segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Imparcialidade testemunhando a favor da Bíblia

"A Inspiração registra fielmente as faltas de homens bons, daqueles que se distinguiram pelo favor de Deus; efetivamente, suas faltas são apresentadas de modo mais completo do que as virtudes. Isto tem sido objeto para a admiração de muitos e tem dado aos incrédulos ocasião para escarnecerem da Bíblia. É, porém, uma das mais fortes provas da verdade das Escrituras, não serem os fatos explicados de maneira que os favoreça, nem suprimidos os pecados de seus principais personagens. A mente dos homens é tão sujeita ao preconceito que não é possível serem as histórias humanas absolutamente imparciais. Houvesse a Bíblia sido escrita por pessoas não inspiradas, e teria sem dúvida apresentado o caráter de seus homens honrados sob uma luz mais lisonjeira. Mas, assim como é, temos um registro exato de suas experiências."

WHITE, E. G. Patriarcas e Profetas. São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2003, p. 238.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ressurreição

Infelizmente há muita má compreensão a respeito da doutrina que nos traz a maior esperança que temos: a ressureição. Claro que as distorções são  muitas vezes causadas por um desejo de conforto em relação a pontos de vista pré-concebidos e uma esperança a muito aguardada. Mas acredito que a esperança bíblica é mais saudável para nossos corações.

A ressurreição é confundida por muitos com a reencarnação ou até mesmo com uma vida num corpo fantasmagórico. Mas vamos a exegese bíblica para entendermos melhor o que ela diz sobre o assunto. Sua polêmica não é atual, mas remete aos tempos de Jesus. Os saduceus, por exemplo, não criam na doutrina da ressurreição. Jesus teve que mostrá-los que ela era confirmada nas escrituras (veja mais aqui). Muitos ouvintes de Paulo não quiseram mais ouví-lo quando ele começou a falar na ressurreição de Cristo. Na igreja de Coríntios tinha uma grupo que não acreditava na ressurreição (1 Coríntios 15). Ou seja, a incredulidade e distorções dadas a essa doutrina não são de hoje, mas milenares.

A palavra ressureição vem do latim ressurectio que é o ato de ressurgir, voltar à vida, reanimar-se. Está foi a palavra latina escolhida para traduzir o grego anástasis e égersis, que significa levantar, erguer, surgir, sair de um local ou situação para outro (Dicionário da Bíblia de John D. Davis). Já está é a palavra usada para o termo hebraico heaiah (ou hechaiah), voltar a viver ou voltar dos mortos. (2 Reis 8:1 e 5, Isaías 26:19, Oséias 6:2). Também temos o verbo hebraico heqi ou heqits (Isaías 26:14; Daniel 12:2, Oséias 6:2), acordar, levantar-se.

Se o estudo semântico da palavra ainda não deixou claro sua significação, o estudo do contexto bíblico o fará.

Tanto Eliseu quanto Elias foram utilizados para Deus reviver a vida de crianças mortas (1 Reis 17:17-24 e 2 Reis 4:8-37; 5:1-5). Num caso um morto tocou nos ossos de Eliseu e voltou a viver instantaneamente (2 Reis 13:21). Já os textos de Isaías 26:14 e 19, Daniel 12:2 e Oséias 6:2 mostram claramente que há uma esperança de os mortos ressurgirem.

No Novo Testamento esta esperança fica ainda mais clara. Graças a Jesus, ela ficou ainda mais esclarecida. Em sua discussão com os fariseus e saduceus (veja aqui), Ele confirma que os justos viverão. Paulo também diz que sem a ressurreição nossa esperança é vã (1 Coríntios 15:11-20).

Fora a confirmação doutrinária, o próprio Cristo e outros apóstolos realizaram ressurreições. Há mais que cem citações sobre ressurreição no Novo Testamento. E das várias ressurreições, duas eu gostaria de me ater em especial: de Lázaro e de Jesus.

Lázaro não só claramente morreu (João 11:14) como ficou morto e enterrado em seu sepulcro por 4 dias, indo além da crença de que só se podia ressuscitar uma pessoa até em 3 dias. O poder manifesto em Jesus neste momento foi tão impressionante que tocou todos os presentes e os que ouviram falar do ocorrido de tal forma ou decidiram coroá-lo rei ou matá-lo (João 11:45-48).

Já a ressurreição de Jesus deixa ainda mais claro o que é ressuscitar. O ressurreto em um corpo físico que pode ser tocado e alimentado (Lucas 24:39-43; João 20:27). E como ele foi ressurreto, nós também o seremos, pois em sua ressurreição nós nos tornamos merecedores da nossa (1 Coríntios 6:14, 15:23).

E isso não acaba aqui. Haverá duas ressurreições (João 5:28 e 29; Atos 24:15). Os justos ressuscitarão no retorno de Cristo (1 Coríntios 15:23; 1 Tessalonicenses 4:16; Apocalipse 20:6). Já os ímpios só reviveram depois de Satanás ficar aprisionado por mil anos, sendo este o mesmo período que os santos viverão com seus corpos imortais no Céu (Apocalipse 20:1-5; I Coríntios 15:42).

Em suma: ressuscitar é voltar a viver. E viver literalmente, respirando, com corpo físico e se alimentando. Que nossas mentes possam se desanuviar das doutrinas errôneas existentes por aí.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O cristão pode comer de tudo?

Na Bíblia Hebraica, Deus deixou para seu povo um regime dietético próprio para eles seguirem. Atualmente, os cristãos acreditam que este regime durou só até Jesus. Eles utilizam textos como esse para justificarem sua alimentação liberal:
E ele disse-lhes: Assim também vós estais sem entendimento? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar,
Porque não entra no seu coração, mas no ventre, e é lançado fora, ficando puras todas as comidas?
E dizia: O que sai do homem isso contamina o homem.

Marcos 7:18-20
O texto do verso 19 na Nova Tradução da Linguagem de Hoje (NTLH), Almeida Revista e Atualizada (ARA) e Nova Versão Internacional acrescentam algo similar a "Com isso Jesus quis dizer que todos os tipos de alimento podem ser comidos" [NTLH]. Já a Bíblia de Jerusalém traz em sua nota h) da página 1769:
h) Lit.: "purificando todos os alimentos"; parte de frase obscura (talvez glosa) e interpretada de diferentes maneiras.
Mesmo se não for glosa, o erro de interpretação desse texto está no fato de considerar tudo alimento. Será que entraria nisso as drogas, os venenos? Animais que claramente fazem mal a saúde? Plantas indigestas para nosso organismo?

Mas não gostaria de responder a interpretação que o cristão pode comer de tudo agora simplesmente com linhas argumentativas, mas diretamente com a exegese bíblica sobre o assunto.

Desde a criação Deus deixou claro o que seria de alimento tanto para o ser humano quanto para o animal:
E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, servos-á para mantimento.
E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi.

Gênesis 1:29 e 30
Depois do pecado, Deus abrangiu o que seria alimento para a erva do campo como um castigo da desobediência (Gênesis 3:18 e 19). Depois da primeira destruição da Terra no dilúvio, Deus permitiu ao homem comer dos animais da terra (Gênesis 9:3 e 4) mas note que antes de permitir isto, ele já tinha declarado quais animais eram limpos e imundos (Gênesis 7:2 e 3).

Em Levítico 11 ele deixa clara as regras para saber qual animal iria ser alimento ou não:
Fala aos filhos de Israel, dizendo: Estes são os animais, que comereis dentre todos os animais que há sobre a terra.
Levítico 11:2
 O que quero que você veja nos textos acima, que Deus não considera tudo como alimento. Veja que ele deixa claro o que é alimento e o que não é. Pensando nisto, fica fácil entender que não devemos aumentar a lista de permissão, sem ele mesmo não o ter feito.

As carnes proibidas não são alimento. Drogas não são alimento. Muito menos veneno, ou capim, ou qualquer outra coisa que não seja digerível por nosso organismo. No texto de Marcos, Jesus deixa claro que é para se preocupar menos com a questão do lavar ou não as mãos ao ingerir os alimentos (veja que são alimentos, e não qualquer coisa) e se importar mais com o reino de Deus.

Outro texto utilizado nessa discussão é o da visão de Pedro sobre os animais impuros, os quais, na visão, são purificados por Deus e se é ordenado que se coma (Atos 10). Pedro ficou tão abismado com a visão (ou seja, não deveria ficar se Jesus já os havia purificado em Marcos 7:19, não é?) que fora necessário repetir-se 3 vezes a visão, tendo sempre o mesmo resultado em seu ser. Mas ao chegar na casa de Cornélio ele descobriu a mensagem de Deus. O verso 28 do mesmo capítulo mostra claramente que não se está falando de alimentos, mas sim de homens que Deus não considerava imundo, como os judeus os consideravam.

Outro texto mal interpretado sobre o assunto é o de I Coríntios 14, onde muitos cristãos atuais acusam os vegetarianos de serem fracos. Na verdade, Paulo estava tentando desfazer brigas que eram causadas possivelmente pela discussão de Daniel 1, onde se declara que Daniel e seus amigos se absteram das iguarias babilônicas e comeram legumes, se tornando mais saudáveis dos que não fizeram tal regime. Paulo queria que eles simplesmente não brigassem por isso, valorizando uns aos outros por estarem fazendo seja o que for para honra e glória de Deus.

Infelizmente, esta permissividade pregada em nossos púlpitos acaba levando-nos a ter uma vida não tão saudável quanto Deus gostaria. Sei que depois de nos acostumarmos com um regime é difícil gostarmos dos alimentos deixados por Deus. Mas sei que ao nos esforçarmos para seguirmos as orientações divinas, Deus transformará gradativamente nosso paladar para as coisas que realmente fazem bem.

Isto é tanto verdade que até os animais teram seus hábitos alimentares restaurados em semelhança a criação, voltando ao seu alimento original (Isaías 11:6 e 7).

Línguas estranhas

O dom de línguas foi o primeiro Dom manifesto na descida do Espírito Santo prometida por Jesus (Atos 2). Os gentios que estavam na casa do centurião Cornélio receberam o dom também, sem nem terem sido batizados ainda (Atos 10:44-48). Ao impor a mão sobre 12 homens judeus em Éfeso, Paulo auxiliou-os a receber de Deus o dom de línguas e profecia.

Esses textos isolados são usados para mostrar que o poder do Espírito Santo é manifesto pelo dom de línguas, e os que não o recebem não receberam o que muitos chamam de "o batismo do Espírito Santo". Mas o próprio texto que introduz o dom de línguas também mostra o que ele é efetivamente:
E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente reunidos no mesmo lugar;
E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.
E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando?
Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?

Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Ásia,
E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
11 Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.
12 E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?
13 E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.

Atos 2:1-13
Acho que fica esclarecido com estes destaques no texto que o dom de línguas é falar em línguas não conhecidas pelas pessoas que os estão falando. Paulo também confirma isto em I Coríntios 14:10-11. É como se eu, que não tenho a mínima noção de como se falar chinês ou mandarim começasse a falar normalmente essa língua, sem nunca ter me instruído a respeito. Este é o dom de língua e, sim, ele é de concepção sobrenatural.

Como este dom ganhou esta conotação de ser uma prova de ter o Espírito Santo, além de assombrar grandemente os espectadores (Veja logo acima Atos 2:12 e 13), muitas pessoas procuram mimetizar este dom. Este problema não é só atual, mas também existia na época de Paulo.

I Coríntios 12 à 14 é uma resposta a Paulo exatamente a este problema na igreja de Corinto. Paulo inicialmente tentou mostrar que o Espírito Santo não tem só um dom, e que ele não dá o mesmo dom a todos (capítulo 12). Comparou como um corpo que precisa de todas as suas partes para funcionar em sua plenitude.

Já no capítulo 13 ele mostrou o dom soberano do Espírito: o amor. Já no 14, ele chega ao seus fins mostrando o problema da igreja de corinto: a utilização feita pelo dom de línguas. Ele deu toda esta volta para mostrá-los que este dom estava sendo mal compreendido.

No capítulo 13 ele cita a língua dos anjos, para mostrar que ela não tem valor nenhum se a pessoa que a utiliza não tiver amor. É uma hipérbole para mostrar que o dom de línguas, sejam elas terrestres ou celestiais, não tem nenhum sentido se não forem movidos pelo amor. E o que Paulo vem trazendo no 14? O dom de línguas é para edificação própria, e não da igreja (verso 4).

Isso até poderia não ter grande importância, pois crescer é bom, não é? Este capítulo veio logo após o capítulo do amor mais sublime, aquele amor que só pensa no outro, e não em si (I Coríntios 13:4-7). No fim Paulo dispara:
Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos.
Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida.
[...]
E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete.
Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus.

I Coríntios 14: 18, 19, 27, 28