terça-feira, 29 de dezembro de 2009

E o perdão?

Seguindo o raciocínio demonstrado na última postagem, como ficaria o caso do perdão?

Não pense que o raciocínio demonstrado anteriormente é próprio de minha pessoa. Além de estudiosos modernos, temos casos bíblicos que demonstram que rabinos já pensavam dessa maneira a muito tempo. Vejamos o texto:

"Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete". Mateus 18:21 e 22.

O raciocínio de Pedro demonstra o que se pensava normalmente na época de Jesus, que sete era o limite. Não era levado como um número simbólico, mas como literal. Jesus desmantela está interpretação, dando-lhe um número que ninguém pensaria em contar.

De forma alguma os textos da Bíblia Hebraica estavam indicando uma interpretação como esta, mas sim que Deus tem um limite para reter sua mão, não para perdoar o arrependido, pois este é seu desejo (Ezequiel 33:11). Da mesma forma, Ele não quer que limitemos nosso perdão.

Além disso, perdão e misericórdia trabalham juntos, mas de forma alguma são a mesma coisa. A misericórdia seria reter a justiça para o bem do transgressor, enquanto o perdão seria a aceitação de um pedido para se restaurar um elo ou estado anterior que foi quebrado pelo próprio solicitante*.

Claro que a muito o que se meditar entre as diferenças entre perdão e misericórdia (caso eu tenha cometido algum erro, por favor, me corrijam), mas a lição do Mestre está clara: seu perdão não tem fim [será? Mt 12:32] e nós devemos seguir seu exemplo, tendo sempre um coração desejoso de conceder o perdão.
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* Estas são minhas definições pessoais retiradas dos estudos bíblicos a respeito do assunto. Os dicionários aproximam muito os dois termos, tendo algumas entradas como sinônimas entre eles.

Misericórdia sem limites?

"As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; Novas são cada manhã; grande é a tua fidelidade". Lamentações 3:22 e 23

Se chegarmos a pensar que o texto acima põe fim à discussão... bem, não põe?

Claro que para a teologia bíblica demonstra que os méritos da salvação pertencem somente a Deus, sendo assim, seus protegidos alvos de sua misericórdia eterna. Neste tipo de pensamento que o texto se encaixa.

Agora, a interpretação na qual o texto não se encaixa, numa exegese canônica, é a de que suas misericórdias não permitem a execussão de sua justiça.

Mesmo todos sendo alvo desta misericórdia, a justiça divina não permite que o mal dure para sempre (Apocalipse 21:8), tendo, deste modo, um limite o qual não pode mais retardar sua retribuição. Vejamos os textos:
"Então disse a Abrão: Sabes, de certo, que peregrina será a tua descendência em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos, Mas também eu julgarei a nação, à qual ela tem de servir, e depois sairá com grande riqueza. E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia". Gênesis 15:13-16
Segundo esse texto, Abrão só não tomou posse da terra por que o limite de injustiças que o amorreus estavam cometendo ainda não tinha se completado. Tem outro texto que ainda completa este tipo de pensamento:
"Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Damasco, e por quatro, não retirarei o castigo". Amós 1:3 (ARC)
"Assim falou Iahweh: Por três crimes de Damasco, e por quatro, não o [referindo-se ao castigo] revogarei". Idem (Bíblia de Jerusalém)
"Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Damasco e ainda mais por quatro, não anularei o castigo". Idem (NVI)
O número sete é um número que significa a completude na antiguidade do oriente médio (veja também Provérbios 6:16-19). Os textos acima, juntamente com o original, trazem a conjunção "e" e "waw" respectivamente, que podem ser interpretadas como aditivas. Interpretando dessa forma, vemos que há um limite ao qual Deus não pode mais retardar seu castigo. Seria a medida da iniquidade cheia.

Deus é muito paciente, tanto que muitos chegam a reclamar de tanta "impunidade" por parte dEle. Outros chegam até a caçoar do atraso de sua volta (II Pedro 3:4). Mas, segundo as Escrituras:
"O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se". II Pedro 3:9

sábado, 26 de dezembro de 2009

Senso de Assombro.


"De modo geral, o mundo perdeu o senso de assombro. Crescemos. Já não perdemos o fôlego diante de um arco-íris ou do perfume de uma rosa, como acontecia antes. Ficamos maiores e todo o resto ficou menor, menos impressionante. Tornamo-nos apáticos, sofisticados e cheios de sabedoria do mundo".
MANNING, Brennan. O evangelho maltrapilho. São Paulo: Mundo Cristão, 2005.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

O Natal mais esperado!

Uma criança é algo fascinante, não é mesmo? Completamente dependente, não consegue, como no caso dos recém-nascidos de outros animais, viver sozinho assim que nasce.

Muito frágil e completamente dependente dos cuidados dos pais é o bebé humano. Ele exige o amor e a atenção dos pais, fazendo-os esquecerem-se de si próprios para cuidarem dessa nova criaturinha.

Todos que foram pais ou conheceram pessoas que se tornaram puderam sentir isso. E hoje, o mais incrível parto que já aconteceu está sendo comemorado.

Claro que pelos relatos deixam claro que o natal do menino Jesus não foi dia 25 de dezembro, data atribuída para misturar melhor as crenças cristãs com as pagãs na tentativa de tornar o império de Constantino mais uno.

Mas é um dia que devemos lembrar do bebê mais esperado, e aproveitar e relembrar o fato de um Deus ter se tornado neném. Sim, neném.

Um ser supremo, segundo os ensinamentos neotestamentários, se tornou criança e passou pelas nossas dificuldades. Ele vestiu nossa pele, e teve que se tornar dependente, assim como um bebê o é.
De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.
Filipenses 2:4-8.
Assim como Jesus se humilhou, nos deveríamos nos humilhar. Não deveríamos tratar nosso semelhante (entenda por isso "toda a humanidade") como alguém inferior nunca. Caso sejamos tentados em assim o fazer, que possamos nos colocar na posição inferior que nosso próximo se encontra, assim como Jesus fez para conosco.

Que possamos aprender com o exemplo do mestre. Tenham todos um feliz natal!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Contrato particular

Ontem, ao voltar de uma prova no metrô, estava refletindo na possibilidade de uma pessoa estar enganando outra para aumentar seus rendimentos através de uma mentira. Coisa de dizer que vai fazer tal coisa como dinheiro, mas na realidade só quer mais dinheiro.

Pensei na desonestidade disto, mas meus pensamentos não ficaram só aí. Eles chegaram até a adentrar nos pensamentos da outra pessoa e assumir que essa pessoa poderia considerar que estaria simplesmente estar reivindicando um direito seu de uma maneira mais amena.

No momento em que começou a passar por minha mente o fato de eu também poder reivindicar esse direito, fazendo com que disfrutassemos dos mesmos direitos, veio a mim seguinte resposta de Jesus para Pedro: "Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu." João 21:22; acompanhado também da parábola dos trabalhadores da vinha (Mateus 20:1-16).

Ahn?!? Mas o que tam a ver?

Bem, o contexto do texto de João é incrível. João foi o único discípulo que não abandonou Jesus no momento mais crucial (literalmente) da história da humanidade. Mesmo o intrépido Pedro o negou em voz alta. Neste capítulo, logo após Pedro receber o perdão e estimulo do Mestre, Pedro começa a se questionar: "Se eu que o neguei fui posto para cuidar das ovelhas amadas do meu Mestre, o que será de João, que esteve com Ele nos momentos mais difíceis?" Neste contexto que vem a resposta de Jesus:
Se eu quero que ele fique até que eu venha, que te importa a ti? Segue-me tu.

Do mesmo modo os trabalhadores da vinha que questionaram seu empregador, pois haviam começado o trabalho mais cedo e receberiam o mesmo salário, receberam uma resposta similar:
Amigo, não te faço agravo; não ajustaste tu comigo um dinheiro? Toma o que é teu, e retira-te; eu quero dar a este derradeiro tanto como a ti. Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom?
Deus tem um contrato especial com cada um. Ele sabe das nossas dificuldades e fraquezas pessoais. Ele sabe que muitas vezes caímos e nos dá força para ser reerguidos. Ele sabe que muitas vezes somos tentados a seguir os maus exemplos de pecados que estão ao nosso redor, mas Ele repete "olhe para mim, não para o pecador! Eu sou seu Mestre! É comigo que você tem que se acertar, não com seu irmão".

Se nosso irmão pecou e foi perdoado, glória a Deus porque lhe concedeu misericórdia. Se nós permanecemos fiéis, glória a Deus pois é Ele que nos sustém.

Cada um de nós temos um contrato particular com Cristo. Nós fizemos promessas particulares e compromissos que muitas outras pessoas não fizeram. Por isso não devemos reinvindicar para nós direitos de outros. Jesus nós prometeu diversas coisas. Devemos confiar nas suas dádivas e deixar que Ele cuide dos compromissos que Ele fez com os nossos outros irmãos.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Espírito


O vocábulo "espírito" veio diretamente do vocábulo latino spiritus. Apesar de todo o imaginário moderno a respeito dessa palavra, seu significado inicial é "sopro" e "respiração".

Foi a palavra latina utilizada para traduzir a palavra grega* pneuma e a hebraica* ruaḥ, tendo ambas o significado de vento, sopro.

Dessa forma, o texto de Eclesiastes 12:7 ("E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu".) simplesmente refere-se ao famoso último suspiro, sendo esse o mesmo sopro de vida dado em Gênesis 2:7 e retomado na hora da morte.

O termo espírito não está preso apenas ao sopro de vida, mas é usado de diversas outras maneiras, mas sempre aproveitando o sentido básico da palavra.

Como o vento tem como característica o impulsionar tanto barcos, nuvens e diversas outras coisas,além de ser invisível mas poderoso e notável, os usos dados pela a Bíblia abrangem esses atributos que o mesmo tem.

Desta forma podemos entender melhor alguns textos bíblicos que aparecem traduzidos como espírito. Na maioria das vezes, quando aplicado a seres humanos, o espírito se refere ao que o impulsiona, motiva, inspira a fazer algo. Quando se refere a Deus (como João 4:24), muitas vezes nos faz refletir em Sua natureza, comparando-a à do vento.

Espero que tenha ajudado.
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* Essas são as línguas que se acreditam serem as originárias dos textos bíblicos, sendo a língua hebraica a original do Antigo Testamento, tendo uma tradução helenísta (a septuaguinta), e a grega a originária dos textos neotestamentários. As versões latinas são traduções dos manuscritos dessas duas línguas.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Ambiguidades como um meio de se contemplar a verdade.

Lembro-me de como fiquei impressionado ao ver minha professora de Psicologia da Educação começou a explicar os processos de aprendizado de uma criança através de hipótese, analise da hipótese e reelaboração da hipótese.

Para quem não entendeu patavinas, é o como as crianças elaboram sua compreensão de mundo. Ela encontra por observação ou por dogma alguma máxima e a aplica na realidade e quando confrontada se inicia um conflito interno para se responder a dificuldade encontrada em sua máxima.

Por exemplo, um aluno é indagado como é que o alimento se transforma em energia. A criança responde que depois de mastigarmos, os pedacinhos que engolimos são distribuidos para o resto do corpo. A professora, para tentar entender exatamente o que a criança quis dizer com aquilo, ela pergunta em forma de afirmação que então se ela cortasse com uma faca (Deus me livre) o braço e olhassemos dentro veriamos os pedacinhos de comida. A criança para e começa a pensar e refletir sobre aquilo, pensando em possibilidades de se entender melhor aquele conceito ou de até descartá-lo.

O conflito é totalmente necessário a educação. Para aprendermos temos que por em debate continuamente o que tomamos como verdade. Isto é o que a ciência propõe e, por mais que impressione, a Bíblia também.

Não é raro se ver ambiguidades no texto Bíblico. Ambiguidades estas que forçam-nos a repensar dogmas e doutrinas aprendidas em nossas casas de oração. A Bíblia tem partes dogmáticas, mas mesmo estas partes entrão em debate (nela mesmo) a todo o tempo.

O convívio com a ambiguidade é totalmente natural ao meio acadêmico, mas mal visto por muitos (não todos) religiosos por acreditarem que o canône sagrado não pode se contradizer.

O próprio Jesus apontava contradições na Bíblia, mas não de forma a diminuí-la, pelo contrário, de forma a levar os leitores e ouvintes a refletir na complexidade dos ensinamentos divinos.

Que possamos ser melhores aprendizes e que tomemos os conflitos e ambiguidades como formas de aprendermos da sabedoria expressa nesse livro maravilhos.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Homossexualismo definido geneticamente?


A revista Isto É desta semana vem com uma reportagem intitulada "11 perguntas que os cientistas ainda não conseguem responder" (veja aqui). A oitava dessas perguntas é exatamente sobre o título dessa postagem (veja aqui).

Fica claro aqui que não há um real consenso científico a respeito do assunto. Na verdade, o que está acontecendo é que muitas pessoas tentam usar a autoridade atribuida a ciência para diminuir os preconceitos (uma boa intenção, mas que leva a uma falsificação da realidade) que existem contra os homossexuais. Infelizmente uma mentira não ajuda em nada, só mascara a realidade complexa que há na homossexualidade.

Não sei se vocês já tiveram algum amigo gay que lhes disse: "Como pode ser errado, pois Deus me fez assim", usando os argumentos incertos, passados como certos pela maior parte da mídia.

Esse costume está tão arraizado que homens adulteros usam o mesmo argumento dito científico para mostrar que só está seguindo o que ele está geneticamente disposto. Imagine se pedófilos e estrupadores começarem a se apoiar na ciência para justificarem seus erros. Imaginem se ladrões e assassinos fizerem o mesmo. As prisões ficaram mais e mais vázias.

Nossas paixões sexuais não podem ficar presas a falsas afirmações que são chamadas ciência. Deus definiu nossa orientação sexual na criação do mundo e o que passa disto é desvio.

Felizmente, a Bíblia apresenta uma salvação para todos aquele que não encontra força para vencer o pecado. Não é porque nós erramos em nossa vida sexual (ou em qualquer outro aspecto) que a palavra divina nos deixa desamparado.

Davi, que cometeu adultério seguido de mentiras e assassinatos pediu uma simples coisa a Deus:
"Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto". Salmo 51:10
O "Cria" (barah) refere-se a um verbo que só é usado na ação criativa de Deus (veja nota do verso na Bíblia de Jerusalém, p. 916 nota a) que faz surgir algo do nada. Davi então está reconhecendo que só Deus pode fazer um coração diferente, e também diz que o seu atual coração não tem nada de proveitoso, pedindo que Deus o crie do nada.

O verdadeiro desejo de Deus para o pecador é:
"Dize-lhes: Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis, ó casa de Israel?" Ezequiel 33:11.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Parábolas

Segundo o Priberam, parábola é: " Narração alegórica que envolve algum preceito de moral, alguma verdade importante".

Já o Dicionário Bíblico de John D. Davis acrescenta que a mesma pode conter um ensinamento religioso (veja p. 443, é um bom estudo).

Mas... por que trazer este assunto? Para ficar claro que parábola não pode ser vista como um todo sobre a verdade bíblica. Não poderíamos pegar uma única parábola e por ela descrever por inteiro as verdades espirituais.

Vamos a um simples exemplo para mostrar como Jesus conhecia essa limitação que as parábolas tem e como ele a superou.

O texto é o de Lucas 15, que traz, provavelmente, a mais conhecidas parábolas que Jesus já contou.

Lucas 15 começa com a parábola da ovelha perdida pelo pastor que não titubeou para largar as noventa e nove para trazer de volta uma única. Depois vêm a da dracma perdida por uma mulher que procurou por toda a casa incansavelmente até achar a moeda que valia tão pouco para o comércio, mas que recebeu tanta dedicação vinda de sua dona.

Por fim, talvez a mais conhecida e repetida das parábolas: a do filho pródigo.

Se formos levar cada uma das parábolas em sua literalidade a sério com certeza não demonstraríamos o verdadeiro espírito que Jesus queria passar nessa sequência de parábolas.

Vejam: Deus não é de abandonar seus filhos para buscar a outros (Gn 28:15; Is 49:15) ; muito menos desleixado o suficiente para perder um de nós (Hb 2:13); muito menos passivo para esperar o filho se arrepender sem constante apelo Seu (Jr 31:3; Fp 2:13; At 7:51).

Agora vejam como elas juntas se completam. Na primeira, Jesus nos ensina que mesmo por uma única ovelha Deus estaria disposto a vir atrás, pois seu valor é único e inestimável para ele, mesmo sendo um ser sem valor a vista das outras pessoas (parábola da dracma) e que há festa para aquele que se salvou, pois o mesmo estava longe da graça do Pai, contrastando do irmão que já vinha recebendo as bênçãos da presença do pai.

Espero que tenha ficado claro o porquê não devemos levar a parábola de modo literal, pervertendo, assim, os ensinos maravilhosos de nosso Senhor.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Usando a Bíblia contra a própria Bíblia

Uma das maiores autoridades de todos os tempos em diversos povos no mundo é a Bíblia Sagrada. Chego ao atrevimento de dizer que é a maior autoridade escrita de todos os tempos.

Claro que não são todos que a adotam como regra de fé e sabedoria, mas por ter estas funções para um grande número de pessoas, ela é usada para defender argumentos e idéias a respeito de diversos assuntos, inclusive sua veracidade como palavra de Deus ou não.

Ela é usada por ateus para afirmarem a inexistencia de Deus, por ufologos para comprovar a existência de vida alienígena, por pessoas de religiões não judaicas-cristãs para comprovar sua fé e, o mais comum de todos os usos, o por diversos seguimentos religiosos judaicos-cristãos para mostrar erros das outras religiões e confirmarem a sua própria.

O debate sobre os escritos bíblicos realmente não é novo. Em Jó vemos uma discussão sobre interpretações das noções da providência divina, perpassando por diversas noções bíblicas, apesar de não citá-las explicitamente. Mas o maior de todos as discussões e mais icônicas sobre o assunto é de Jesus e o Diabo, na tentação do deserto (Mt 4:1-11; Lc 4:1-13).

O uso das escrituras por Jesus é algo completamente compreensivo no texto, pois a mesma é como uma revelação de seu ser (João 5:39). O realmente impressionante é o uso das escrituras por seu maior adversário.

O uso da Bíblia pelo Diabo tinha a intenção de fazer o mesmo tropeçar na interpretação da mesma, fazendo com que a obdiência a mesma levasse Jesus a se afastar do Pai.

Neste momento poderíamos pensar: "O que fazer então, se a própria Bíblia pode nos levar a condenação?". A resposta vem do próprio salvador. Ele responde com a própria Bíblia.

A interpretação parcial dos textos bíblicos podem nos levar a más interpretações que podem nos levar a destruição, além de podermos levar outros a completa destruição.

A Bíblia deve ser lida com muito cuidado, amor, orientação, contextualização e, principalmente, com o santo e bom Espírito de Deus.

Por favor, não deixe a própria Bíblia ser motivo de sua destruição.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Alma


Incrível como a noção de alma bíblica foi completamente perdida em meio as traduções.

Muitos leitores da Bíblia hoje, sempre quando se deparam com essa palavra, pensam numa entidade que vive dentro do corpo, o que foge completamente da noção dada pela Bíblia.

Os acadêmicos, com seu ceticismo habitual, conseguem ver melhor o que realmente o texto bíblico diz, em contraposição a maioria das religiões.

Na Bíblia de Jerusalém, a seguinte nota explica um pouco sobre os conceitos antigos do termo hebraico nefeš , que é encontrado em várias línguas semíticas e que abrangem o seguintes sentidos:
"O termo hebraico nefesh (cf. Gn 2,7) designa a respiração vital (e por extensão a garganta), que está no princípio da vida e que se retira por ocasião da morte. O termo designa frequentemente o homem, ou o animal, como indivíduo animado (Gn 12,5; 14,21; Ex 1,5; 12,4 etc.), ou nas diferentes funções de sua vida corporal ou afetiva, sempre ligadas entre si (cf. Gn 2,21+). A expressão "minha alma" [o contexto desta nota é Sl 6:5] equivale frequentemete ao pronome reflexivo "eu próprio, mim mesmo" (cf. Sl 3,3; 44,26; 124,7; Gn 12,13; Ex 4,19; I Sm 1,26; 18,1-3 etc.), assim como "minha vida", "minha face", "minha glória". Estes diferentes sentidos de "alma" permanecerção vivos no NT (psychê; cf. Mt 2,20; 10,28; 16, 25-26; I Cor 4,16+; 15,44+)".
Bíblia de Jerusalém, p. 868, nota a).

Precisamos aprender mais sobre o que a própria Bíblia diz sobre ela, para que, no mínimo, não a interpretemos segundo nossos "pré-conceitos".

Serpente Alada de Heródoto

Acabei descobrindo uma citação de Heródoto, um antigo historiador grego (veja aqui), sobre uma serpente alada. Veja a descrição abaixo, ou no site que contém o seu livro História traduzido aqui:
LXXV — Há na Arábia, perto da cidade de Buto, um certo lugar para onde me dirigi, a fim de me informar sobre as serpentes aladas. Vi, logo à minha chegada, uma quantidade prodigiosa de ossos e de espinhas dessas serpentes. Esses ossos — grandes, médios e pequenos — estão espalhados por todos os lados. O local em que se encontram fica situado numa garganta apertada entre duas montanhas, de onde se abre vasta planície que confina com a do Egito. Dizem que as serpentes aladas voam da Arábia para o Egito assim que chega a Primavera, mas que as íbis, indo ao encontro delas no ponto de junção do desfiladeiro com a planície, impedem-nas de passar, matando-as. Os Árabes asseguram que é em reconhecimento desse serviço que os Egípcios têm grande veneração pela íbis, e os próprios Egípcios confirmam isso.

CIX — Se as víboras e as serpentes voadoras da Arábia não morressem senão de morte natural, a existência se tornaria impossível para os homens; mas acontece que, quando o macho e a fêmea se unem no coito, esta, no momento do espasmo, agarra fortemente a garganta do companheiro, estrangulando-o e devorando-o em seguida. Assim perece o macho. A fêmea recebe, por sua vez, a punição: os filhotes, no momento de nascer, roem-lhe o útero para abrir passagem, vingando, dessa maneira, a morte do pai.
As outras serpentes, que não fazem absolutamente mal aos homens, põem ovos, dos quais vemos sair uma multidão de pequenas serpentes. Há, como ninguém ignora, víboras por toda a terra, mas só na Arábia se encontram serpentes aladas, motivo por que seu número é sempre pequeno em relação às outras.


Veja também as seguintes postagens "Cobra com patas?" e "Cobra alada".

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A Bíblia de Jerusalém

Esta postagem abrem o marcador de Bíblias.

Muitas pessoas tem dificuldade de entender as diferentes versões das traduções Bíblicas e por isso gostaria de sempre que possível, postar comentários sobre o que senti de cada tradução que li da Bíblia Sagrada.

A que estou fazendo o ano bíblico atualmente é a Bíblia de Jerusalém. A muito tempo venho ouvindo que esta é a melhor tradução já feita da Bíblia, mas isto já é um tanto difícil de dizer. Que ela é muito respeitosa, sem dúvida.

A Bíblia de Jerusalém é uma tradução crítica da Bíblia Hebraica, incluindo notas que indicam tanto algumas visões de interpretações de rabinos e padres antigos, mas respeitando também os mais atuais estudos da Bíblia Hebraica.

Além de seu aparato crítico em respeito do entendimento dos textos, também há explicações sobre os motivos das traduções, diferenças entre as várias fontes (hebraica, grega, latina, etc) e outras possibilidades de tradução.

Seus comentários são muito bem elaborados e fogem das intenções dogmáticas sobre as traduções bíblicas. Ela é realmente aberto, quer dizer, ele é na maioria das vezes aberta a novas interpretações.

Há contradições em comparação de alguns comentários, mas são raras e, normalmente, seguindo alguma idéia religiosa mais recente do que contextualizada (ninguém é perfeito, né?).

Na minha opinião é uma ótima Bíblia para quem quer se aprofundar nos estudos. Ótima para estudantes de hebraico e estudos acadêmicos da Bíblia. Suas introduções muitas vezes tem um quê literário, com uma profundidade espiritual incrível.

Não aconselho para as pessoas que estão começando a se familiarizar com a Bíblia agora, pois ela é estramamente exaustiva.

Assim que possível, postarei opiniões sobre outras traduções da Bíblia.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Cobra alada

Lembro-me de um ocorrido que se dera com um amigo meu. Ele estava na aula de biologia e a professora perguntou como era a serpente descrita pela Bíblia. Ele respondeu: "Ela tinha asas". Não foi preciso mais nada para a classe inteira cair na gargalhada e a professora [dona do saber] explicar que ela tinha membros assim como nos o temos [ou como o jacaré].

O que para essa classe pareceu absurdo, no mundo antigo era totalmente aceitável. Está foto acima foi tirada das filmagens do filme "Seriam os deuses astronautas?" no momento que a câmera passava nas paredes do túmulo dos faraós egípcios. A bíblia também descreve uma cobra alada em Isaías 30:6.

Está é a serpente de Robert Crumb, em seu quadrinho "The book of Genesis illustrated", que compartilha da visão da maioria a respeito da serpente descrita da tentação edênica.


Obs.: Ainda fico devendo o nome mitológico dessa serpente.

Veja também. Cobra com patas? e A serpente alada de Heródoto

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A História de Jó

A história de Jó sempre me facinou. Claro que não só a mim, mas a meu pai, meus amigos e até os que amam a boa literatura.

Para os que não conhecem alguns pormenores de sua história, Jó foi um homem tão integro que Deus chegou a perguntar a Satã se ao caminhar pela terra ele teria visto o Seu servo Jó.

Satanás, usando de uma lógica nada estranha para nós, indica que sua lealdade a Deus é por puro interesse, e clama a Deus que vá contra ele. Deus não o faz, mas permiti que o seu adversário o faça.

Jó perde seus filhos e bens e, como para Satanás não era pouco, o mesmo toca sua saúde. Sua esposa se volta para com ele e depois de sentir-se abandonado pelos seus irmãos, que não dão sinal de vida, ele começa a clamar por causa do seu sofrimento.

Mas seu clamor não é voltado apenas ao Deus todo poderoso (tradução comum, mas não unanime do termo shaddai). Seus amigos, fiéis companheiros que passaram sete dias em silêncio junto com seu malogrado companheiro, estavam ali e ouviram suas lástimas.

Deste ponto que começa a disputa teológica entre Jó e seus três amigos (Elifaz, Baldad e Sofar). Nesta discussão há tanto ofensa como pensamentos dogmáticos a respeito do Divino e como sua justiça é aplicada ao homem. Enquanto os companheiros de Jó defendem um Deus que só permite sofrimento aos maus, Jó reclama de um Deus que pode tudo, mas falta com misericórdia para com Ele. Todos ignoram o fato de Satã (Satanás em algumas traduções) também está envolvido no sofrimento.

Jó clama que Deus faz o que quer, e ninguém pode dissuadí-lo a fazer o que o mesmo definiu, sendo está a visão de um Deus intransigente, que não permite diálogo. Apesar disso, ele quer uma conferência com Deus, para que ele possa saber os motivos do seu sofrimento e o porquê de ter se tornado um adversário de Deus. Jó também clama ao mesmo Deus, sabendo que ele é o único que pode redimí-lo (19:25 e 26). Só nele ele espera para ser justificado (13:15).

Há muitos detalhes incríveis nesse livro que, infelizmente, não poderei pormenorizar.

Os três amigos se calam depois de Jó declarar suas obras para com os homens. Gostaria até conhecer quem não se calaria, mas o próprio livro mostra quem não se calou, indignado com os quatro interlocutores: Eliu.

Depois da demonstração de Eliu, quem entra em cena não é ninguém menos do que o próprio Ser em debate. Deus começa repreendendo exaustivamente Jó por falar do que não entende. Deus mostra a Jó que ele não é capaz de entender nem o que está em frente a seus olhos, imagine toda a trama que ocorre como sofrimento humano. Jó ainda não tem conhecimento que Satanás também é responsável pelo sofrimento, mas compreendeu muito bem a lição de Deus, declarando:

Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido. Quem é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia. Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.
Jó 42:2-6


Em seguida Deus repreende aos três amigos de Jó por não terem falado o que era reto de Deus e os três tiveram que pedir perdão a Deus com a intercessão de Jó. Interessante que os mesmos poderiam ter intercedido por Jó quando o mesmo estava em dificuldades, mas os mesmos preferiram acusá-lo de pecados que eles mesmos desconheciam.

Por fim, Jó é lembrado por seus irmãos, tendo suas riquezas restabelecidas, e dez novos filhos.

Esse é um apelitivo da incrível história de Jó. Não deixe de ler este livro, pois muitos argumentos a respeito da justiça de Deus são meras repetições do que se encontram no livro mais respeitado pelos não literados na Bíblia Hebraica.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

o Amor grego.

Estas palavras não são de forma alguma de minha autoria. Infelizmente, em meio a bagunça das anotações universitárias, não consegui restabelecer a fonte.

O autor é um Professor doutor que veio de Israel para fazer uma semana de palestras na Universidade de São Paulo. Ele é especializado em filosofia grega e hebraica da antiguidade. A descrição abaixo são minhas impressões de uma de suas palestras.

O amor é uma palavra que pode adquirir vários sentidos para as culturas ocidentais atuais. Tanto no Brasil quanto nos EUA o vocábulo é utilizado das maneiras mais banais possíveis. Pode ser chamado de amor tanto um sentimento forte e imensurável dedicado a uma pessoa quanto o prazer de comer certo alimento, vestir certa roupa ou até o gosto por certo tipo de música.

Mas entre os gregos, as palavras que traduzimos por amor tem três vocábulos distintos: eros, fileo e agape.


Fileo é o amor mais comum. Ele é o sentimento existente numa relação de troca. Isso mesmo, "troca". No fileo o sentimento existe no interesse nos benefícios que o objeto do amor pode lhe dar, tendo consciência das devidas responsabilidades que devem ser cumpridas para com esse objeto. Esse é o amor dos relacionamentos mais comuns. Claros exemplos desse tipo de amor são os casamentos, as amizades e os relacionamentos familiares como um todo (pai, filho, tio, vô, etc). Os relacionamentos entre sócios também são desse tipo de amor. Deste vocábulo que vem a palavra filiação, tão usada para indicar as fiiliaisdas empresas.

Eros é o mais valorizado de todos os sentimentos entre os gregos. O eros é forte, é inconfundível, é incontrolável. Ele é o amor do desejo, da possessão. A idéia principal trazida por esse amor não é a da troca, mas do possuir. Esse amor pode ser motivado pela beleza, inteligência, sabedoria, riqueza, etc. Não há o sentimento de troca por causa do reconhecimento da excelência da outra pessoa em comparação a si mesmo. Mas mesmo assim o quer. É um sentimento egoísta e incontrolável.

Agora, o mais inferiorizado e menos utilizado desses sentimentos é o agape. O agape é um sentimento difícil de descrever, e por isso os gregos não o utilizavam muito. Só o utilizavam quando não conseguiam explicar o motivo de um sentimento. O objeto do agape não tem méritos, não tem o que outros o invejar, não é famoso, bonito, ou possuidor de algo invejável. Não há como obter alguma troca ou ter algum interesse  quando se tem esse amor. É um sentimento incompreensível.

Você deve ter percebido que o agape não é muito comum, não é mesmo? Não podemos culpar os gregos por deixá-lo de lado, ou usá-lo simplesmente para descrever o incompreensível. Mas foi, incrivelmente, está palavra, tão desprezada pelos gregos, a escolhida para representar o sentimento máximo da humanidade.

O Novo Testamento utiliza o agape para descrever o amor de Deus para conosco, mas esta ideia já existia a muito tempo na cultura hebreia (Dt 7:7, 8). Este amor incondicional (sem explicações) é definido como o próprio Deus (I João 4:8). É este o amor de I Corintios 13. É ele o motivador da salvação da humanidade (João 3:16).

Aprendamos mais e mais sobre esse amor, tão iniqualável, para que possamos cada dia sermos mais semelhantes a Cristo.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O que é Fé, afinal?

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem."
Hebreus 11:1

O paradoxo acima não é acidental. Muitas vezes na literatura encontramos paradoxos que demonstram a complexidade do assunto em questão. O mais conhecido na literatura Portuguesa é o "Amor é um fogo que arde sem se ver" atribuido a Luís Camões.

Fé é certeza (firme fundamento) que algo que ainda não aconteceu, vai acontecer. É a comprovação, o testemunho de tudo que não pode ser tocado ou visto por nós. Ficou claro? Acho que não muito, né?

Para complicar ainda mais, fé não é o mesmo que crer, apesar de ser essencial se crer para ter fé:
"Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem."
Tiago 2:19

Para tentar esclarecer mais, vou lhes exemplificar com uma ilustração:
"No século XIX, na França, havia um malabarista incrível. Ele era tão ousado e tão confiante que amarrou um cabo de aço atravessando uma rua muito movimentada e ficava atravessando o cabo exibindo-se a todos que passavam. Seus números eram extremamente variados. Todos admiravam sua habilidade, até que um dia, o malabarista apareceu com um carrinho de mão e começou a passar de um lado para o outro com o mesmo. O povo vibrava com a facilidade que o homem passava de um lado a outro, sem nem imaginar que este não era o número principal. O malabarista volta-se para eles e pergunta: "Vocês acreditam que eu posso passar com esse carrinho de um lado para o outro com uma pessoa". O povo, conhecendo a habilidade do homem confessou: "Sim, Cremos". Então o homem fez-lhes outra pergunta: "Quem, então, vem aqui em cima para que eu carregue no carrinho de um lado para o outro". Silêncio total."
Essa pequena história ilustra o que é a fé um pouco mais claramente. Não é simplesmente acreditar que algo possa ser feito, mas por acreditar, tomar atitudes pela certeza que aquilo vai acontecer. A outra parte que é essencial a fé é as obras:

"Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma."

Tiago 2:17

Mesmo que a fé faça coisas que baseada em promessas que ainda não aconteceram, e se confirme em coisas invisíveis, ela não nasce do nada, ou brota do nada. Toda a fé nasce de uma confiança adquirida de experiências anteriores confirmadas:

"A esperança adiada desfalece o coração, mas o desejo atendido é árvore de vida."

Provérbios 13:12

Disto nasce a fé no motorista de ônibus, no jornal que lemos, no professor que nos ensina, no médico que nos atende, etc.

A fé no Deus bíblico nasce de diversas formas, assim como cresce. Mas a própria Bíblia mostra como se dá o desenvolvimento da mesma:

"De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus."

Romanos 10:17
"Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam."
Romanos 11:6

Espero que agora, quando se falar em fé (seja em qualquer pessoa, deidade ou coisa) esteja bem claro em nossa mente do que se trata.

"Mas o justo viverá da fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele."
Hebreus 10:38

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Fama!


Todos nós recebemos cada dia mais e mais informações a respeito de qual é a maneira certa de se viver a vida.

Nesta era da informação, os discursos religiosos e moralistas se juntam ao cientificismo e se espalha pelo mundo por todas as formas de mídia.

Hoje em dia sabemos em quantas coisas somos falhos. Temos certeza de quanto nossos pais falharam. De como erramos ao tratar de certa forma uma situação. Falhas, erros, e culpas rodeiam nossa vida.

Este vazio provocado pela falta de perfeição de nossas vidas e das diversas frustrações e impotências, dos traumas incuráveis e, talvez principalmente, do sentido de ser só mais um (ou mais nenhum) vagando pelo mundo, acaba nos levando a desejar uma compensação.

Daí vem a "Fama"! O desejo de ser reconhecido. Do de ser destaque. A necessidade de ser alguém, de ser ouvido.

A fama atinge todas as pessoas, em todos os lugares e de todos os meios. Todos querem receber destaque ou de um grupo, de uma cidade, e, muitas vezes, até do mundo.

Afinal, para que ser o melhor cantor, se ninguém ouve? Ser o melhor esportista, se ninguém sabe? Escrever no melhor blog, se ninguém lê? Salvar uma pessoa, se ninguém aplaude?

Mesmo os que conseguem levar a vida de modo mais humilde, sem se importar, dificilmente gostam de perder a pouca fama que um dia experimentam. Afinal, ela é um vício.

A dualidade de nosso ser, de se ter uma vida perfeita (ideal e modesta) para os padrões humanos e ser um ser de destaque na sociedade a que pertence, seja pelas qualidades ou pela loucura [falem mal, ou falem bem, mas falem de mim.], vivem em confronto. A impossibilidade de viver uma fortalece a outra. Talvez até perdoe a outra.

Mas a realidade é ainda mais cruel. Mesmo quando a fama é alcançada, ela não cobre o vázio. Ocupa o ser, mas não o preenche. Como ocupa, o drogado pede uma dose maior de seu vício para preencher o vázio, até atingir o topo do mundo. Quando se chega lá, só se vê que o vázio continua. Talvez seja por isso que muitos acabam partindo para as drogas químicas.

Dou graças a Deus que ele entende esse nosso problema. Por isso que Ele nos quer lembrar da nossa pequeneza, independente de nossa fama pelo mundo. Isto nos faz lutar por outros ideais, inalcançáveis [sem a graça] também, mas, mesmo assim, com certeza de aceitação.

"A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda." Provérbios 16:18

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A História e os Vencedores

Na acadêmia de História costuma-se ensinar a máxima que "a História é escrita pelos vencedores".

Ao meu ver, ao menos um livro [segundo meus estudos] que contradiz por inteiro essa frase.

Na Bíblia não é descrito a história de vencedores, ao menos, não em sua maior parte. Nela os párias têm vez.

O povo de Deus não foi escolhido por suas qualidades como povo (Dt 7:7 e 8), mas por ser alvo do amor de Deus.

Na genealogia do salvador do mundo, há assassinos, prostitutas, estrangeiros e os discipulos desse salvador são homens simples como pescadores e reprováveis como protitutas, cobradores de impostos [publicanos] e ladrões.

Há Bíblia ainda descreve não uma história de um povo que sempre esteve no auge, ou que foi soberano, como os impérios babilônico, persa, grego ou romano, mas de um povo que em grande parte do tempo foi escravo.

Nela não é contado a história de um povo vencedor [na concepção histórica do termo], mas de um povo sobrevivente.

Nela, o cuidado com o pobre, a viúva, os estrangeiros e escravos é revolucionário. As injustiças dos dominantes são apontados. A ideologia reinante é discutida. A misericórdia com os erros e pecados e a esperança são enfatizadas.

Que livro incrível. Não só para os que tem fé, mas a todo aquele que vê injustiça no mundo, que luta por igualdade social, que admira os revolucionários pacifistas...

Mesmo o ateu pode admirar sua beleza poética e seu fundo histórico [apesar de não ser considerado um livro histórico].

Em suma, é um livro que vale a pena se gastar tempo.

"There are no strangers, there are no outcast, there are no orphans of god". Música Orphans of God.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A Bíblia é o Alvo

As Santas Escrituras sempre foram a bússola para indicar a vontade de Deus para judeus e cristãos, além de ser respeitada por muitos outros povos e religiões. Mas nem sempre os olhos são voltados para a esse livro com boas intenções.

Um grupo que sempre tentou acabar com a autoridade exercida pela Palavra de Deus foi o dos ateus militantes do ocidente, e é nos últimos ataques deles a Bíblia que gostaria de meditar um pouco. Qual será a verdadeira intenção desses ataques?

Um dos ataques mais frequentemente usados contra o Deus bíblico é o de sua desumanidade. Eles usam conceitos humanistas para desmerecer o tal Deus de amor mencionado na Bíblia. Só que essas acusações não ponderam a respeito da possibilidade de Deus existir, pois se ponderassem obviamente concluiriam que não seriam todos os humanos que concordariam com as ações de Deus, principalmente quando suas ações punem seus erros. Outro fator que demonstra a má-fé dos acusadores é o "copy and past" de ideais humanistas no mundo antigo hebreu. Não há nem um mínimo de esforço para se compreender o momento histórico que se vivia e o contexto real de cada história.

Outras abominações são as interpretações dos textos bíblicos. Outro dia vi num blog ateu zombar de Gênesis 1:30, dizendo que Deus tinha dado dinossauros para servirem de alimento para o homem, sendo que o verso diz sobre o que os animais devem comer e não que eles serviram de alimento ao homem (erro de interpretação que qualquer aluno ginasial mais atento jamais cometeria). Outros usam o salmo 137:9 ["Feliz aquele que pegar em teus filhos e der com eles nas pedras."] para dizer sobre as barbaridades que a Bíblia ensina. Não conseguem sentir como uma promessa de justiça quando Deus vier ao socorro de seu povo, e que seria menos sofrível para os filhos de seus inimigos se morressem de maneira violenta. Depois são os fundamentalistas que são cabeça duras. Nos dois casos são simples casos de interpretação de texto ou simples má-fé.

Também é uma grande incongruência o estudo da Bíblia por ateus, a não ser por motivos acadêmicos ou para procurar sabedoria humana. O outro motivo é a utilização para atacá-la, mas atacá-la não para destruir a Deus, mas sim para magoar o crente. Como eles não crêem em um Deus, seus motivos são meramente cruéis. Até seu humanismo fica enfraquecido com essa atitude.

Perdão! Ainda restam dois motivos para os ateus estudarem a Bíblia: proselitismo em favor do ateísmo por meio da ridicularização da crença inimiga; e uma sincera tentativa de se crer.

Gostaria de deixar claro que há ateus e ateus. Não quero criar rótulos. Só gostaria de deixar claro que a Bíblia tem sido alvo de ataques de ateus e outros descrentes com o objetivo claro de envergonhar o cristão de utilizá-la como regra de fé.

Estudemos diariamente a mesma para que quando loucos vierem utilizá-la erroneamente, assim como Satanás na tentação, nós possamos mostrar seus verdadeiros ensinos, como Cristo o fez.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Não matarás?



Dessa vez, infelizmente, tenho que discordar do nosso tão ilustre Leandro Quadros. Explicarei o porquê:

A tradução do sexto mandamento (Êxodo 20:13) é normalmente traduzido por não matarás, que seria incoerente segundo as próprias histórias do antigo testamento.

Se o fora assim, Deus se contradiria ao pedir sacríficios de animais ou até o extermínio de outros povos. Ontem mesmo vi um vídeo (veja aqui) que aplicava as letras garrafais de "NÃO MATARÁS" ao abate de animais para a alimentação.

Na verdade, a palavra utlizada no mandamento não é a mesma da usada para o "matar" mais genérico. Muitos acadêmicos acreditam que a melhor tradução é o "não assassinarás". Abaixo está um trecho de minha iniciação científica a respeito a esse assunto:
Segundo Craigie*, a três tipos de morte que o homem causa propositalmente a outro. A pena capital, quando a execução é praticada por causa de uma jurisdição; o assassinato e, por fim, a morte em batalha.
O verbo para assassinar (ou matar) em Ex 20:13 e Dt 5:17 é raṣaḥ, o qual só é empregado para quando um hebreu mata outro hebreu, diferindo de harag e qatal que são usados neste e em diversos outros contextos. É assim que Craigie conclui que a ordem de “não matar” era de um hebreu para outro e não em qualquer outro caso, como na guerra ou pela legislação estatal.**
Claro que eu não concordo em absoluto com Craigie, pois não creio que a lei tenha sido dada apenas para os hebreus, mas mesmo assim ele esclarece o porquê o "não matar" não é contraditório para o israelita, nem em nenhuma sociedade.

Se uma instituição, como o Estado, o Exército, o goʼel (veja aqui), ou um poder absoluto, como Deus, autoriza a morte, esse não caia na transgressão dessa lei. A vingança pessoal era totalmente proibida, deste modo, quebrando o mandamento.

O goʼel (vingador de sangue) era uma instituição tão estabelecida na antiguidade que o próprio Deus criou cidades de refúgio para defender o assassinato não premeditado, devendo o assassino aguardar na cidade até o julgamento do caso.

Finalizando, acredito que o que a Bíblia proibe seja o assassinato premeditado e não a auto-defesa, a ação de alguma instituição social ou morte de animais.

"Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de todo o animal o requererei; como também da mão do homem, e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem". Gênesis 9:5

Obs.: Não permitamos que o esclarecimento desse mandamento dê margem a violência. Fiquemos, por fim, ao pedido de Davi, homem de guerra:

"Livra-me, ó SENHOR, do homem mau; guarda-me do homem violento"
. Salmo 140:1.



* CRAIGIE, Peter C. The Problem of War in the Old Testament. Eugene, OR: Wipf and and Stock Publishers, 2002.
** SILVA, João B. A. da. Guerra Santa:
Análise do Divino e do Humano na Busca da Idéia Bíblica da Guerra. (trabalho de iniciação científica pela Universidade de São Paulo). São Paulo, 2008.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

A necessidade de fortalecer a vontade

"...o pensamento não explica a ação, o pensamento é parte da ação, mas não é toda a ação; A idéia de que apenas pensamos quando agimos é uma característica do racionalismo ocidental, do cientificismo e do positivismo científico. Mas o pensamento não se reduz à ação. Os professores, por mais que pareça estranho, são pessoas que sentem e querem... não só pensam. Esta é uma verdade muito elementar que tem uma profunda tradição filosófica ocidental. Recordamos que, na Odisséia de Homero, Ulisses quis ser atado à vela de seu barco para não sucumbir ao canto das sereias, apesar de ele saber que não devia fazer caso de que as sereias cantassem. O apóstolo São Paulo, na epístola aos romanos [capítulo 7:15 em diante], dizia: "sei o que devo fazer, faço o mal, conheço o mal e o faço". A Filosofia da Ação e a Psicologia Profunda têm mostrado, ao longo do século XX, que fazemos coisas que não queremos, como fazemos coisas sem saber por que as fazemos. Foi Hannah Arendt, entre outros autores, que sintetizou essa idéia de que a vontade é a grande faculdade esquecida da filosofia ocidental, vítima do racionalismo estreito, parcial. Isso quer dizer que devemos dar bastante importância aos motivos de ação do professorado, pois temos educado a mente, mas não o desejo, não educamos a vontade. Damos conhecimentos, mas não educamos os motivos. Para educar é preciso que se tenha um motivo, um projeto, uma ideologia. Isso não é ciência, isso é vontade, é querer fazer, querer transformar. E querer transformar implica ser modelado por um projeto ideológico, por um projeto de emancipação social, pessoal etc. Os motivos, as motivações do professorado têm sido um capítulo ausente da formação de professores e da investigação de professores."
______________
*SACRISTAN, José Girmeno. Tendências investigativas na formação de professores. IN: PIMENTA, Selma G. Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Cortez, 2002, p.85 e 86.

“A religião pura tem que ver com a vontade. A vontade é o poder que governa a natureza do homem, pondo todas as outras faculdades sob sua direção. A vontade não é o gosto nem a inclinação, mas o poder que decide, o qual opera nos filhos dos homens para obediência a Deus, ou para a desobediência”.**
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**WHITE, Ellen G. Mensagem aos Jovens. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1996, p. 151.

Ciência e pensamento

"... farei uma afirmação forte: ainda que o pensamento não seja ciência, pode-se pensar através da ciência, ela pode servir para pensar. A ciência pode ajudar o pensamento dos professores, mas transmitir-lhe a ciência não equivale a que pensem de maneira diferente. O grande fracasso na formação de professores está em que a ciência que lhes damos não lhes serve para pensar. Isto diz respeito ao 2º nível de reflexibilidade, que ocorre quando a reflexão de alguém muito culto, o cientista, ajuda a reflexão de alguém que realiza um trabalho com menor grau de exigência."*

_____________
*SACRISTAN, José Girmeno. Tendências investigativas na formação de professores. IN: PIMENTA, Selma G. Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica de um conceito. São Paulo: Cortez, 2002, p.85.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Cobra com patas?


Sim, elas existiram. Por mais que você já tenha que ter aguentado pessoas te ridicularizando por isso [como você pode ver aqui], seus fósseis foram encontrados e, pode acreditar, uma viva (quase) foi encontrada na China. Veja as reportagens abaixo:

O mistério da cobra com patas

Estudos de uma cobra com patas traseiras.

Uma serpente dotada de duas pequenas pernas traseiras deve ser, certamente, um bicho muito primitivo. Foi esse o raciocínio dos paleontólogos quando toparam, há três anos em Israel, com o fóssil da Haasiophis terrasanctus. Esse estranho ofídio deslocou-se pelos mares há 95 milhões de anos. Apesar da idade, não era tão primitivo assim, contesta o zoólogo brasileiro Hussan Zaher, da Universidade de São Paulo. Após examinar o fóssil mais detalhadamente, Zaher concluiu que ele possui diversas características das cobras atuais mais evoluídas, como as jibóias e as sucuris. Assim como a terrasanctus, elas têm os ossos do crânio articulados para dar à boca uma enorme abertura. Por isso é que podem comer bichos até maiores que elas. Saber em que nível da escala evolutiva se situa essa exótica espécie intermediária continua um enigma.
Superinterressante
Agora veja as notícias mais atuais:

Chinesa leva susto ao encontrar cobra com uma perna dentro de seu quarto
Bicho estranho foi levado para cientistas em universidade chinesa.Animal tem 'braço' completo, com quatro dedos. Duan Qiongxiu, 66 anos, entregou o animal para cientistas, que se surpreenderam com o fato do animal ter aparentemente desenvolvido uma pata completa, com quatro dedos. "Eu acordei e ouvi um barulho estranho. Quando acendi a luz, vi o bicho rastejando na parede", conta Duan. Ela pegou um sapato e matou o animal, mas guardou o corpo em um pote com álcool. A cobra bizarra será estudada pelo departamento de ciências biológicas da Universidade de Nanchong.
G1
Você encontra em Folha online, um arquivo sobre o mesmo assunto mais antigo.

_________
Veja também: Cobra alada [pelo jeito Deus deu asas para a cobra] e A serpente alada de Heródoto

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

"O vencedor"

Acabei de ler isso:

"O vencedor não é aquele que não se cansa; mas todo aquele que mesmo cansado permanece lutando".

Meditação do Pôr-do-Sol. Tatuí, Casa Publicadora Brasileira, 2009, p. 42.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Como manter a Fé?


Milhares de pessoas fazem esta mesma pergunta. Milhares de respostas são dadas. Receitas são formuladas. Sacrifícios são feitos. Muitos se preocupam. Mas será que esses são os caminhos?

Manter-se junto de Deus é uma vontade antiga, mas difícil de ser cumprida por causa de nossa natureza dúbia. Claro que muitos tentam fechar os olhos para os males do mundo, e outros se enclausuram ou literalmente ou dentro de si mesmos.

Mas essas "técnicas" são extremamente perigosas, segundo a autora Cristã Ellen G. White. Vejamos os textos abaixo:
Quando os homens se retiram da vida social, param de cumprir os seus deveres cristãos e levar sua cruz; quando deixam de trabalhar com zelo pelo Mestre, que com tanto amor por eles trabalhou, perdem o objetivo essencial da oração, não sendo mais estimulados às devoções. Suas preces se tornam pessoais e egoístas. Não podem orar a respeito das necessidades humanas, ou da edificação do reino de Cristo, rogando forças para o trabalho.
Caminho a Cristo, p. 101.
Ter problemas faz parte da vida Cristã. São os problemas que nos aproximam de nosso mestre. São eles que nos fazem sentir necessidade de sua proteção e de seu poder.

Nós somos seres sociais e, como cristãos, devemos viver socialmente. Todos sofrem e tem dificuldades e é através dessas dificuldades que Deus demonstra seu poder. Isso também faz com que nossa confiança nele aumente, não apenas nos deixando com a mesma fé, mas sim aumentando-a.

Viva, mas viva mesmo, a fé em nosso Deus.
Amém.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A diferença de Davi e Saul

Erros e falhas são normais na vida de qualquer ser humano, mas sua atitude em relação aos deslizes cometidos na vida demonstram, e muito, o estado real do nosso coração.

Davi e Saul tiveram muitas semelhanças no início de seu reinado, mas só Davi era considerado o "homem segundo o coração de Deus". Hoje não quero entrar no detalhe do epíteto que citei, mas sim na atitude diferenciada de Saul e Davi tiveram quando Deus mostrou o pecado de cada um.

Saul, primeiro rei de Israel ungido por Deus, após desobedecer o anátema [qualquer dia vocês me cobram a explicação do anátema também] foi repreendido por Samuel e respondeu:

Pequei e transgredi a ordem de Iahweh e os teus mandamentos, porque temi o povo e lhe obedeci.
I Samuel 15:24 (Bíblia de Jerusalém)

Já Davi, depois de todas as mentiras e assassinatos que tivera que engendrar para esconder seu adultério, teve a seguinte reação diante de Deus:

Pequei contra Iahweh.
II Samuel 12:13
Pequei contra Ti, contra Ti somente, e fiz o que é mal perante os teus olhos...
Salmos 51:4.

Qual é a diferença? Exatamente. Davi não deu desculpas pelo que tinha feito. Não deu explicações, tentando se justificar. Desde de que o pecado entrou no mundo (Gênesis 3) o homem procura desculpas/explicações para o seu pecado.

Deus compreende melhor os motivos de nosso pecado do que qualquer outro ser existente. Não há porque tentarmos dissuadir a Deus por meio de desculpas. Devemos sim, apelar para sua misericórdia.

Mas, ter a hombridade de assumir seus erros, sem tentar desculpá-los, principalmente diante de Deus, é extremamente raro na humanidade.

Agora a melhor atitude que devemos ter na presença de Deus é:

Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável.
Salmos 51:10

sábado, 5 de setembro de 2009

Quase

Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.
Jeremias 8:20
Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase. É o quase que incomoda, que entristece, que mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono, sob o espectro do quase.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna, ou melhor, não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença daquele "bom dia", quase sussurado. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance; para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória, é desperdiçãr a oportunidade de merecer.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz de si.
Para os erros há perdão; para os fracassos, chance; para os amores impossíveis, tempo.
Não deixe que a saudade sufoque; que a rotina acomode; que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite no que deus pode fazer por você, com você e em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
"Alguns há, que parecem sempre buscar a pérola celestial. Não renunciam completamente, porém, a seus maus hábitos. Não morrem para o próprio eu para que Cristo viva neles. Por este motivo, não acham a pérola valiosa. Não venceram sua ambição profanae e seu amor às atrações do mundo. Não tomam a cruz e não seguem a Cristo no caminho da abnegação e sacrifício. Quase cristãos, mas não plenamente, parecem estar perto do reino do Céu, mas não podem ali entrar. Quase, mas não completamente salvos, significa estar não quase, porém completamente perdidos". PJ, p. 118.
Discuta em família: Se Jesus viesse hoje você estaria salvo ou "quase" salvo?

Retirado de: Meditações do Pôr-do-Sol. União Central Brasileira da Igreja Adventista do Sétimo Dia.Tatuí, CASA Publicadora Brasileira, 2009.

Como essa meditação me tocou muito, queria compartilha-lá com vocês.
Que Deus sempre nos ilumine.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Vingador de Sangue

O vingador de sangue era uma instituição árabe comum na antiguidade. Em Israel houve uma instituição similar chamada goʼel.
O goʼel é um redentor, um defensor, um protetor dos interesses do indivíduo e do grupo. Ele intervém em certo número de casos.*


O goʼel é sempre o parente de sexo masculino mais próximo da vítima. Ele não tem o direito, como poderíamos vir a pensar, mas sim a obrigação de vingar o sangue que foi injustamente derramado, não entrando, de forma alguma, em assassinato (como vemos aqui). Também lhe era priorizado o resgate de parentes escravizados e a compra de terrenos de alguém do mesmo clã (tribo).

Como ficou claro, o goʼel é uma instituição antiga que tentava lutar contra algumas injustiças e desigualdades sociais, garantindo uma igualdade entre as tribos e uma chance de vingança e resgate.

Infelizmente, o Estado, que fora feito com as mesmas intenções, não supri nem regulariza isso há um bom tempo. Mas essas injustiças não são tão recentemente deixadas de lado pelos governos ou responsáveis legais. Mesmo nas instituições antigas elas deixavam de ser exercidas, causando sua falência.

Por isso mesmo que Jó 19:25 diz:
Porque eu sei que o meu Redentor [goʼel] vive, e que por fim se levantará sobre a terra.
Deus foi, é e sempre será nosso maior protetor. As injustiças deste mundo não ficaram sem vingança. Os escravizados serão libertos e a Terra, que está arrendada, voltará para seu possuidor.
Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor. Rm 12:19
__________________
* VAUX, R, de. Instituições de Israel no Antigo Testamento. p. 43.

falsa ciência

“Tenho pena e, às vezes, medo, do cientista demasiado seguro da segurança, senhor da verdade e que não suspeita sequer da historicidade do próprio saber”.
Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários a prática educativa. p. 63.

“Nas condições atuais, a ideologia é reforçada de uma forma que seria impossível ainda há um quarto de século, já que, primeiro as idéias e sobretudo, as ideologias se transformam em situações, enquanto as situações se tornam em si mesmas “idéias”, “idéias do que fazer”, “ideologias” e impregnam, de volta, a ciência (que santifica as ideologias e legitima as ações), uma ciência cada vez mais redutora e reduzida, mais distante da busca da “verdade”[...]

“O totalitarismo não é, porém, limitado à esfera do trabalho, escorrendo para a esfera política e das relações interpessoais e invadindo o próprio mundo da pesquisa e do ensino universitários, mediante um cerco à idéias cada vez menos dissimulado”.
Santos, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. P. 53 e 54.

Não é estranho vermos em noticiários e jornais textos que apresentam resoluções científicas contraditórias, que defendem o que já fora indefensável, e tornam saudáveis alimentos que por muito tempo são tidos como vilões. Mas, será que devemos sempre acreditar quando alguém diz um “cientificamente comprovado”?

Eis que a mídia utiliza, e muito, está frase assim como os evangélicos utilizam o “está escrito”. Desde o século XIX que a ciência tenta usurpar o lugar de Deus na sociedade moderna, incluindo sua autoridade em definir o mundo.

Os textos acima são só exemplos de algumas vozes que sabem dessa realidade (a de que a ciência não é absoluta em seus postulados) e de que vozes devem surgir para apresentar todas as falas desse instrumento utilizado pelo homem.

Devemos nos lembrar de que se existe uma falsa ciência, há uma verdadeira, pura, e que por essência, roubando a fala do Linguista José Luis Fiorini, não tenta de forma alguma ser dogmática.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Um vínculo eterno

"...e pois a eternidade no coração do homem..."
Ec 3:11

Não há livro que me impressione tanto quanto a Bíblia. Meu relacionamento com ele e suas histórias vão desde minha tenra infância, até nos estudos que realizo até hoje.
Este livro sempre me facinou. Ao meu ver, ele é a melhor manisfestação das tristezas, dos conflitos, das alegrias, dos desejos, e de todas as demais áreas existentes no coração humano.
Ela também demonstra uma variedade cultural dos povos antigos impressionantemente. Não há como negar que, apesar de ser um livro com função estritamente religiosa, as Escrituras descrevem com riquesa de detalhes as culturas e traços particulares de tempos da antiquidade. Apesar de se crer que ela foi escrita em cerca de mil e seissentos anos, estaafirmação é discutida academicamente até hoje, sem se ver muita esperança em se encontrar uma resposta satisfatória para os escolásticos.
E sobre este livro maravilhoso que gostaria de postar a partir de hoje, não levando em conta só minha fé neste livro como a palavra de Deus, mas as discussões e descobertas acadêmicas, quando não desconfianças e negações, para que não só eu, mas os que acompanharem este blog possam crescer, se não na fé neste livro, no conhecimento acadêmico e na beleza literarária que vem sendo expressa a mais de três milênios.

"Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente".
Is 40:8