segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Por que Jesus teve que morrer na cruz?

Se me perguntassem sobre o que a Bíblia trata eu responderia que ela trata de reconciliação e perdão. Estas são as chaves do amor incondicional de Deus. São por estes ensinos que os cristãos são inspirados e até cobrados ao redor de todo o mundo.

Aprendemos que o perdão é deixar para traz as ofensas que foram cometidas contra nós, tendo como próprio exemplo nosso Deus que lança nas profundezas do mar os nossos pecados (Miquéias 7:19).

Sabemos também que o processo interior da conversão é reconhecer seu pecado, arrepender-se e mudar de vida (Jeremias 3:13; Oséias 5:15; Atos 3:19; 8:22; II Coríntios 7:11). Se este é o necessário, por que foi necessária a cruz? Por que Jesus teria que ter passado pela morte? Deus não poderia ter mudado a lei? Salvado a raça caída sem usar seu amado filho? Não poderia ter sido tudo mais fácil?

Com certeza estas perguntas são instigantes, aparentando serem até mesmo blasfemas. Mas acredito que elas sejam necessárias para entendermos melhor o porquê da cruz.

O relativismo moral não é algo criado depois da teoria da relatividade de Einstein, como alguns podem chegar a pensar. Ele já existia a muito tempo. O exemplo mais claro que me vem a mente é o de Pilatos com sua famosa pergunta "que é a verdade?" (João 18:38).

Até hoje lembro-me das dificuldades que tive para explicar os problemas causados por um certo tipo de comportamento para um adolescente, tentando mostrar pacientemente a ele todas as dores e dificuldades que seu comportamento causaria. Sua resposta para mim foi um simples "e daí?". Um erro que era tão claro para mim não era visto como erro para ele. Simplesmente não o incomodava machucar outras pessoas. Talvez ele pensasse que simplesmente fazia parte da vida, e não valia a pena nenhum esforço para mudar esta situação.

E a lei existe exatamente para isto. Para proteger-nos da dor, pois ela nos diz o que é errado e o que é certo. Mas nem todos compreenderão ou se importaram com essa proteção. Isto não faz com que a lei seja má, mas faz com que os que não se importam com ela continuem a se machucar e machucar a outros.

Mas todos nós erramos (Romanos 3:9-20). Beleza, nós reconhecemos isto e paramos de errar, certo? Quem dera fosse tão simples. Nossos processos mentais sempre vão em busca de desculpas para voltarmos a cometermos erros, principalmente os que mais gostamos. Fora que em pouco tempo esqueceríamos por completo a importância daquela lei que nos mantinha fazendo o que é certo, pois não visualizaríamos a importância dessa lei.

E para nós é importante visualizar, pois é a contemplação que nos transforma (Números 21:8; João 3:14; II Coríntios 3:18), pois não lemos os corações. Ver pessoas que cometeram os mesmos pecados terem condenações diferentes mostraria a todos que seja lá qual for o critério adotado para salvar uns e condenar outros a lei não importa, pois a condenação não chegou a eles apesar deles terem quebrado-a por inteiro.

Se a lei perder seu significado, obedecê-la também perderá. Se as pessoas não enxergarem as grotescas consequências do pecado ela nem perceberá que ele existe e está nos destruindo. Deus tinha que deixar clara as consequências da quebra de suas ordens. Por isso veio Jesus:
Se eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado, mas agora não têm desculpa do seu pecado.
João 15:22
Foi em Jesus que o pecado ficou claro. Ele morreu porque a lei é importante. Mostrou isso obedecendo-a (Mateus 5:17) e morrendo para mostrar que ela não é relativa. O pecado exige morte do pecador (Romanos 6:23; Hebreus 9:22). O perdão só pode ser concedido através da substituição, pois se não houver pagamento, a lei não importa. Poderíamos transgredí-la e continuar dizendo "não pega nada".

Este é o valor da lei: a morte do filho de Deus. Desta forma Jesus exalta a lei, mostrando sua real importância. E ele fez isso por nós. Ficou estendido na cruz para que todos vissem que o pecado existe e causa dor. Com a cruz, o relativismo morre.

O perdão e a reconciliação foram alcançados e chegam até nós gratuitamente, mas isto não foi barato para quem pagou a fiança (Deus).

Mas... ele tinha que sofrer tanto?

Bem, Jesus se entregou a morte (João 10:17 e 18), e Satanás aproveitou este momento para impugir o máximo de dor ao filho de Deus. Deus sabia disso, e mesmo assim não recuou.

Bendito seja o nome de Deus.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Oposição de católicos a infabilidade da Igreja quanto à Inquisição

"A "Santa" Inquisição na Espanha e em Portugal apoiou-se no mito que divulgou sobre sua própria infabilidade. Os teólogos e membros da Igreja católica que se opuseram à sua mensagem, a seus dogmas foram banidos da sociedade, mas os seus processos ficaram e nos servem como testemunhos. Um exemplo de coragem na defesa de ideias que diferiam das impostas pela Igreja foi a do brasileiro padre Manoel Lopes de Carvalho, nascido na Bahia e queimado pela Inquisição de Lisboa em 1726, aos 45 anos de idade. De certa forma podemos dizer que o Brasil teve nele o seu Giordano Bruno. Até o último momento antes de sua execução, o padre Lopes de Carvalho não colaborou com os inquisidores, que ardorosamente queriam convencê-lo de seus erros. E antes de ser queimado, depois de passar anos na prisão e sofrer a tortura nos cárceres do Santo Ofício, expressou nas suas últimas palavras, seu desengano com a Igreja católica: "Quando aqui entrei eu tinha dúvidas, hoje tenho certezas"."

NOVINSKY, Anita. A inquisição. São Paulo: Brasiliense, 2007
(coleção tudo é história; 49).

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Para haver harmonia entre o estudo da Bíblia e o estudo da natureza, não se pode ouvir apenas uma delas (Galileu)

"[...] Não é, pois, meu pensamento lançar mãos a uma empresa tão superior a minhas forças, se bem que não se deva também deixar de confiar a Benignidade divina às vezes se digne inspirar algum raio de sua imensa sabedoria em intelectos humildes e notadamente quando, ao menos, estão adornados de sincero e santo zelo. Além do que, quando se harmonizar passagens sagradas com doutrinas novas e nada comuns sobre a Natureza, é necessário ter inteiro conhecimento de tais doutrinas, não se podendo harmonizar duas cordas conjuntamente, ouvindo apenas uma delas. Se eu soubesse que poderia prometer alguma coisa da debilidade do meu engenho, me permitiria ousar dizer que encontro entre algumas passagens das Sagradas Letras e desta  constituição do mundo muitas harmonias que não me parece que sejam tão bem consonantes na filosofia comumente admitida."
Carta a Monsenhor Piero Dini IN: GALILEU Galilei. Ciência e fé: Cartas de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. São Paulo: Editora UNESP, 2009.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Pedro foi o primeiro papa?

Pedro é, sem dúvida, o discípulo que mais chama a atenção dos leitores dos evangelhos canônicos. Suas ações emotivas e impetuosas causaram tanto elogios quanto críticas dos lábios de nosso doce Mestre.

Mas para a maior igreja cristã do planeta Pedro foi muito mais que um líder cristão. Ele foi o maior líder cristão. O pontífice. O substituto do filho de Deus, conhecido mais pelo título supremo da hierarquia católica como papa.

Apesar de atualmente a igreja católica não depender da Bíblia para estabelecer seus dogmas, a crença num pontífice da igreja, abaixo apenas de Cristo, é inspirada em um verso bíblico. Isso, mesmo, um verso bíblico.
Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela;
E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.

Mateus 16:18
 Sim, sim. É desse verso que saiu o imaginário de São Pedro no portão do Céu aceitando ou recusando as pessoas de lá. Mas deixando isto de lado, é fácil de entender o porquê dos católicos dizem que Pedro foi o primeiro papa.

Veja que Pedro significa rocha/pedra em Grego, uma forma do aramaico cefas (João 1:42). Mas, será que Pedro seria a pedra fundamental da igreja cristã? Vejamos o que o restante da Bíblia tem a nos dizer:
Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina.
Efésios 2:20
Esse texto não só põe Jesus Cristo como a pedra principal mas iguala a função dos demais apóstolos e profetas como pedras de fundamento. Veja que o próprio Pedro declara que Cristo é a pedra viva e principal de esquina (I Pedro 2:6), mas mostra que não é somente ele que é considerado como pedra, mas todo o corpo de crentes são pedras vivas (v. 5) do edifício que é a igreja de Deus.

Até a declaração das ligações/uniões que fossem feitas na Terra seriam reconhecidas no Céu não são exclusivas para este discípulo (veja Mateus 18:18). Além de não ser exclusiva, não é uma declaração de autoridade, mas de responsabilidade. Se fizermos algo que desligue alguém da comunhão cristã, isto terá consequências eternas.

Apesar da clara liderança demonstrada por esse discípulo, Deus não dá nenhuma responsabilidade exclusiva para ele que não o passe para seus outros discípulos, incluindo os cristãos de hoje. A pedra principal é só uma, e os apóstolos e profetas, ou seja, a Bíblia, são nossos fundamentos para uma vida em Cristo. Este fundamento, juntamente com as demais pedras, que são os servos de Deus espalhados pelo mundo, formam a igreja de Deus aqui na Terra.

E se ainda resta alguma dúvida, medite nesta última declaração de Pedro que posto aqui, a qual foi feita num discurso inspirado que converteu cerca de 3.000 pessoas:
Ele [Jesus] é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.
E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.

Atos 4:11 e 12

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Duas verdades não podem se contradizer (Galileu)

"[...] a Sagrada Escritura não pode nunca mentir ou errar, mas serem os seus decretos de absoluta e inviolável verdade. Só teria acrescentado que, se bem a Escritura não pode errar, não menos poderia às vezes errar algum dos seus intérpretes e expositores, de vários modos. Entre estes, um seria muitíssimo grave e frequentemente; quando quisesse deter-se sempre no puro significado das palavras; porque, assim, apareceriam aí não apenas diversas contradições, mas graves heresias e mesmo blasfêmias. Posto que seria necessário dar a Deus pés, mãos e olhos e não menos afecções corporais e humanas como ira, de arrependimento, de ódio e mesmo, às vezes, de esquecimento das coisas passadas e de ignorância das futuras. Donde, assim como na Escritura encontram-se muitas proposições, as quais, quanto ao sentido nu das palavras, têm aparência diversa do verdadeiro, mas foram apresentadas deste modo para acomodar-se à incapacidade do vulgo, assim, para aqueles poucos que merecem ser separados da plebe, é necessário que os sábios expositores mostrem os sentidos verdadeiros e acrescentem-lhes as razões particulares por que foram proferidos sob tais palavras.
[...]
"Assentado isto e sendo ademais manifesto que duas verdades não podem nunca contradizer-se, é ofício dos sábios expositores afadigar-se para encontrar os sentidos verdadeiros das passagens sagradas concordantes com aquelas conclusões naturais, das quais, primeiro o sentido manifesto ou as demonstrações necessárias nos tiver tornado certos e seguros".

Carta a Dom Benedetto Castelli IN: GALILEU Galilei. Ciência e fé: Cartas de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. São Paulo: Editora UNESP, 2009, p. 18 e 20.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A morte de crianças

Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos.
I Samuel 15:3
 A morte de crianças sempre comove o coração humano. A própria Bíblia deixa claro isto ao mostrar que as crianças israelitas masculinas eram lançadas no rio para que sua população não crescesse mais (Êxodo 1:22). Ninguém se esquece do assassinato das crianças no nascimento de Jesus, ordenado por Herodes, para que o recém-nascido rei dos judeus fosse eliminado ainda bebê (Mateus 2:16).

Quantas mães não ficam com o coração apertado quando ouvem a declaração de Salomão "Dividi em duas partes o menino vivo; e dai metade a uma, e metade a outra"? Com certeza muitas. Quantos pais não ficam revoltados com a tolice de Jefté (Juízes 11:30-31 e 34-35) ao oferecer um sacrifício que Deus não exigia, sendo obrigado por sua consciência a sacrificar a própria filha? Quantas pessoas ainda não compreendem como Abraão pode entregar seu filho ao sacrifício (veja mais em Isaque)?

Apesar desses textos serem dolorosos e usados por muitos descrentes para desmerecerem a Palavra de Deus, todos são bem explicados ao se contextualizá-los.

Casos mais difíceis de se explicar são os extermínios divinos, aonde tanto adultos como crianças eram exterminados. Casos clássicos sobre isso são o do dilúvio e a destruição de Sodoma e Gomorra. Mas por que crianças inocentes eram destruídas juntamente com seus pais ímpios?

A Bíblia declara claramente que o justo não cairá na mesma condenação que o ímpio (Gênesis 18:23-33; Êxodo 23:7; Deuteronômio 24:16), todos morreram pelo seu próprio pecado. Mas teria uma criança de colo algum pecado? Infelizmente sim. Salmos 51:5, Davi declara que "Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe". Também vemos em Romanos 3:10 e 11 que "não há um justo, nem um sequer".

Nós nascemos pecadores. Nascer não nos torna dignos da eternidade. Mas Deus é conhecido como Deus da misericórdia, então, por que Ele não agiu misericordiosamente com essas crianças? A misericórdia é aplicada referente ao arrependimento. Mas que arrependimento uma criança pode ter? Claro que ela não tem a mesma noção de arrependimento que os adultos, mas ela pode aprender e aceitar o amor de Deus através do amor dos pais e desde o ventre.

Isto mesmo, o amor dos pais já ensina as crianças desde pequenas sobre o amor de Deus para conosco. Infelizmente, quando não há quem pregue este amor, ou seja, os pais só ensinam o mal, não há como a criança aprender sobre o amor de Deus, que é o maior mandamento que temos a obdecer:
Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?
Romanos 10:14
Desta forma, o destino dos filhos está vinculado com o dos pais assim como o da Terra estava vinculado com o do homem. É um vínculo genético e de ensinamento. Se os dois falharem, claramente a salvação estará longe da criança.

Para que Deus enviasse um castigo tão grande que tivesse que destruir o mundo, cidades e nações inteiras, incluindo crianças de colo e ainda em gestação, era porque a iniquidade no local atingira tais níveis que não haveria salvação nem para essas crianças.
E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.
Gênesis 6:5
A verdade é que este julgamento só pertence a Deus, e eu creio em sua justiça. Tais aplicações só pertencem a Ele, o qual sabe o fim desde o início. Repito, só a Ele. Veja o texto abaixo:
Tu, pois, levanta-te, e vai para tua casa; entrando os teus pés na cidade, o menino morrerá.
E todo o Israel o pranteará, e o sepultará; porque de Jeroboão só este entrará em sepultura, porquanto se achou nele coisa boa para com o SENHOR Deus de Israel em casa de Jeroboão.

I Reis 14:12 e 13
Veja que uma criança, e apenas uma, não todas, Deus encontrou algo de bom. Ela teve um tratamento diferenciado por isso. Outra lição importante que aprendemos desse texto é que Deus não trata a morte como nós tratamos. Até em meio a morte a respeito e os tipos de morte contam. Motivos para se morrer também. Mas isto é assunto para outra postagem.

Por agora fiquemos com a pergunta: será que encontraremos o filho de Jeroboão, um rei infiel de Israel, quando Jesus vier nos buscar?