Dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava o homem.Gostaria que vocês notassem, logo de início, as primeiras palavras da parábola. Exatamente! Elas já trazem a lição para ser aprendida. Mas por que Lucas decidiu mostrar a lição da parábola antes mesmo de contá-la? Eu acredito por causa do perigo que há de interpretarmos ela de outra forma.
Havia também, naquela mesma cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário.
E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,
Todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me importune muito.
E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz.
E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?
Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando porém vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?
Lucas 18:1-8
Perigo? Sim, veja a tendência que eu tinha ao ler essa parábola, tendência que talvez você ou alguma outra pessoa possa sentir também. Acompanhem raciocínio abaixo:
Se o juiz iníquo atendeu o pedido da mulher por lhe importunar, então, com Deus, que é justo e sabe todas as coisas, não precisamos ficar amolando-o a todo momento para nos responder, não é mesmo?
Caso você tenha visto lógica no pensamento acima, saiba que você está certo. Existe lógica. Mas não é isso que Jesus quer ensinar. Veja que o que ele quer ensinar é que devemos orar sempre, sem nunca esmorecer, desistir, desfalecer, etc.
É claro que Deus não gosta de repetições (Mateus 6:7), mas ele almeja que você sempre abra seu coração a Ele (Salmos 62:8) e que ore sem cessar (I Tessalonicenses 5:17). As repetições que ele não quer ouvir são as palavras sem significado que nós proferimos, por mais belas que elas pareçam.
A verdadeira lição que Jesus queria nos ensinar é de que nós devemos insistir na oração sempre, por mais que pareça que Deus se atrase em responder ou não se importa, o que não é verdade. Ele faz tudo no tempo certo, no momento mais propício para o bem maior. A lógica correta da parábola então seria:
Se eu insisto em clamar a um juiz mau, que me maltrata, desdenha de meu caso e me faz sempre me sentir mal em sua presença, então como não terei prazer em clamar a um juiz bom, que sempre me ouve, e me ama, me faz bem, traz-me paz e consolo, além de insistir para que eu o procure?
Sempre orar, sem nunca esmorecer. Abra sempre seu coração a Deus e diga todas as suas alegrias e frustrações a Ele. Você não pode cansar Seus ouvidos.