Aprendemos que o perdão é deixar para traz as ofensas que foram cometidas contra nós, tendo como próprio exemplo nosso Deus que lança nas profundezas do mar os nossos pecados (Miquéias 7:19).
Sabemos também que o processo interior da conversão é reconhecer seu pecado, arrepender-se e mudar de vida (Jeremias 3:13; Oséias 5:15; Atos 3:19; 8:22; II Coríntios 7:11). Se este é o necessário, por que foi necessária a cruz? Por que Jesus teria que ter passado pela morte? Deus não poderia ter mudado a lei? Salvado a raça caída sem usar seu amado filho? Não poderia ter sido tudo mais fácil?
Com certeza estas perguntas são instigantes, aparentando serem até mesmo blasfemas. Mas acredito que elas sejam necessárias para entendermos melhor o porquê da cruz.
O relativismo moral não é algo criado depois da teoria da relatividade de Einstein, como alguns podem chegar a pensar. Ele já existia a muito tempo. O exemplo mais claro que me vem a mente é o de Pilatos com sua famosa pergunta "que é a verdade?" (João 18:38).
Até hoje lembro-me das dificuldades que tive para explicar os problemas causados por um certo tipo de comportamento para um adolescente, tentando mostrar pacientemente a ele todas as dores e dificuldades que seu comportamento causaria. Sua resposta para mim foi um simples "e daí?". Um erro que era tão claro para mim não era visto como erro para ele. Simplesmente não o incomodava machucar outras pessoas. Talvez ele pensasse que simplesmente fazia parte da vida, e não valia a pena nenhum esforço para mudar esta situação.
E a lei existe exatamente para isto. Para proteger-nos da dor, pois ela nos diz o que é errado e o que é certo. Mas nem todos compreenderão ou se importaram com essa proteção. Isto não faz com que a lei seja má, mas faz com que os que não se importam com ela continuem a se machucar e machucar a outros.
Mas todos nós erramos (Romanos 3:9-20). Beleza, nós reconhecemos isto e paramos de errar, certo? Quem dera fosse tão simples. Nossos processos mentais sempre vão em busca de desculpas para voltarmos a cometermos erros, principalmente os que mais gostamos. Fora que em pouco tempo esqueceríamos por completo a importância daquela lei que nos mantinha fazendo o que é certo, pois não visualizaríamos a importância dessa lei.
E para nós é importante visualizar, pois é a contemplação que nos transforma (Números 21:8; João 3:14; II Coríntios 3:18), pois não lemos os corações. Ver pessoas que cometeram os mesmos pecados terem condenações diferentes mostraria a todos que seja lá qual for o critério adotado para salvar uns e condenar outros a lei não importa, pois a condenação não chegou a eles apesar deles terem quebrado-a por inteiro.
Se a lei perder seu significado, obedecê-la também perderá. Se as pessoas não enxergarem as grotescas consequências do pecado ela nem perceberá que ele existe e está nos destruindo. Deus tinha que deixar clara as consequências da quebra de suas ordens. Por isso veio Jesus:
Se eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado, mas agora não têm desculpa do seu pecado.Foi em Jesus que o pecado ficou claro. Ele morreu porque a lei é importante. Mostrou isso obedecendo-a (Mateus 5:17) e morrendo para mostrar que ela não é relativa. O pecado exige morte do pecador (Romanos 6:23; Hebreus 9:22). O perdão só pode ser concedido através da substituição, pois se não houver pagamento, a lei não importa. Poderíamos transgredí-la e continuar dizendo "não pega nada".
João 15:22
Este é o valor da lei: a morte do filho de Deus. Desta forma Jesus exalta a lei, mostrando sua real importância. E ele fez isso por nós. Ficou estendido na cruz para que todos vissem que o pecado existe e causa dor. Com a cruz, o relativismo morre.
O perdão e a reconciliação foram alcançados e chegam até nós gratuitamente, mas isto não foi barato para quem pagou a fiança (Deus).
Mas... ele tinha que sofrer tanto?
Bem, Jesus se entregou a morte (João 10:17 e 18), e Satanás aproveitou este momento para impugir o máximo de dor ao filho de Deus. Deus sabia disso, e mesmo assim não recuou.
Bendito seja o nome de Deus.