domingo, 4 de abril de 2010

Liberdade

Normalmente, ao falarmos em liberdade queremos nos livrar de algo que nós prende, sendo isto realmente opressor ou não.

Lembro-me de ouvir pessoas usando essa palavra para se desgarrarem dos pais, para serem libertos de sua escravidão, para serem livres da cadeia, para se sair de um casamento, para se desobrigarem das obrigações legais de seus filhos, ao saírem de um emprego, também ao se libertarem de um vício, e o pior de todos, para se livrar do próprio Deus.

Veja que a palavra pode ser usada por qualquer um, em qualquer contexto. Ela por muitas vezes me soa como um "me deixe em paz!".

Mas a liberdade absoluta (sem compromissos e deveres com nada) é impossível. Talvez só a morte o conceda.

Notemos também que o uso de liberdade e escravidão (antônimo mais próximo de seu significado) se invertem facilmente. Vejamos as reflexões causadas pelos textos bíblicos abaixo.
E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito:
O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração,
A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor.
E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos.
Lucas 4:17-21
Ao aplicar a si mesmo estes versos de Isaías, Jesus se coloca como o grande libertador. Veja que ele diz em João 8:32 que a verdade nos libertaria e em 14:6 Ele afirma que Ele é a verdade.

Mas o mesmo se inverte, ao se colocar como servo (que também poderia significar escravo).
Então Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles.
Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal;
E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo;
Bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
Mateus 20:25-28
Jesus se coloca como servo e diz que nós deveremos sê-lo também. Essa aparente contradição, que alguns menos atentos podem jogar para a autoria, vemos mais claramente exposta por Paulo, que explicita claramente o quê é uma escravidão voluntária.

A escravidão que Paulo mais abominava era a causada pelo pecado (Romanos 6:15-23; 7:14), mas tinha uma que ele escolheu para si:
Porque, sendo livre para com todos, fiz-me servo de todos para ganhar ainda mais.[...]
Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.
I Coríntios 9:19 e 27
Desta forma, vemos claramente que a verdadeira liberdade é escolher a quem se serve, pois o ato voluntário tira o peso dos ombros. Da mesma forma, escravidão é não querer mais servir e se ver preso a isso... sem forças para se sair.
Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.
Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
Gálatas 5:13 e 14

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