quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Línguas estranhas

O dom de línguas foi o primeiro Dom manifesto na descida do Espírito Santo prometida por Jesus (Atos 2). Os gentios que estavam na casa do centurião Cornélio receberam o dom também, sem nem terem sido batizados ainda (Atos 10:44-48). Ao impor a mão sobre 12 homens judeus em Éfeso, Paulo auxiliou-os a receber de Deus o dom de línguas e profecia.

Esses textos isolados são usados para mostrar que o poder do Espírito Santo é manifesto pelo dom de línguas, e os que não o recebem não receberam o que muitos chamam de "o batismo do Espírito Santo". Mas o próprio texto que introduz o dom de línguas também mostra o que ele é efetivamente:
E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente reunidos no mesmo lugar;
E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.
E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando?
Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?

Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,
E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
11 Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.
12 E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?
13 E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.

Atos 2:1-13
Acho que fica esclarecido com estes destaques no texto que o dom de línguas é falar em línguas não conhecidas pelas pessoas que os estão falando. Paulo também confirma isto em I Coríntios 14:10-11. É como se eu, que não tenho a mínima noção de como se falar chinês ou mandarim começasse a falar normalmente essa língua, sem nunca ter me instruído a respeito. Este é o dom de língua e, sim, ele é de concepção sobrenatural.

Como este dom ganhou esta conotação de ser uma prova de ter o Espírito Santo, além de assombrar grandemente os espectadores (Veja logo acima Atos 2:12 e 13), muitas pessoas procuram mimetizar este dom. Este problema não é só atual, mas também existia na época de Paulo.

I Coríntios 12 à 14 é uma resposta a Paulo exatamente a este problema na igreja de Corinto. Paulo inicialmente tentou mostrar que o Espírito Santo não tem só um dom, e que ele não dá o mesmo dom a todos (capítulo 12). Comparou como um corpo que precisa de todas as suas partes para funcionar em sua plenitude.

Já no capítulo 13 ele mostrou o dom soberano do Espírito: o amor. Já no 14, ele chega ao seus fins mostrando o problema da igreja de corinto: a utilização feita pelo dom de línguas. Ele deu toda esta volta para mostrá-los que este dom estava sendo mal compreendido.

No capítulo 13 ele cita a língua dos anjos, para mostrar que ela não tem valor nenhum se a pessoa que a utiliza não tiver amor. É uma hipérbole para mostrar que o dom de línguas, sejam elas terrestres ou celestiais, não tem nenhum sentido se não forem movidos pelo amor. E o que Paulo vem trazendo no 14? O dom de línguas é para edificação própria, e não da igreja (verso 4).

Isso até poderia não ter grande importância, pois crescer é bom, não é? Este capítulo veio logo após o capítulo do amor mais sublime, aquele amor que só pensa no outro, e não em si (I Coríntios 13:4-7). No fim Paulo dispara:
Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos.
Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida.
[...]
E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete.
Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus.

I Coríntios 14: 18, 19, 27, 28

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