sexta-feira, 25 de junho de 2010

[Dn 9] A profecia (parte 4)


...e selar a visão e a profecia... (v. 24)
Como já explicado aqui, a visão refere-se a do capítulo 8 de Daniel e a profecia é esta que estamos estudando.

A confirmação dos acontecimentos a seguir dariam garantia que tudo seria fiel e fidedigno. É uma prova que Deus está no comando.

Prossigamos:
...e para ungir o Santíssimo. (fim do verso 24)
Ungir o Santíssimo se refere à unção do santuário para o início do ministério. Esta ministração no santuário terrestre está descrita em Levítico 8:10 e 11. Deste momento em diante os santuários terrestres tiveram o seu início. Agora há um outro santuário que precisaria ser ungido, pois seu serviço não seria começado antes de seu sumo sacerdote ser ungido, e o mesmo ungir este santuário. O santuário celestial:
Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade,
Ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem.
Hebreus 8:1 e 2
O livro de Hebreus mostra claramente que Jesus é este sumo sacerdote ungido (veja Lucas 4:18 e 19; Hebreus 1:9 e João 5:25 e 26) para iniciar seu trabalho no santuário celestial, superior ao nosso.

Suma de Daniel 9:24

Gabriel deixa claro que no tempo dado para seu povo, Cristo, o prometido, viria e se confirmaria nele as promessas indicadas acima. É um verso cristocêntrico. Nestas setenta semanas tudo isto se realizaria como o novo testamento testifica que já aconteceu.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

[Dn 9] A profecia (parte 3)

... e trazer a justiça eterna (v. 24)
Acredito que a Bíblia também esclarece a si própria neste aspecto. Quando teria vindo a justiça eterna?
Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.
Mas João opunha-se-lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?
Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele o permitiu.
Mateus 3:13-15

Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego.
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.
Romanos 1:16 e 17

Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas;
Romanos 3:21

Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.
Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.
Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos.
Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça;
Para que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor.
Romanos 5:17-21

Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê.
Romanos 10:4

Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção.
I Coríntios 1:30

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.
Isaías 9:6

Assim também Cristo não se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, Hoje te gerei.
Como também diz, noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque.
O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia.
Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu.
E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem;
Chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque.
Hebreus 5:5-10

Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou;
A quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz;
Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre.
Hebreus 7:1-3
Acredito que ficou claro quem é a justiça eterna, né?

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Êxodo 20:5-6, parte 2: Bem X Mal

O teu coração não inveje os pecadores; antes permanece no temor do SENHOR todo dia.
Porque certamente acabará bem; não será malograda a tua esperança.
Provérbios 23:17 e 18
Não é difícil acharmos tentadora a ideia de que o mal é mais forte que o bem. Com certeza todos nós já vimos o malvado sair triunfante de uma adversidade. Maior exemplo disso é no esporte. Aquele que simulou um penalti, fez um gol de mão, acertou covardemente um adversário e saiu impune, etc.

Mas não é só no esporte que temos essa sensação. No meio acadêmico, profissional e até nos relacionamentos, muitas pessoas só conseguiram adquirir o almejado através de trapaças e mentiras.

Tudo isto acaba fazendo que por vezes nós desejemos praticar o mal. Parece que todos que escolhem usar suas ferramentas tornam-se soberanos e que os que praticam o bem sempre são as vítimas.

Mas, segundo a Bíblia, o mal não é soberano sobre o bem. Uma das provas disto é o texto base destas segunda parte desta reflexão: Êxodo 20:5 e 6.

Na 1ª parte vimos uma visão comum dos teólogos a respeito do texto, mas agora gostaria de levá-los a um pensamento que há algumas semanas que me surgiu.

Uma das claras oposições do verso é entre a iniquidade e a obediência. Iniquidade, que é o viver sem equidade, ou seja, desobedecendo a lei (veja mais aqui) e a guarda de suas leis. Uma luta entre bem e mal.

Nestes versos, vemos que a palavra geração é utilizada como marco de tempo para em que Deus perseguiria o mal. Ou seja, o mal não duraria para sempre. Já em oposição a isto, o tempo de proteção é vasto.

Só uma pequena conta para entendermos esta imagem bíblica. O tempo de uma geração atualmente é muito variado, por isso mostrarei direto o tempo que muitos aplicam a uma geração bíblica, segundo o texto de Números 32:13, é de 40 anos.

Se consideramos este número de anos (40), iremos esperar que Deus perseguiria o mal nos filhos das pessoas por cerca de 160 anos. Contrapondo esta ação, Deus protege o bem feito por 40.000 anos. Imenso, não?

Só para se ter ideia, os textos bíblicos não permitem uma interpetação maior que 10.000 anos para a idade da Terra, segundo alguns escritores. Vejam que o bem seria protegido até nossa existência nos Céus.

Claro que isto é só um calculo para termos noção do que Deus quer nos dizer, afinal, não creio que a contagem seja literal destas gerações. Aonde quero chegar com este raciocínio? O Bem pode parecer mais fraco, mas ele dura para sempre:
Por que te glorias na maldade, ó homem poderoso? Pois a bondade de Deus dura para sempre.
Salmo 52:1
Lembrando que toda bondade é bondade de Deus (Efésios 4:8 e 9; Filipenses 2:13; Gálatas 5:22 e 23).

Ainda não entendeu o que há de novo? Olhe... o Bem é eterno. O bem que fazemos, o verdadeiro bem, que fazemos com o coração verdadeiramente motivado por bons motivos, este é eterno.

Mesmo que eu ou você não nos salvemos (isto só acontecerá se não aceitarmos o sacrifício de Cristo), o bem que fizemos até hoje permanecerá na memória das pessoas que ajudamos.

Um salvo nunca vai esquecer o rosto de quem lhe deu estudo bíblico, ou que lhe deu comida num momento de fome, ou lhe vestiu no frio, deu carinho na carência, amor na amargura...

O Bem dura para sempre, ele é mais poderoso que o mal. Suas obras são eternas. Já o mal, esse se findará (Apocalipse 20:14; 21:4 e 8).
Por isso a insistência de Paulo para que procuremos o Bem. Finalizo com estes versos:
O amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem.
A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens.
Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.
Romanos 12:9, 17 e 21

sexta-feira, 11 de junho de 2010

[Dn 9] A profecia (parte 2)

Para parte 1, clique aqui.
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Continuação do verso 24:
para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade...
Antes de entendermos estes versos é bom sabermos que transgressão, pecado e iniquidade (o último vem do grego anomia) são sinônimos, afinal, todas estas palavras significam a quebra/desobediência perante a lei. Veja que I João 3:4 já deixa as palavras "iniquidade" e "pecado" como sinônimas.

Muitas pessoas aplicam a interpretação destes versos para o extermínio final do mal (Apocalipse 20), onde não haveria mais possibilidade para o mal, segundo esses. Mas a Bíblia não sustenta esse pensamento. Vejamos alguns textos neotestamentários que indicam a mais claramente o cumprimento destes versos:
Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este pensamento, que aquele que padeceu na carnecessou do pecado;
Para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus.
I Pedro 4:1 e 2

Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.

Hebreus 9:26

O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.
Tito 2:14

Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo...
Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus,
Daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés.
Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados.
Hebreus 2:17 e 10:12-14

Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.
I Pedro 2:24
Fica claro o cumprimento desta profecia sendo prescrito em Cristo. Os textos em vermelho sangue mostram a intenção do cumprimento da profecia em Cristo. Os negritados mostram as palavras chaves da profecia e os em preto mostram que a profecia já se cumpriu em Cristo (verbos no passado). Estes são só alguns textos trazidos na intenção de esclarecer, mas a diversos outros. Uma pesquisa com as palavras chaves da profecia confirmará isto.

Qualquer dúvida deixe um comentário e procurarei tirá-la.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Êxodo 20:5-6, parte 1: A herança genética

porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.
Êxodo 20:5 e 6
Há um grande consenso entre exegetas de diversas religiões ao interpretarem estes versos visando a hereditariedade humana.

Eles costumam dizer que Deus persegue os traços maus herdados de nossos ascendentes, inclusive doenças e erros de caráter. Mas os bons bons também seriam consideradas geneticamente, como visto no verso, e por muito mais tempo.

Interessante que este não é o único verso bíblico que trata sobre a descendência, ou seja, dos filhos e da certeza de sucesso dos mesmos.

Mas qual seria a importância dos filhos nos diversos contextos de nossa história humana?

Bem, desde sempre o homem reconhece nos filhos os seus traços e de sua parceira, e vice-versa. Essa herança genética traz o conforto de perpetuar seu próprio ser na história da humanidade. Isto fica nítido ao passarmos pelas bênçãos e maldições proferidas na Bíblia, sempre envolvendo a genealogia futura dos homens.

Ao meu ver, esta promessa nos alivia por diversos motivos. Um deles é o próprio desejo de mantermo-nos eternos de algum modo. Outro seria o de ver seus erros serem concertados nos filhos. Até hoje queremos que nossos filhos sejam melhores do que fomos e façam o que não conseguimos fazer, não é mesmo?

Mas o mais maravilhoso é o saber que meu filho, fruto do amor entre eu e minha amada, trará o melhor de nós dois. Imaginem o que é amar um ser, caso eu me ame e ame minha esposa. Seria um amor inigualável, não é mesmo? Ao menos deveria ser assim.

Mas não é só no positivo que os filhos puxam os pais. Veja o final triunfal de Brás Cubas, na obra tão conhecida de Machado de Assis:
E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: -- Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.
Infelizmente, notamos que muitas pessoas pensam exatamente assim sobre a sua descendência. Mas, mais que claro fica que essa noção de descendência é uma forma de perpetuidade dada a um pedacinho de nossos genes.

Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim.
Eclesiastes 3:11 (ARA)

[Dn 9] A profecia

Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo.
Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos.
E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações.
E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador.
Daniel 9: 24-27
Como já ficou claro (veja as outras partes aqui, aqui e aqui), o anjo Gabriel veio para responder a oração, dar o entendimento da visão e trazer a profecia. Nestes versos descritos acima está a profecia que responderia a oração de Daniel a respeito de seu povo e iniciaria a contagem da visão de Daniel 8. Vamos começar sua interpretação:

v. 24
Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade
Aqui está a resposta a oração de Daniel. Seu povo retornaria a sua cidade, realizando assim seu desejo. Ele teria setenta semanas para trabalhar com seu povo. Mas seriam estas semanas literais?

Segundo a linguagem profética, um dia é igual a um ano (veja Números 14:34 e Ezequiel 4:6). O próprio Daniel havia calculado isto neste mesmo capítulo 9 de seu livro, pois fora através deste cálculo que perceberá a possibilidade de seu povo sair do cativeiro.

Mas, como já visto, a continuação dos pecados de seu povo continuará, por isso a insistência na oração. Daí a resposta "setenta semanas estão determinadas sobre teu povo...".

No cálculo, as 70 semanas dão exatamente 490 dias. Passando isto para a linguagem profética seriam exatos 490 anos que o povo de Daniel teria para se preparar para... Bem, já já descobriremos.

Outro ponto importante que gostaria de destacar antes de irmos para a próxima parte é sobre a palavra "determinada". No original a palavra é neḥtak, que pode significar cortado, amputado, decretado, estipulado, determinado, decidido, regulamentado, dilacerado, ferido, etc.

Vê-se claramente a questão do ser posto a parte, ou até mesmo retirado de algum lugar. De onde seria cortado ou separado? Da profecia anterior, ou melhor, do tempo descrito na profecia anterior. Qual tempo? No verso 14 de Daniel 8 lemos sobre às 2.300 tardes e manhãs, que segundo Gênesis, uma tarde e manhã corresponde à um dia, e um dia em profecia corresponde a um ano. Portanto, não é difícil imaginar 490 anos serem tirados de 2.300, não é mesmo?

Mais uma clara ligação de Daniel 8 com o capítulo 9.