sua esposa se volta para com ele e depois de sentir-se abandonado pelos seus irmãos, que não dão sinal de vida, ele começa a clamar por causa do seu sofrimento.

Mas seu clamor não é voltado apenas ao Deus todo poderoso (tradução comum, mas não unanime do termo shaddai). Seus amigos, fiéis companheiros que passaram sete dias em silêncio junto com seu malogrado companheiro, estavam ali e ouviram suas lástimas.

Deste ponto que começa a disputa teológica entre Jó e seus três amigos (Elifaz, Baldad e Sofar). Nesta discussão há tanto ofensa como pensamentos dogmáticos a respeito do Divino e como sua justiça é aplicada ao homem. Enquanto os companheiros de Jó defendem um Deus que só permite sofrimento aos maus, Jó reclama de um Deus que pode tudo, mas falta com misericórdia para com Ele. Todos ignoram o fato de Satã (Satanás em algumas traduções) também está envolvido no sofrimento.

Jó clama que Deus faz o que quer, e ninguém pode dissuadí-lo a fazer o que o mesmo definiu, sendo está a visão de um Deus intransigente, que não permite diálogo. Apesar disso, ele quer uma conferência com Deus, para que ele possa saber os motivos do seu sofrimento e o porquê de ter se tornado um adversário de Deus. Jó também clama ao mesmo Deus, sabendo que ele é o único que pode redimí-lo (19:25 e 26). Só nele ele espera para ser justificado (13:15).

Há muitos detalhes incríveis nesse livro que, infelizmente, não poderei pormenorizar.

Os três amigos se calam depois de Jó declarar suas obras para com os homens. Gostaria até conhecer quem não se calaria, mas o próprio livro mostra quem não se calou, indignado com os quatro interlocutores: Eliu.

Depois da demonstração de Eliu, quem entra em cena não é ninguém menos do que o próprio Ser em debate. Deus começa repreendendo exaustivamente Jó por falar do que não entende. Deus mostra a Jó que ele não é capaz de entender nem o que está em frente a seus olhos, imagine toda a trama que ocorre como sofrimento humano. Jó ainda não tem conhecimento que Satanás também é responsável pelo sofrimento, mas compreendeu muito bem a lição de Deus, declarando:

Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.
Jó 42:2-6


Em seguida Deus repreende aos três amigos de Jó por não terem falado o que era reto de Deus e os três tiveram que pedir perdão a Deus com a intercessão de Jó. Interessante que os mesmos poderiam ter intercedido por Jó quando o mesmo estava em dificuldades, mas os mesmos preferiram acusá-lo de pecados que eles mesmos desconheciam.

Por fim, Jó é lembrado por seus irmãos, tendo suas riquezas restabelecidas, e dez novos filhos.

Esse é um apelitivo da incrível história de Jó. Não deixe de ler este livro, pois muitos argumentos a respeito da justiça de Deus são meras repetições do que se encontram no livro mais respeitado pelos não literados na Bíblia Hebraica.

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