quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O cristão pode comer de tudo?

Na Bíblia Hebraica, Deus deixou para seu povo um regime dietético próprio para eles seguirem. Atualmente, os cristãos acreditam que este regime durou só até Jesus. Eles utilizam textos como esse para justificarem sua alimentação liberal:
E ele disse-lhes: Assim também vós estais sem entendimento? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar,
Porque não entra no seu coração, mas no ventre, e é lançado fora, ficando puras todas as comidas?
E dizia: O que sai do homem isso contamina o homem.

Marcos 7:18-20
O texto do verso 19 na Nova Tradução da Linguagem de Hoje (NTLH), Almeida Revista e Atualizada (ARA) e Nova Versão Internacional acrescentam algo similar a "Com isso Jesus quis dizer que todos os tipos de alimento podem ser comidos" [NTLH]. Já a Bíblia de Jerusalém traz em sua nota h) da página 1769:
h) Lit.: "purificando todos os alimentos"; parte de frase obscura (talvez glosa) e interpretada de diferentes maneiras.
Mesmo se não for glosa, o erro de interpretação desse texto está no fato de considerar tudo alimento. Será que entraria nisso as drogas, os venenos? Animais que claramente fazem mal a saúde? Plantas indigestas para nosso organismo?

Mas não gostaria de responder a interpretação que o cristão pode comer de tudo agora simplesmente com linhas argumentativas, mas diretamente com a exegese bíblica sobre o assunto.

Desde a criação Deus deixou claro o que seria de alimento tanto para o ser humano quanto para o animal:
E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, servos-á para mantimento.
E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi.

Gênesis 1:29 e 30
Depois do pecado, Deus abrangiu o que seria alimento para a erva do campo como um castigo da desobediência (Gênesis 3:18 e 19). Depois da primeira destruição da Terra no dilúvio, Deus permitiu ao homem comer dos animais da terra (Gênesis 9:3 e 4) mas note que antes de permitir isto, ele já tinha declarado quais animais eram limpos e imundos (Gênesis 7:2 e 3).

Em Levítico 11 ele deixa clara as regras para saber qual animal iria ser alimento ou não:
Fala aos filhos de Israel, dizendo: Estes são os animais, que comereis dentre todos os animais que há sobre a terra.
Levítico 11:2
 O que quero que você veja nos textos acima, que Deus não considera tudo como alimento. Veja que ele deixa claro o que é alimento e o que não é. Pensando nisto, fica fácil entender que não devemos aumentar a lista de permissão, sem ele mesmo não o ter feito.

As carnes proibidas não são alimento. Drogas não são alimento. Muito menos veneno, ou capim, ou qualquer outra coisa que não seja digerível por nosso organismo. No texto de Marcos, Jesus deixa claro que é para se preocupar menos com a questão do lavar ou não as mãos ao ingerir os alimentos (veja que são alimentos, e não qualquer coisa) e se importar mais com o reino de Deus.

Outro texto utilizado nessa discussão é o da visão de Pedro sobre os animais impuros, os quais, na visão, são purificados por Deus e se é ordenado que se coma (Atos 10). Pedro ficou tão abismado com a visão (ou seja, não deveria ficar se Jesus já os havia purificado em Marcos 7:19, não é?) que fora necessário repetir-se 3 vezes a visão, tendo sempre o mesmo resultado em seu ser. Mas ao chegar na casa de Cornélio ele descobriu a mensagem de Deus. O verso 28 do mesmo capítulo mostra claramente que não se está falando de alimentos, mas sim de homens que Deus não considerava imundo, como os judeus os consideravam.

Outro texto mal interpretado sobre o assunto é o de I Coríntios 14, onde muitos cristãos atuais acusam os vegetarianos de serem fracos. Na verdade, Paulo estava tentando desfazer brigas que eram causadas possivelmente pela discussão de Daniel 1, onde se declara que Daniel e seus amigos se absteram das iguarias babilônicas e comeram legumes, se tornando mais saudáveis dos que não fizeram tal regime. Paulo queria que eles simplesmente não brigassem por isso, valorizando uns aos outros por estarem fazendo seja o que for para honra e glória de Deus.

Infelizmente, esta permissividade pregada em nossos púlpitos acaba levando-nos a ter uma vida não tão saudável quanto Deus gostaria. Sei que depois de nos acostumarmos com um regime é difícil gostarmos dos alimentos deixados por Deus. Mas sei que ao nos esforçarmos para seguirmos as orientações divinas, Deus transformará gradativamente nosso paladar para as coisas que realmente fazem bem.

Isto é tanto verdade que até os animais teram seus hábitos alimentares restaurados em semelhança a criação, voltando ao seu alimento original (Isaías 11:6 e 7).

2 comentários:

  1. Olá João, recomendo você ver uma palestra do Pr. kowalzuk sobre a cosmovisão adventista e estilo de vida.

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  2. Valeu pela dica, Evandro.
    Vou procurá-la.

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