terça-feira, 13 de outubro de 2009

o Amor grego.

Estas palavras não são de forma alguma de minha autoria. Infelizmente, em meio a bagunça das anotações universitárias, não consegui restabelecer a fonte.

O autor é um Professor doutor que veio de Israel para fazer uma semana de palestras na Universidade de São Paulo. Ele é especializado em filosofia grega e hebraica da antiguidade. A descrição abaixo são minhas impressões de uma de suas palestras.

O amor é uma palavra que pode adquirir vários sentidos para as culturas ocidentais atuais. Tanto no Brasil quanto nos EUA o vocábulo é utilizado das maneiras mais banais possíveis. Pode ser chamado de amor tanto um sentimento forte e imensurável dedicado a uma pessoa quanto o prazer de comer certo alimento, vestir certa roupa ou até o gosto por certo tipo de música.

Mas entre os gregos, as palavras que traduzimos por amor tem três vocábulos distintos: eros, fileo e agape.


Fileo é o amor mais comum. Ele é o sentimento existente numa relação de troca. Isso mesmo, "troca". No fileo o sentimento existe no interesse nos benefícios que o objeto do amor pode lhe dar, tendo consciência das devidas responsabilidades que devem ser cumpridas para com esse objeto. Esse é o amor dos relacionamentos mais comuns. Claros exemplos desse tipo de amor são os casamentos, as amizades e os relacionamentos familiares como um todo (pai, filho, tio, vô, etc). Os relacionamentos entre sócios também são desse tipo de amor. Deste vocábulo que vem a palavra filiação, tão usada para indicar as fiiliaisdas empresas.

Eros é o mais valorizado de todos os sentimentos entre os gregos. O eros é forte, é inconfundível, é incontrolável. Ele é o amor do desejo, da possessão. A idéia principal trazida por esse amor não é a da troca, mas do possuir. Esse amor pode ser motivado pela beleza, inteligência, sabedoria, riqueza, etc. Não há o sentimento de troca por causa do reconhecimento da excelência da outra pessoa em comparação a si mesmo. Mas mesmo assim o quer. É um sentimento egoísta e incontrolável.

Agora, o mais inferiorizado e menos utilizado desses sentimentos é o agape. O agape é um sentimento difícil de descrever, e por isso os gregos não o utilizavam muito. Só o utilizavam quando não conseguiam explicar o motivo de um sentimento. O objeto do agape não tem méritos, não tem o que outros o invejar, não é famoso, bonito, ou possuidor de algo invejável. Não há como obter alguma troca ou ter algum interesse  quando se tem esse amor. É um sentimento incompreensível.

Você deve ter percebido que o agape não é muito comum, não é mesmo? Não podemos culpar os gregos por deixá-lo de lado, ou usá-lo simplesmente para descrever o incompreensível. Mas foi, incrivelmente, está palavra, tão desprezada pelos gregos, a escolhida para representar o sentimento máximo da humanidade.

O Novo Testamento utiliza o agape para descrever o amor de Deus para conosco, mas esta ideia já existia a muito tempo na cultura hebreia (Dt 7:7, 8). Este amor incondicional (sem explicações) é definido como o próprio Deus (I João 4:8). É este o amor de I Corintios 13. É ele o motivador da salvação da humanidade (João 3:16).

Aprendamos mais e mais sobre esse amor, tão iniqualável, para que possamos cada dia sermos mais semelhantes a Cristo.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O que é Fé, afinal?

"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem."
Hebreus 11:1

O paradoxo acima não é acidental. Muitas vezes na literatura encontramos paradoxos que demonstram a complexidade do assunto em questão. O mais conhecido na literatura Portuguesa é o "Amor é um fogo que arde sem se ver" atribuido a Luís Camões.

Fé é certeza (firme fundamento) que algo que ainda não aconteceu, vai acontecer. É a comprovação, o testemunho de tudo que não pode ser tocado ou visto por nós. Ficou claro? Acho que não muito, né?

Para complicar ainda mais, fé não é o mesmo que crer, apesar de ser essencial se crer para ter fé:
"Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o crêem, e estremecem."
Tiago 2:19

Para tentar esclarecer mais, vou lhes exemplificar com uma ilustração:
"No século XIX, na França, havia um malabarista incrível. Ele era tão ousado e tão confiante que amarrou um cabo de aço atravessando uma rua muito movimentada e ficava atravessando o cabo exibindo-se a todos que passavam. Seus números eram extremamente variados. Todos admiravam sua habilidade, até que um dia, o malabarista apareceu com um carrinho de mão e começou a passar de um lado para o outro com o mesmo. O povo vibrava com a facilidade que o homem passava de um lado a outro, sem nem imaginar que este não era o número principal. O malabarista volta-se para eles e pergunta: "Vocês acreditam que eu posso passar com esse carrinho de um lado para o outro com uma pessoa". O povo, conhecendo a habilidade do homem confessou: "Sim, Cremos". Então o homem fez-lhes outra pergunta: "Quem, então, vem aqui em cima para que eu carregue no carrinho de um lado para o outro". Silêncio total."
Essa pequena história ilustra o que é a fé um pouco mais claramente. Não é simplesmente acreditar que algo possa ser feito, mas por acreditar, tomar atitudes pela certeza que aquilo vai acontecer. A outra parte que é essencial a fé é as obras:

"Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma."

Tiago 2:17

Mesmo que a fé faça coisas que baseada em promessas que ainda não aconteceram, e se confirme em coisas invisíveis, ela não nasce do nada, ou brota do nada. Toda a fé nasce de uma confiança adquirida de experiências anteriores confirmadas:

"A esperança adiada desfalece o coração, mas o desejo atendido é árvore de vida."

Provérbios 13:12

Disto nasce a fé no motorista de ônibus, no jornal que lemos, no professor que nos ensina, no médico que nos atende, etc.

A fé no Deus bíblico nasce de diversas formas, assim como cresce. Mas a própria Bíblia mostra como se dá o desenvolvimento da mesma:

"De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus."

Romanos 10:17
"Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam."
Romanos 11:6

Espero que agora, quando se falar em fé (seja em qualquer pessoa, deidade ou coisa) esteja bem claro em nossa mente do que se trata.

"Mas o justo viverá da fé; E, se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele."
Hebreus 10:38

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Fama!


Todos nós recebemos cada dia mais e mais informações a respeito de qual é a maneira certa de se viver a vida.

Nesta era da informação, os discursos religiosos e moralistas se juntam ao cientificismo e se espalha pelo mundo por todas as formas de mídia.

Hoje em dia sabemos em quantas coisas somos falhos. Temos certeza de quanto nossos pais falharam. De como erramos ao tratar de certa forma uma situação. Falhas, erros, e culpas rodeiam nossa vida.

Este vazio provocado pela falta de perfeição de nossas vidas e das diversas frustrações e impotências, dos traumas incuráveis e, talvez principalmente, do sentido de ser só mais um (ou mais nenhum) vagando pelo mundo, acaba nos levando a desejar uma compensação.

Daí vem a "Fama"! O desejo de ser reconhecido. Do de ser destaque. A necessidade de ser alguém, de ser ouvido.

A fama atinge todas as pessoas, em todos os lugares e de todos os meios. Todos querem receber destaque ou de um grupo, de uma cidade, e, muitas vezes, até do mundo.

Afinal, para que ser o melhor cantor, se ninguém ouve? Ser o melhor esportista, se ninguém sabe? Escrever no melhor blog, se ninguém lê? Salvar uma pessoa, se ninguém aplaude?

Mesmo os que conseguem levar a vida de modo mais humilde, sem se importar, dificilmente gostam de perder a pouca fama que um dia experimentam. Afinal, ela é um vício.

A dualidade de nosso ser, de se ter uma vida perfeita (ideal e modesta) para os padrões humanos e ser um ser de destaque na sociedade a que pertence, seja pelas qualidades ou pela loucura [falem mal, ou falem bem, mas falem de mim.], vivem em confronto. A impossibilidade de viver uma fortalece a outra. Talvez até perdoe a outra.

Mas a realidade é ainda mais cruel. Mesmo quando a fama é alcançada, ela não cobre o vázio. Ocupa o ser, mas não o preenche. Como ocupa, o drogado pede uma dose maior de seu vício para preencher o vázio, até atingir o topo do mundo. Quando se chega lá, só se vê que o vázio continua. Talvez seja por isso que muitos acabam partindo para as drogas químicas.

Dou graças a Deus que ele entende esse nosso problema. Por isso que Ele nos quer lembrar da nossa pequeneza, independente de nossa fama pelo mundo. Isto nos faz lutar por outros ideais, inalcançáveis [sem a graça] também, mas, mesmo assim, com certeza de aceitação.

"A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda." Provérbios 16:18